Lance Armstrong perde títulos da Volta da França e é banido do ciclismo por doping

A Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada) confirmou nesta sexta-feira que o ciclista Lance Armstrong perderá todos os títulos obtidos por ele desde 1998, entre eles todos os sete troféus da Volta da França, e está oficialmente banido do esporte por doping. A entidade tomou a decisão após o atleta norte-americano revelar que não iria mais se defender das acusações de utilização de substâncias ilegais que existem contra ele.

Armstrong tinha até a noite da última quinta-feira, 23 de agosto, para ainda contestar as acusações de doping feitas contra ele baseadas em provas e testemunhos. Entretanto, conhecendo todas as evidências e ciente de todas as consequências, o ciclista optou por desistir de sua defesa. Segundo as provas, Armstrong utiliza doping desde 1º de agosto de 1998 e participou de um grande esquema para acobertar as violações. Com a desistência final do americano, a Usada tem o direito de cassar todos os seus resultados desde aquela data e suspendê-lo para sempre das competições.

“É uma dia triste para todos os que amam o esporte e para os nossos heróis esportivos. Este é um exemplo doloroso de como a cultura de vencer a todo custo no esporte, se não for reprimida, superará a competição leal, segura e honesta. Para os atletas limpos, esta será uma lembrança reconfortante de que há esperança para as gerações futuras de competição em igualdade de condições sem o uso de substâncias proibidas”, anunciou Travis Tygart, diretor-executivo da Usada.

Na última quinta-feira, Armstrong utilizou sua conta no Twitter para comunicar que não se defenderia das acusações de doping. O norte-americano é acusado de usar EPO, esteroides e transfusões de sangue para melhor seu rendimento esportivo. Segundo a Usada, diversas testemunhas dizem ter visto Armstrong utilizar as drogas ou ouvido o próprio ciclista assumir as violações. Ainda de acordo com a entidade, o americano teria até mesmo encorajado outros atletas a se doparem.

“Hoje viro a página. Não vou insistir neste tema, apesar das circunstâncias. Chega um momento na vida de cada homem que você tem que dizer ‘é o suficiente’. Para mim, este momento é agora”, escreveu.

Essa não é a primeira acusação de doping enfrentada pelo ciclista. Em 2005, o jornal francês L´Équipe publicou uma matéria afirmando que análises feitas em amostras congeladas da urina do atleta durante a prova de 1999 testaram positivo para a substância EPO. A denúncia gerou polêmica, mas o norte-americano foi absolvido.

Novas denúncias surgiram em 2011, quando dois membros que faziam parte da equipe de Armstrong afirmaram que o ex-companheiro se dopou em quase todas as suas conquistas. Já a acusação da Usada apareceu em junho de 2012 e considerou análises de sangue de 2009 e 2010.

Por isso, na visão da Usada, a opção de Armstrong em não se defender por considerar que as acusações são “injustas e uma caça às bruxas anticonstitucional” soou com uma admissão de culpa por parte do ciclista.

Armstrong e seus advogados rebatem e contestam o poder da agência para tirar os títulos da Volta da França do norte-americano.

“A agência antidoping não pode controlar um esporte profissional e tentar tirar de mim sete Voltas da França. Eu sei como ganhei esse sete Tours, meus companheiros sabem e todos os ciclistas com os quais competi também sabem”, se defendeu o norte-americano.

A UCI (sigla em inglês, União Internacional de Ciclismo) é um órgão ainda a ser ouvido sobre o caso e reconheceu o poder da Usada.

“A UCI reconhece que a Usada está dizendo que irá tirar do senhor Armstrong todos os resultados desde 1998 e impor ainda uma proibição de participação dele em qualquer esporte reconhecido pela Agência Mundial Antidoping”, informou.

Ainda de acordo com a entidade, como a Usada reivindicou uma jurisprudência sobre o caso, a UCI espera uma decisão fundamentada que deve ser submetida as três partes interessadas (Armstrong, a Wada e a UCI).

John Farey, presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), se manifestou e também lamentou a decisão de Armstrong em não comparecer à justiça.

"Gostaria que as acusações, as insinuações, os boatos que existem há alguns anos fossem examinados por um tribunal público dentro de um verdadeiro procedimento, independente do resultado, para que o mundo inteiro conhecesse os fatos", declarou.

Armstrong é considerado um dos maiores ciclistas da história. O heptacampeonato da Volta da França (1999-2005) é um dos principais feitos da sua carreira, principalmente porque ocorreu logo após se recuperar de um câncer. Em 1996, o ciclista norte-americano se afastou do esporte para tratar de um câncer no testículo. Curado, o ciclista fundou a 'Lance Armstrong Foundation' para auxiliar vítimas da doença.

*Com agências internacionais, atualizada às 13h28