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Nivalter Santos busca medalha no Mundial para acabar com precariedade

Rubens Lisboa<br/> Em São Paulo

12/08/2009 07h00

Em condições adversas, o brasileiro Nivalter Santos de Jesus, de 21 anos, busca uma medalha no Mundial de Canoagem de Velocidade em Lago Banook, no Canadá, a partir desta quinta-feira na tentativa de mudar a situação precária em que se encontra o seu esporte no Brasil.

Divulgação
Nivalter sonha com a primeira medalha brasileira em um Mundial de Canoagem
Atletas de caiaque
- Ana Paula Vergutz (K1 500m, K1 1000m, K4 200m e K4 500m); Ariela César Pinto (K4 200m e K4 500m); Bruna Chicato Gama (K4 200m e K4 500m); Edson Isaías Freitas Silva (K1 200m e K2 500m); Gilvan Bitencourt Ribeiro (K1 1000m); Givago Bitencourt Ribeiro (K2 200m e K2 500m); Naaiane Fragoso Pereira (K4 200 e K4 500m); Roberto Maehler (K2 200m) e Sebastião Valdir dos Santos Abreu (K1 200m)

Atletas de canoa
Camila da Conceição Lima (C2 200m e C2 500m); Luciana Costa (C1 200m, C1 500m, C2 200m e C2 500m); Nivalter Santos de Jesus (C1 200m e C1 500m); Wladimir Moreno (C1 1000m).
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Nascido em Capela, no interior do Sergipe e residente de São Vicente, no litoral paulista, Nivalter descobriu a canoagem por meio de um amigo que o levou a participar de uma escolinha de canoagem que fazia parte do projeto social Navega São Paulo, organizado por Pedro Sena, atual técnico de Nivalter e da seleção brasileira de canoagem.

Após um tempo afastado do esporte, ele reencontrou o treinador com quem iniciou na canoagem e deu um passo que seria definitivo para a sua permanência nas competições até os dias atuais, quando passou a integrar a seleção brasileira.

"Estava passeando em uma feira e o Pedro (Sena) me chamou para participar de uma seletiva no Rio Grande do Sul para integrar a seleção brasileira e consegui classificar. A partir daí, os resultados só foram melhorando", conta Nivalter Santos.

Os resultados conquistados nos últimos dois anos credenciam o brasileiro a disputar posições no pódio do Mundial desta temporada. Na Copa do Mundo da Hungria, o sergipano conquistou a medalha de ouro nos 200m, um ano após ter levado o bronze nos 500m dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. A primeira bateria de Nivalter ocorre nesta quinta-feira, na prova individual de 500 metros. No dia seguinte, o brasileiro disputa a primeira bateria individual dos 200 metros.

"Nesse Mundial eu tenho muitas chances de subir no pódio. Se acontecer será excepcional não só para mim, mas para a canoagem em geral no Brasil. Nunca conseguimos uma medalha em um Mundial e será importante para termos o esporte crescendo e, consequentemente, o pessoal apoiar mais e dar mais estrutura para a gente", afirma o canoísta.

Único atleta da modalidade a competir por São Vicente, ele se queixa das condições de treino que recebe, como a falta de equipamentos de musculação que são importantes em uma competição em que a força nos braços é fundamental.

"Gosto muito da cidade, apesar de não estarem me ajudando em nada, não darem estrutura. Por ser o único de São Vicente, eles investem muito pouco em mim, ou melhor, não investem nada. Cheguei a pedir apoio e falaram que não tinham condições", reclama Nivalter.

Ao enfrentar adversários europeus, ele sabe que precisa ter uma determinação maior que a dos rivais, devido à falta de apoio e a precariedade nos equipamentos. Em uma das etapas, o canoísta brasileiro e seu técnico precisaram de ajuda da delegação polonesa.

"Quando fui para a Hungria, fiquei de carona viajando com poloneses para buscar resultados. Estava na Polônia e quem levou a gente foi um carro que leva as malas da equipe polonesa. Fui eu e meu treinador com dois motoristas poloneses e as malas, a gente viajou 24 horas de carro, sentados, dormindo de qualquer jeito e comendo comida que não adequada para um atleta. Cheguei na quinta-feira e competi no dia seguinte", conta Nivalter Santos.

O sergipano garante que alheio às dificuldades, consegue se manter focado na competição e é isso o que vem dando resultado nesta temporada. Assim, ele mantém sua preparação visando uma medalha no Mundial ou nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando sua especialidade , os 200m, será uma modalidade olímpica.

"Sempre que acontece mantenho a cabeça, dificilmente uma coisa me abate assim e tira o meu foco. É complicado para mim e os outros brasileiros. O Brasil tem tudo para buscar uma medalha na canoagem em Londres", afirma o brasileiro.