UOL Esporte Basquete

21/09/2006 - 16h59

Brasil vacila no último quarto e vai disputar o bronze no Mundial

Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Depois de comandar o marcador durante quase toda a partida, a seleção brasileira vacilou no último quarto e voltou a ser derrotada pela Austrália, desta vez por 88 a 76, no Mundial de basquete feminino.

A DERROTA BRASILEIRA
Caio Guatelli/FI
Torcida brasileira fez festa mais
uma vez no ginásio do Ibirapuera
EFE
Helen comandou, mas ficou fora no momento da virada da Austrália
EFE
Bem marcada, Iziane não esteve bem nos chutes de longa distância
Caio Guatelli/FI
Janeth mostrou raça, mas também não impediu a reação australiana
PÁGINA DO MUNDIAL FEMININO
O BRASIL MERECEU PERDER?
ÁLBUM DE FOTOS DO MUNDIAL
"São detalhes. Jogamos 35 minutos bem, mas os cinco minutos que jogamos mal nos custaram a vaga na final e a medalha garantida", lamentou o técnico Antônio Carlos Barbosa.

Com isso, as australianas decidirão o ouro, enquanto as donas da casa jogarão pelo bronze no próximo sábado. Na outra semifinal, a Rússia venceu por 75 a 68 e colocou os EUA no caminho do Brasil.

Esta foi a terceira derrota consecutiva do Brasil para as rivais da Oceania em semifinais das mais importantes competições internacionais - já haviam perdido na mesma fase nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 e Atenas-2004. Em 11 confrontos em torneios dessa envergadura, a Austrália tem nove vitórias.

"É cliché, mas perdemos para uma grande equipe, que tem ficado com medalhas em Mundiais e Olimpíadas desde 1998. Não foi nada de anormal", comentou Barbosa, que elogiou a regularidade do time australiano durante a partida.

"Elas não têm altos e baixos durante a partida. Contra a Austrália não pode ter queda de rendimento, é fatal. Elas são constantes desde o primeiro minuto de jogo. É difícil jogar contra um time assim", disse.

A técnica australiana Jan Stirling reconheceu a boa partida das brasileiras, dizendo que isso valorizou ainda mais a vitória de sua equipe. "Não sucumbimos à pressão da torcida. Ficamos firmes mesmo quando estávamos atrás no placar", ressaltou.

"A decepção do Brasil é compreensível. A gente sabe como é difícil jogar um Mundial em casa, a expectativa é muito grande. As brasileiras jogaram muito bem, tornaram a nossa vitória muito difícil, por isso estou orgulhosa do meu time", completou.

A cestinha da partida foi a australiana Penn Taylor, que já havia sido a melhor em quadra na vitória sobre o Brasil pela segunda fase, com 26 pontos. A ala Belinda Snell contribuiu com mais 22 pontos, acertando três arremessos da linha de três.

Pelo Brasil, o destaque foi Iziane, com 16 pontos e duas roubadas. Em tarde apagada e sofrendo com bolhas nos pés, Janeth marcou apenas sete pontos e pegou três rebotes.

O jogo
Como já era esperado, a partida começou bastante equilibrada, com ambas as equipes mostrando nervosismo e cometendo erros em excesso, principalmente a Austrália, que perdeu seis posses de bola só no primeiro quarto.

OS NÚMEROS DA DERROTA
43,8%Dois pontos52,6%
33,3%Três pontos45%
80%Lances livres77,8%
25Rebotes32
11Assistências13
13Erros16
28Pontos - banco6
BrasilEstatísticaAustrália
O Brasil saiu na frente, usando bem a altura e a experiência da pivô Alessandra, e liderou o placar nos primeiros seis minutos. Com Lauren Jackson bem marcada, as australianas dependeram da boa pontaria da ala Penn Taylor para se manterem próximas - ela fez 13 pontos e não errou nenhum arremesso no primeiro período.

A equipe visitante passou à frente na primeira jogada bem sucedida da cestinha Lauren Jackson, que fez 11 a 10. A marcação por zona das australianas desestabilizou momentaneamente o ataque brasileiro, que não conseguia acertar arremessos de fora.

Mas a vantagem da Austrália durou pouco, e Iziane recolocou o Brasil à frente por 17 a 15. Os dois times seguiram trocando cestas até o final do primeiro quarto, que terminou empatado em 21 a 21.

Os primeiros pontos do segundo período foram da seleção australiana, que acertou um chute de três para fazer 24 a 21, aproveitando rebote ofensivo apanhado dentro do garrafão brasileiro.

A ala Micaela entrou bem no lugar de Janeth e empatou devolvendo a bola de três. No ataque seguinte, ela puxou o contra-ataque e sofreu falta antidesportiva de Lauren Jackson, virando novamente o marcador para 25 a 24. O lance incendiou a torcida, até então pouco participativa.

Érika, que substituiu a titular Alessandra, também encontrou espaço para jogar no garrafão e, com duas cestas seguidas, ampliou para 33 a 29. Micaela fez mais uma, e o Brasil abriu seis pontos (35 a 29), a maior diferença do jogo até então.

Mas a equipe da casa voltou a vacilar nos rebotes, e permitiu nova reação das adversárias, que foram para o intervalo perdendo por apenas um ponto (40 a 39).

Na volta dos vestiários, a torcida brasileira se preocupou com a demora de Janeth, que cuidava de bolhas causadas pela bota de esparadrapo usada para proteger seu tornozelo.

Ela chegou a tempo, mas o time brasileiro também demorou a entrar no jogo e viu a equipe rival passar à frente com duas cestas consecutivas (43 a 40). O momento adverso só começou a mudar quando a estrela Lauren Jackson cometeu sua terceira falta e foi para o banco.

Logo em seguida, Penn Taylor também teve que sair por problemas com faltas, abrindo caminho para a reação brasileira. Um arremesso de três pontos perfeito de Iziane pôs o Brasil de novo na frente, por 49 a 46.

Dentro do garrafão, Alessandra e Êga fugiam bem da marcação australiana, preocupada com o excesso de faltas. Embalado, o Brasil aproveitou o bom momento e fechou o terceiro período sete pontos à frente (64 a 57).

Quando tudo parecia indicar uma vitória tranqüila das anfitriãs, deu "branco" no time brasileiro. Com a formação reserva em quadra, o Brasil não soube aproveitar o excesso de faltas das principais jogadoras australianas, que desequilibraram.

Em menos de cinco minutos, a Austrália descontou os sete pontos de desvantagem, passou à frente por 69 a 68 e abriu seis de frente (74 a 68). Um dos destaques do Brasil no jogo, a pivô Alessandra ficou quase todo o último quarto no banco de reservas, enquanto Lauren Jackson deitava e rolava no garrafão brasileiro.

O técnico Barbosa só recolocou Alessandra em quadra quando faltavam pouco mais de dois minutos para o final do jogo, atendendo o pedido incessante da torcida. À essa altura, porém, a Austrália já vencia por 81 a 74. A partir daí, as visitantes apenas administraram essa vantagem para se garantirem na decisão.

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