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  26/06/2005 - 18h00
Calouro, time de Oscar derruba medalhões e é campeão do Nacional

Da Redação
Em São Paulo

Com menos de um ano de vida, o Telemar/Rio de Janeiro já é campeão brasileiro de basquete. Montada pelo ex-jogador Oscar Schmidt em agosto de 2004, a equipe carioca conquistou neste domingo o primeiro título do Nacional masculino em sua história ao derrotar o Unitri/Uberlândia, na casa do adversário, por 106 a 92.

Divulgação/CBB 
Pivô Aylton tenta cesta na partida que deu ao Telemar seu 1º título do Nacional
O resultado definiu a série melhor-de-cinco em 3 a 1 a favor do Telemar, equipe que investiu na montagem do elenco para a competição. Com isso, encerrou a hegemonia construída pelo time mineiro no último ano, quando Uberlândia faturou os títulos nacional e sul-americano.

Em 40 partidas disputadas, o Telemar obteve 35 vitórias e apenas cinco derrotas, ganhando todas as 21 partidas que jogou em casa. Primeira colocada na fase de classificação, a equipe só perdeu um jogo nos playoffs.

Além de derrubar os campeões do ano passado, o "calouro" impediu que os maiores vencedores da história da competição, o técnico Hélio Rubens e seu filho Helinho, ampliassem a sua coleção de títulos. O pai tem nove, enquanto o filho ganhou seis vezes.

Antigo parceiro da família Rubens em cinco conquistas - por Franca e Vasco-, o armador Demétrius foi um dos destaques na campanha do Telemar e igualou o recorde de Helinho. Outro "coroado" com o título é o ala Marcelinho, principal cestinha da competição, que ganhou o Nacional pela primeira vez na carreira.

NASCIDO EM BERÇO DE OURO

Criada em agosto de 2004, a equipe de Oscar Schmidt ocupou a lacuna deixada pelos clubes tradicionais do Rio de Janeiro, que cortaram o investimento no basquete.

Com o apoio financeiro acima dos padrões da modalidade no país, o time contratou jogadores de nome como Marcelinho, Ratto e Demétrius, além do técnico Miguel Ângelo da Luz, campeão mundial com a seleção feminina em 1994.

A estréia oficial foi em setembro de 2004, em uma arena montada na praia de Ipanema, com vitória sobre Campos, então campeão estadual. No mesmo ano, a equipe venceu um torneio amistoso em Brasília e foi campeã invicta do Estadual do Rio. Desde a sua criação, o time jamais perdeu em casa, invencibilidade que já dura 32 partidas (11 no Estadual e 21 no Naiconal).
"A gente mereceu. Jogamos bem durante todo o campeonato, vencemos uma grande equipe final e agora é só comemorar", disse o jogador, grande destaque individual da partida deste domingo, com 34 pontos, nove rebotes, duas assistências e duas bolas roubadas.

Ex-jogador do Fluminense, Marcelinho passou grande parte da carreira no basquete europeu, mas atuando em equipes de menor expressão na Itália e na Espanha.

De volta ao Brasil, porém, ele comprovou a condição de grande cestinha, registrando média de 28,1 por jogo no campeonato. Na série final, Marcelinho subiu essa produção para 36,4 pontos por partida.

"Você corre atrás do título brasileiro durante toda a sua carreira. Muitos grandes jogadores não conseguem esse feito, e eu consegui pela primeira vez. Estou muito feliz", festejou.

Também ganharam o título brasileiro pela primeira vez o experiente armador Ratto, de 36 anos, e o técnico Miguel Ângelo da Luz, campeão mundial com a seleção feminina em 1994. "Pensei que ia encerrar a carreira sem esse título", desabafou o jogador.

"Eu estava indo embora do país, sem oportunidade de trabalho, quando o Oscar me convidou para esse projeto. A gente acreditou no trabalho desde o início. Fizemos uma grande campanha, foi um título merecido", comentou o treinador, que pediu união ao basquete brasileiro, que atravessa momento conturbado.

Insatisfeito com a forma como a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) organiza o campeonato, e principalmente com a divisão do dinheiro arrecadado pelo torneio com os clubes, Oscar liderou um movimento que criou uma liga independente. O presidente da CBB, Gerasime Bozikis, ainda não reconheceu oficialmente a entidade.

Divulgação/CBB 
Pivô Ratto tenta roubar a bola de Helinho; veterano ganhou o Nacional pela 1ª vez
"É um momento importante para o basquete brasileiro. É o momento de unirmos clubes, jogadores e federações para tornar o nosso esporte mais forte", afirmou Luz.

O jogo
Marcado para as 15h30, o início foi adiado devido a uma exigência do dirigente Oscar Schmidt, que ameaçou até não colocar o seu time em quadra.

Preocupado com a segurança por causa de uma confusão ocorrida no final do quarto jogo, ele só autorizou os jogadores a entrarem em quadra depois que a polícia militar garantiu que os torcedores rivais obedecessem a distância regulamentar em relação à quadra.

Precisando da vitória para se manter com chances, Uberlândia aproveitou a energia dos quase três mil torcedores presentes ao ginásio, onde ainda não havia sido derrotado neste Nacional, para começar melhor o jogo. Com boa atuação do norte-americano Alexander Blackwell, os mineiros fizeram 8 a 5.

Ao contrário do que havia acontecido na terceira partida, porém, o time carioca não demorou para reagir em quadra e, após uma bela penetração de Marcelinho, passou à frente (16 a 15). Marcando mal, Uberlândia não conseguia parar o cestinha do campeonato, que garantiu a vitória do Telemar no primeiro quarto por 29 a 27.

DIRIGENTE "CASCA GROSSA"
Responsável pela criação do Telemar, único representante do Rio de Janeiro na elite do basquete brasileiro, o ex-jogador Oscar Schmidt tem se mostrado um dirigente "casca grossa", como dizem os cariocas.

Insatisfeito com a organização do campeonato, especialmente com o repasse da verba arrecadada com patrocinadores e direitos de transmissão pela CBB para os clubes, ele liderou o movimento que culminou com a criação da Nossa Liga de Basquete. Ainda não reconhecida pela CBB, a liga promete organizar o próximo Nacional.

Na decisão do título, Oscar não fugiu ao estilo. Sempre muito agitado, incentivou a equipe, gritou com jogadores, reclamou com o árbitro e se revoltou com as ofensas da torcida mineira aos familiares e integrantes da delegação carioca no terceiro jogo. Na quarta partida, ameaçou não colocar o time em quadra se o regulamento não fosse cumprido à risca.
Marcelinho continuou desequilibrando no segundo período, e a equipe visitante disparou no placar. Desatento, o time da casa viu o ala entrar livre no garrafão e enterrar para fazer 55 a 40. Uberlândia ainda descontou, mas foi para o intervalo perdendo por 11 pontos (57 a 46).

A bronca do técnico Hélio Rubens no vestiário surtiu efeito, e a equipe mineira voltou mais acesa para o terceiro período. Marcando de forma mais agressiva, começou a se aproximar no marcador, graças principalmente à grande atuação ofensiva do veterano Rogério (cestinha do time na partida com 25 pontos).

Uberlândia chegou a estar perdendo por apenas dois pontos (74 a 72), mas o norte-americano Strand fez uma cesta de muito longe no último segundo do período e jogou um balde de água fria na reação mineira.

Sem resposta para as atuações inspiradas de Marcelinho e Demétrius - o armador conseguiu 15 pontos e 13 assistências -, os comandados por Hélio Rubens nada puderam fazer para virar o placar no último quarto. O Telemar continuou abrindo vantagem e, nos últmos três minutos, apenas administrou a vantagem que lhe garantiu o título.

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