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LeBron atrai astros, diminui poder dos times e cria mercado paralelo da NBA

Harry How/Getty Images North America/ AFP
Imagem: Harry How/Getty Images North America/ AFP

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

08/02/2019 04h00

Um dos maiores jogadores da história recente da NBA, LeBron James não tem influência apenas dentro de quadra. Fora das quatro linhas, a estrela do Los Angeles Lakers tem sido mais do que eficiente na função de atrair atletas e formar grandes times. Só que esse lado "agente" escancarou a existência de um "mercado paralelo" e tem irritado dirigentes na liga. 

Oficialmente, o astro não pode agenciar atletas, mas isso não significa que ele não tenha poder de decisão em quase tudo o que acontece nos times que defende. E isso está cada vez mais explícito. O caso mais recente e emblemático envolve o pivô Anthony Davis. Atual top 10 da NBA, o pivô do New Orleans Pelicans pediu para ser trocado. Mas o que LeBron tem a ver com isso? Em setembro de 2018, Davis cortou relações com os antigos agentes e assinou com o mesmo empresário que representa ninguém menos do que o próprio camisa 23 dos Lakers: Rich Paul.

Pressentindo a influência de LeBron, o time de Nova Orleans ainda tentou mudar a decisão do craque, mas não teve sucesso. No último mês de dezembro, a imprensa norte-americana revelou que as estrelas se encontraram em um jantar após os times se enfrentarem em Los Angeles. Um pouco mais de um mês depois, Davis pediu para deixar a equipe.

Desde então, os californianos começaram uma cruzada para conseguir uma troca, oferecendo diversos jogadores e picks futuros por Davis. Os Pelicans fizeram jogo duro e não aceitaram as propostas. O prazo de transferências da NBA terminou nesta quinta-feira (7). 

Não foi a primeira vez que o astro usou seu "poder" em uma negociação. Ele foi apontado como principal responsável pelo contrato de US$ 82 milhões oferecido pelo Cleveland Cavaliers ao pivô Tristan Thompson em 2015, por exemplo. 

Herói ou rebelde?

A força da estrela dos Lakers nos bastidores gera uma queda de braço com a lógica de contratações e trocas das franquias. De acordo com as regras, os times têm plenos poderes sobre jogadores em contrato e fazem o que bem entendem. O exemplo mais recente aconteceu na noite da quarta-feira (06), o Dallas Mavericks aceitou trocar o ala Harrison Barnes para o Sacramento Kings durante o jogo contra o Charlotte Hornets. O atleta sequer foi avisado sobre o destino. A situação atitude foi criticada por LeBron.

"Então, deixe-me adivinhar que isso é legal porque eles tinham que fazer o que era melhor para a franquia? Negociou esse homem enquanto ele estava literalmente jogando a partida e não fazia ideia", escreveu.

"Eu não estou batendo em quem o trocou porque é um negócio e você tem que fazer o que sente ser o melhor, mas eu só quero que isso comece a mudar e que, quando um jogador quer ser negociado ou deixe uma franquia, que ele não seja visto como um egoísta/ingrato, mas quando eles negociam você, liberam, cortam etc etc, é o melhor para eles.", afirmou.

Outro exemplo marcante de como as franquias negociam aconteceu em 2017. O Boston Celtics mandou Isaiah Thomas para o Cleveland Cavaliers e chocou a NBA. Pouco tempo antes, o ala-armador demonstrou dedicação à equipe ao atuar em um jogo de playoffs apenas dois dias após a morte da irmã mais nova. A atitude revoltou diversos atletas e levantou uma grande discussão sobre lealdade.

É por se posicionar contra situações assim e defender os interesses dos jogadores que LeBron James se fortalece cada vez mais.

Respeito é "pra quem tem"

Essa influência toda não surgiu do dia para a noite, mas sim foi construída dentro e, principalmente, fora de quadra. O astro dos Lakers é uma das maiores referências do esporte mundial em relação ao posicionamento político. Além de defender os companheiros de profissão, o camisa 23 nunca deixou de falar o que pensa sobre qualquer tema e já criticou abertamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

Em novembro de 2018, ele liderou uma campanha contra armas nos Estados Unidos após um homem abrir fogo e matar 12 pessoas em um bar na Califórnia. 

O ala também estrela uma série na HBO, chamada "The Shop", onde ele recebe personalidades de dentro e fora dos esporte para um bate-papo sobre temas contemporâneos. Os convidados aceitam participar prontamente da atração.

Além disso, LeBron inaugurou uma escola pública em sua cidade natal, Akron (Ohio). O investimento supera US$ 100 milhões. 

As atitudes fazem com que os jovens se inspirem no ala e aumenta o desejo de grandes estrelas em dividir o vestiário com alguém tão expressivo no esporte mundial. Enquanto isso, a NBA tenta encontrar uma forma de limitar o poder do maior jogador de basquete da atualidade. 

Outros "agentes" 

LeBron não é o único a influenciar as transferências de jogadores. Em 2016, uma caravana formada por Stepen Curry, Klay Thompson, Draymond Green e Andre Iguodala foi pessoalmente encontrar Kevin Durant nas férias para recrutar o jogador, que pouco tempo depois acertou com o Golden State Warriors. A reunião aconteceu em julho daquele ano em Hamptons, uma região de luxo de Nova York, nos Estados Unidos. 

As movimentações recentes indicam a criação de um "mercado paralelo" na liga e uma queda de braço, mesmo que não oficializada, entre jogadores e a liga.