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Mavericks confirmam boicote de jogo da NBA; playoffs devem seguir, diz TV

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 13h08

O Dallas Mavericks, que jogaria hoje à noite (22h, no horário de Brasília) contra o Los Angeles Clippers pelos playoffs da NBA, a liga de basquete masculino dos Estados Unidos, confirmou hoje o boicote dos atletas e a consequente não-realização da partida.

Mais cedo, o jornalista norte-americano Adrian Wojnarowski, da ESPN local, disse que os jogadores da NBA decidiram retomar os playoffs da competição, mas que as partidas de hoje não serão realizadas.

Jogadores de seis franquias — Milwaukee Bucks, Orlando Magic, Oklahoma City Thunder, Houston Rockets, Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers — decidiram ontem por boicotar os jogos previstos para ocorrer no dia pelos playoffs da NBA.

O boicote é um protesto dos atletas contra a violência policial e o racismo sistêmico contra pessoas negras nos Estados Unidos após Jacob Blake ser baleado sete vezes por um policial branco no último domingo (23) na cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin.

Franquia dos jogadores que deram o pontapé inicial a onda de boicote, o Milwaukee Bucks está sediado em Wisconsin.

Atletas dos Bucks não apareceram na quadra da AdventHelth Arena para o aquecimento da partida contra o Orlando Magic, que estava prevista para as 17h (horário de Brasília) de ontem. Jogadores da equipe rival chegaram a subir para a arena, mas desceram novamente para o vestiário em sinal de apoio.

Logo após o boicote dos Bucks e do Magic, foi a vez da partida entre Houston Rockets e Oklahoma City Thunder (prevista para as 19h30) e Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers (22h) serem boicotadas pelos atletas.

Jogadores de diversas franquias da NBA usaram suas redes sociais para endossar o boicote. LeBron James, astro dos Lakers e conhecido por seu ativismo antirracista, disse: "F*** isso. Exigimos mudanças. Cansado disso" em um tuíte.

JR Smith, companheiro de LeBron nos Lakers, foi ainda mais direto em um sStories em seu perfil no Instagram: "Você não quer nos ouvir. Bem, agora você não pode nos assistir", disse.

Sterling Brown e George Hill, jogadores do Milwaukee Bucks, leem manifesto após boicotar partida dos playoffs da NBA - Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images - Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images
Sterling Brown e George Hill, jogadores do Milwaukee Bucks, leem manifesto após boicotar partida dos playoffs da NBA
Imagem: Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images

Partidas de hoje

Além da partida entre Mavericks vs. Clippers, mais dois jogos estão programados para serem realizados hoje, sendo eles:

  • Utah Jazz vs. Denver Nuggets (17h)
  • Toronto Raptors vs. Boston Celtics (19h30)

Até o momento, nenhum dos clubes acima citados, nem o Clippers e nem a NBA se posicionaram sobre a realização ou não das partidas. Os jogadores do Toronto Raptors foram os primeiros da liga a cogitarem o boicote em protesto pela violência policial.

Onda de protestos

Enquanto os Bucks e outras franquias da NBA estão contidas na "bolha" de Orlando, no estado da Flórida, criada para continuar com o campeonato em meio à pandemia do novo coronavírus, protestos antirracistas tomam conta de todo Wisconsin.

Na noite anterior ao jogo adiado, duas pessoas morreram e uma ficou ferida depois de terem sido atingidas por tiros durante os protestos.

Um grupo de homens brancos fortemente armados que se posicionavam contra os atos estava presente nas manifestações. Um jovem identificado apenas como K.R. pela polícia local é suspeito de efetuar os disparos.

Também ontem, o advogado de Jacob Blake, Ben Crump, disse que o jovem de 29 anos está paralisado e foi operado na última terça-feira (25). "Será necessário um milagre" para que ele volte a andar, afirmou.

A violência policial sistêmica contra pessoas negras nos Estados Unidos é o que pauta o movimento "Black Lives Matter", criado em 2013 e que ganhou repercussão internacional após a morte de George Floyd, em maio, e a consequente onda de protestos que se seguiu.