Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Por que gostamos de nos precipitar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Pode ligar em qualquer mesa redonda (tá bom, lives), sentar em qualquer mesa de boteco (ah, saudade), entrar em qualquer grupo de zap (pra quem ainda aguenta): a precipitação abunda. Quando o assunto é esporte, há pouca hora nessa calma.
Primeiro jogo com o time titular da temporada, contra o Bangu: Flamengo vai atropelar seus adversários? Alemanha perde da Macedônia, com um gol aos 39 do segundo tempo: não vai para a Copa? Uma corrida disputada na Fórmula 1 este ano: Verstappen é melhor que Hamilton?
Definições são rápidas, vaticínios certeiros, maldições inevitáveis. Vai cair, não tem jeito. Péssimo treinador, não dura dois meses. Artilheiro da temporada, sem dúvida. Previsões que duram uma semana, às vezes menos.
Que bom. Chato seria se as conversas fossem todas ponderadas por estatísticas e cuidadosos "vamos ver o que acontece nos seis primeiros meses de trabalho". Não só porque esta não é a realidade do Brasil, em que tudo muda a toda hora sempre, mas também porque tornaria dispensáveis debates instigantes (ainda que talvez inúteis).
Péra, mas é indispensável ou inútil? Ambos. O esporte não é nada sem sua imprevisibilidade. O melhor elenco, o melhor carro, a melhor corredora, todos podem capotar na última curva e não levar o título esperado. É o que dá graça à bagaça.
Logo, gastar horas infinitas, milhares de páginas, tuítes, posts, podcasts, programas inteiros especulando o futuro é um exercício de puro entretenimento. E está tudo bem.
A gente estuda para falar de esporte, óbvio. Buscamos fatos, dados, números, bastidores, tudo que possa embasar e dar sustentação ao que, no final das contas, é pitaco. Amanhã, o fulano estoura o joelho, a sicrana vai embora para a Europa, uma equipe erra na estratégia de pneus, e voltamos todos à estaca zero. Ainda bem.
Se não pudermos nos afobar em paz, melhor mudarmos de assunto. Mitocôndrias? Teoria dos sistemas dinâmicos? Campos gravitacionais? Reversibilidade das células-tronco? Vou abrir minha cerveja e a gente conversa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.