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Campeão olímpico com a Argentina, Magnano comanda o Brasil há quase um ano

17/12/2010 - 07h01

Magnano critica NBA e vê basquete "pequeno" no Brasil

Daniel Neves e Murilo Garavello
Em São Paulo

Principal liga de basquete do mundo, a NBA não seduz o técnico da seleção brasileira, o argentino Rubén Magnano. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o treinador criticou a displicência apresentada pelas equipes durante a fase regular e a limitação dos esquemas táticos adotados na competição norte-americana.

Fã do basquete europeu, Magnano acredita que as formações utilizadas na NBA influenciam negativamente no desenvolvimento dos atletas, que ficam restritos a determinadas atividades em quadra e sentem dificuldade quando são convocados para suas seleções. “O fato de ter jogadores da NBA não te garante nada. Eles estão há 10 meses fazendo apenas uma função. Isto atrapalha um pouco quando vem treinar na seleção”, disse o treinador.

Perto de completar um ano no comando da seleção, o técnico argentino tem viajado pelo país para traçar um ‘mapa’ da modalidade, principalmente sobre as categorias inferiores. Ainda "na metade" desta tarefa, já chegou a um diagnóstico: o basquete brasileiro está "pequeno", com número reduzido de clubes e praticantes. "Não precisa ser muito inteligente para entender o que está acontecendo. Precisamos de mais meninos que joguem basquete", diz o argentino.

Magnano também avaliou o desempenho da seleção no Mundial da Turquia, três meses após a queda contra a Argentina nas oitavas de final. O treinador admitiu que os jogadores brasileiros pecaram nos momentos finais dos jogos por não estarem acostumados a decidir, o que fez com que a equipe não ‘nocauteasse’ seus adversários quando necessário.

Confira a entrevista exclusiva com o técnico da seleção brasileira:

UOL Esporte - Após quase um ano morando no Brasil, o senhor já está adaptado ao país?
Rubén Magnano -
Acredito que, em um país novo, não se faz rapidamente uma adaptação. É preciso um tempo para se adaptar a diferentes coisas. Por ser um país sul-americano, tão perto da Argentina, o grau de adaptação é muito menor.  O que me incomoda aqui em São Paulo é o trânsito. Por sorte não tenho carro, mas o trânsito é algo incrível, acredito que se vê em poucos lugares do mundo. Cidade do México, Roma. Mas eu não tenho tanto problema com isso.

       RAIO X - TÉCNICO RUBÉN MAGNANO

Nome: Rubén Pablo Magnano
Nascimento: 09/11/1954, em Villa Maria (ARG)
Equipes que
comandou:
Clubes: Atenas (ARG), Luz y Fuerza de Misiones (ARG), Boca Juniors (ARG), Gimnasia y Esgrima (ARG), Varese (ITA) e Cajasol (ESP)
Seleções: Argentina e Brasil
Principais resultados: - Medalha de ouro na Olimpíada de Atenas (2004)
- Vice-campeão Mundial (2002)
- Campeão da Copa América (2001)
- Campeão Sul-Americano (2001)
- Cinco títulos argentinos
- Quatro títulos sul-americanos de clubes

UOL Esporte - Como foi a recepção dos brasileiros? Sofreu com o ciúme de algum outro técnico?
Rubén Magnano -
Encontrei uma recepção muito boa. Claro que há pessoas que não gostam que um estrangeiro venha dirigir um time nacional. Analisando friamente, é lógico. Mas, em sua maioria, foram muitos respeitosos com minha pessoa. Não vou perder tempo em criar polêmica com isso. Me desafia ainda mais a fazer as coisas produtivas.

UOL Esporte - Como funciona seu trabalho de observação?
Rubén Magnano -
Minha semana varia com o trabalho que preciso fazer. Se pego a semana de um torneio sub-17, assisto três ou quatro jogos por dia, faço palestras com os treinadores. Se pegarmos uma semana em minha casa, onde moro, não passa um dia em que não veja um ou dois jogos de basquete. Assisto NBA, Euroliga, Liga Espanhola, vendo as partidas dos jogadores brasileiros. Sempre com o basquete à flor da pele.

UOL Esporte - E faz anotações enquanto assiste aos jogos pela TV?
Rubén Magnano - Sempre [faço anotações]. Na palestra que fizemos nas Olimpíadas escolares falei que a vida de um treinador é aprender e aprender. Ter esta capacidade, que não é fácil. Tenho a capacidade para seguir crescendo como treinador, aprendendo coisas. A pessoa que está aberta a esse tipo de coisa aprende em todos os jogos de basquete, mesmo no infantil. Sempre pega algo que fica surpreso. Também uso a internet para ver páginas que me permitem assistir aos jogos ao vivo.

UOL Esporte - O senhor disse que acompanha a NBA. O que mais gosta na liga dos EUA?
Rubén Magnano -
Não tenho conseguido assistir a muitos jogos, pois estou sempre viajando. Mas gosto mais da época dos playoffs do que de agora [fase regular]. Agora são jogos de muita displicência, muito cômodos. Isto não acontece quando começam os playoffs. Aí é lindo, é legal de assistir a NBA.

UOL Esporte - Como compara jogos de playoff da NBA a partidas decisivas da Euroliga?
Rubén Magnano -
A Euroliga tem jogos muito mais táticos. São poucas as equipes da NBA que conseguem atingir [taticamente] o que os times europeus fazem naturalmente. Um exemplo é o que o San Antonio Spurs tem feito nos últimos anos, um jogo parecido com o que se faz na Europa. Pessoalmente gosto mais da escola europeia.

UOL Esporte - Sergio Hernandez [ex-técnico da Argentina] disse, durante o Mundial, que os jogadores que vão para a NBA sem passar pelo basquete europeu não têm muita consciência tática. O senhor concorda com esta opinião?
Rubén Magnano -
É uma realidade. Na NBA se joga por função. Concordo totalmente com o que disse Sergio. Na seleção brasileira, praticamente todos tiveram uma passagem importante pelo basquete europeu, por grandes equipes. As exceções seriam Leandrinho e Nenê.

UOL Esporte - Tem visto os jogos do Nenê? Como foi o episódio do ‘corte’ dele do Mundial? Ficou alguma mágoa?
Rubén Magnano -
Agora não [tenho visto], mas li que tem feito jogos importantes. No Mundial ele se machucou e disse que não dava para continuar. Foi feita uma avaliação médica, onde ele disse que sentia muita dor. Não houve qualquer desentendimento com ele. Poderemos chamá-lo para o Pré-Olímpico, potencialmente é um jogador importante. Mas ainda não tenho definido os 12 atletas que chamarei para esta competição. Vamos analisar a situação de cada um. Pessoalmente comigo, Nenê teve bom relacionamento. Disse a ele que tinha muita esperança de que jogasse o Mundial.

UOL Esporte - Pretende ir aos Estados Unidos antes do Pré-Olímpico para conversar com os atletas?
Rubén Magnano - Estou analisando como faremos a viagem. Também vou a algumas universidades para observar garotos novos. Não está fechada a programação que farei. Imagine que teremos que ir até Toronto, no Canadá. Estamos analisando a melhor maneira de fazer isto.

UOL Esporte - O entrosamento entre Splitter e Huertas foi uma das armas do Brasil no Mundial. Agora, o pivô se transferiu para a NBA. Esta mudança pode afetar a seleção?
Rubén Magnano -
São jogadores inteligentes, com grande capacidade de entender o jogo. Por terem convivido tanto tempo juntos, é uma coisa que está gravada. Com um pouco de treinamento vão retomar [o entrosamento]. Claro que seria muito melhor tê-los jogando juntos, mas é muito difícil encontrar jogadores de seleção em uma mesma equipe.

UOL Esporte - Splitter tem jogado menos tempo do que jogava na Espanha. Isto atrapalha?
Rubén Magnano -
Se observarmos a quantidade de tempo que tem jogado, a diferença não é tão grande. Mas este tema passa pela qualidade de minutos que joga. Na Espanha, jogava minutos de muita qualidade, em momentos importantes da partida. Ele joga 15 minutos, mas quais 15 minutos? Mas estamos falando de pessoas com 99,9% de positivismo, boa ótica, que querem melhorar a cada dia. Não tenho problemas, acredito muito neste tipo de jogador.

UOL Esporte - O senhor tem viajado pelo Brasil para observar torneios de base. Vê diferenças entre os meninos brasileiros e argentinos desta idade?
Rubén Magnano -
Estão muito próximos, não há tanta diferença. São equipes que, em toda história dos torneios sul-americanos e pan-americanos, têm disputado finais. O que é real, falando com os dirigentes, com os jogadores, é que hoje não há tantos clubes no Brasil que façam basquete. Devemos tentar fazer com que os clubes peguem novamente o basquete. Esta é uma diferença importante. Se tivermos uma quantidade de clubes que peguem novamente o basquete, teremos uma grande quantidade de meninos que o pratiquem. A base da pirâmide será ampliada.

UOL Esporte - O que fazer para ampliar esta base?
Rubén Magnano - Antes existiam 40 clubes fazendo basquete. Seria interessante fazer um estudo, pois a quantidade de clubes está ligada diretamente ao número de jogadores. Pegar quantos clubes haviam 20, 10 anos atrás e quantos existem hoje. Não precisa ser muito inteligente para entender o que está acontecendo. Precisamos de mais meninos que joguem basquete. Também é importante recuperar o basquete mirim, aumentar a quantidade de escolas e clubes que pratiquem basquete.

UOL Esporte - A falta de resultados internacionais expressivos da seleção adulta está relacionada diretamente com isso?
Rubén Magnano -
Pode acontecer da equipe adulta fazer um torneio extraordinário, mas não condizer com a realidade do país. Ou o inverso, a estrutura ser muito boa e a equipe principal fazer um torneio ruim. Quando peguei o cargo de técnico do Brasil, falei para os jogadores que somos o espelho do que é basquete brasileiro e que devemos fazer o máximo para fazermos algo importante.

Há uma relação, mas é preciso que o time principal faça um torneio brilhante para que se mobilize a base? É preciso trabalhar na base para formar um time importante daqui alguns anos? Caminhando pelo Brasil, em quadras, vi que há uma boa intenção de muita gente de levar o basquete adiante. Estão fazendo uma movimentação positiva no basquete brasileiro. Agora é preciso sustentar este trabalho com passar do tempo. Todos devemos puxar a corda para o mesmo lado.


Não precisa ser muito inteligente para entender o que está acontecendo. Precisamos de mais meninos que joguem basquete

Sobre importândia de ampliar a base para melhorar qualidade do basquete brasileiro

UOL Esporte - O jogador brasileiro tem a mesma consciência tática que o argentino? Entende o mesmo tanto do jogo?
Rubén Magnano -
A Argentina tem como espelho sua liga nacional, que existe há 26 ou 27 anos. Eles nascem e vão desenvolvendo uma ótica de jogo. Mas no Brasil há algo extremamente positivo que está ocorrendo, que é o Novo Basquete Brasil (NBB). Vem em um crescimento muito importante. Os meninos da base estão olhando para isso e passarão a pegar informações, ver as imagens e entender cada vez mais. É só ver a quantidade de jogadores que estão regressando para jogar na liga brasileira. Isto dá uma qualidade de jogo aos meninos que treinam com eles, que assistem aos jogos pela televisão. É uma aprendizagem.

UOL Esporte - O NBB ainda está muito atrás da liga argentina?
Rubén Magnano -
Não creio que seja muito inferior. Existem times do NBB que demonstraram isto no Sul-Americano. O Brasília foi campeão. Estão por um bom caminho. Vejo que existe uma boa intenção de fazer as coisas melhores a cada ano.

UOL Esporte - De maneira geral, falta maior consciência defensiva às equipes brasileiras?
Rubén Magnano -
É uma parte do jogo em que precisamos melhorar. Cada vez que dou uma palestra falo sempre o mesmo e vou falar durante toda minha vida. Na medida em que você treina duramente com muita aplicação, que joga com muita aplicação, vai crescer no jogo tanto ofensivamente quanto defensivamente. A defesa é algo que influencia no crescimento da equipe, inclusive no crescimento ofensivo. Não é um paradoxo. É chave para crescer em diferentes aspectos.

UOL Esporte - A geração Oscar/Marcel era mais personalista, de grandes arremessadores. Esse pensamento fez com que o basquete brasileiro deixasse de lado a parte tática e apostasse mais nos chutes de três?
Rubén Magnano -
Uso isto como exemplo em minhas palestras, não apenas de basquete. Existem maneiras diferentes de formar um time. Eu gosto particularmente de uma maneira. Mas existem outras maneiras. Como o caso desta equipe, que tinha grandes arremessadores como Oscar, Marcel, excelentes jogadores. Os demais jogavam em função deles porque sabiam isto ia lhes permitir ganhar. Era inteligente da parte deles, pois sabiam quais eram os caminhos que deveriam tomar para ter maiores possibilidades.

Claro que estamos falando de outra época. O basquete está mudando constantemente, inclusive em suas regras. É um esporte muito instável. As defesas estão cada vez mais predominantes. Eu me inclino por um jogo de conjunto. Se um jogador fizer 40 pontos será bem vindo, mas não trabalhamos para isto. A equipe trabalha por sua totalidade, uma concepção maior de time.

CBB/Divulgação
A defesa é uma parte do jogo em que precisamos melhorar. Influencia inclusive no crescimento ofensivo da equipe. Não é um paradoxo. É chave para crescer em diferentes aspectos.

Sobre a qualidade defensiva dos times que disputam o Novo Basquete Brasil (NBB)

UOL Esporte - Passados alguns meses do Mundial, como o senhor analisa a participação do Brasil?
Rubén Magnano -
Ficou uma impressão de que aquela equipe poderia ter dado um passo a mais para a frente. Faltou darmos o que intitulo de ‘golpe de nocaute’ em todos os jogos. Pegarmos este golpe na última bola, no último minuto. Saber pegar este ‘golpe de nocaute’. Não faltou luta durante os jogos, todos foram muito brigados. Sou o tipo de técnico que acredita que a vitória ou a derrota se decide desde a ‘bola ao alto’, e não apenas no último segundo. Mas a nós faltou este golpe final, saber ter os meios de ficar com a vitória.

UOL Esporte - A dificuldade nos minutos finais se deve ao fato de que a maior parte dos jogadores da seleção não está acostumada a ser protagonista por suas equipes nos momentos decisivos?
Rubén Magnano -
Isto é algo muito importante. O fato de ter jogadores da NBA não te garante nada. Eles estão há 10 meses fazendo apenas uma função. Você os incorpora à seleção e pega este garoto, que você viu fazendo mais coisas em outra oportunidade, para incrementar o volume de jogo do time. Vivi isto na seleção argentina. Chegavam jogadores com 0% de participação ofensiva e começávamos a trabalhar para que recuperasse um pouco desta bagagem técnica, desta confiança, para que jogassem inclusive no ataque.

Que função tem em seus times? Isto atrapalha um pouco quando vem para a seleção. Precisamos entender que tipo de jogador temos, que pensa você deste atleta. Este sempre foi o meu caminho.

UOL Esporte - Faz diferença estar acostumado a ter a última bola do jogo nas mãos?
Rubén Magnano -
[Faz diferença] fazer o último arremesso ou pegar a última decisão. Há uma filosofia muito especial na NBA, em relação ao basquete europeu. Isto não quer dizer que um jogador não deve chutar. Mas a questão é de onde chuta, quando chuta, como chuta.

UOL Esporte -  Se aquela bola contra os Estados Unidos tivesse entrado, isto teria um impacto positivo na confiança dos jogadores para os momentos decisivos?
Rubén Magnano -
Sem dúvida. Existem jogos que dão uma virada, que te dão um plus. Passa por uma questão mental, que te impulsiona ainda mais. Não vi o time cair em momento nenhum. Pode ter errado durante o ‘último golpe’, mas pelo que percebi à beira da quadra, assistindo depois tranquilamente às partidas, eles estiveram brigando e lutando, dando o máximo em tudo. Claro que, com o compromisso que temos no Pré-Olímpico, vamos pedir mais ainda. Mas a imagem que tive do time foi positiva.

UOL Esporte - O que é preciso fazer para ter este ‘golpe final’? Algo nos treinamentos, algum acompanhamento psicológico...
Rubén Magnano -
Te faço uma pergunta: o que aconteceria se o arremesso final caísse dentro e não fora contra os Estados Unidos? O basquete é assim. Peguei a mesma estrutura de treinamento que me permitiu ganhar uma medalha de prata e uma de ouro. Não acredito que passa por calendário ou quantidade. A maioria dos jogadores vinha de torneios duros, tive que contemplar uma série de coisas. O mais importante é a qualidade dos treinos. Não faço uma autocrítica pela qualidade dos treinamentos, eles treinaram muito bem. Tivemos muitos inconvenientes. Splitter participou de 18 das 60 sessões de treinos, sendo que oito foram individuais. Esteve em apenas três jogos da preparação. Nenê ficou afastado praticamente o tempo todo, treinou apenas meia sessão. Houve uma sobrecarga do Anderson [Varejão]. As condições que a CBB apresentou para a preparação da equipe foram muito boas.

CBB/Divulgação
Gosto mais da época dos playoffs da NBA do que de agora [fase regular]. Agora são jogos de muita displicência, muito cômodos

UOL Esporte - Pensa em mudar ou introduzir alguma coisa para a preparação do Pré-Olímpico?
Rubén Magnano -
Pode variar em dias, não muito mais. O treinador sempre tem a cabeça aberta para aprender ou incorporar coisas, ajudar de acordo com as opiniões pessoais que tem. Trabalhar para melhorar o que tem, sempre foi minha ideia. Isto está aberto. Não é que eu queira criar algo misterioso. O importante é a qualidade do treinamento e a mensagem que se pode passar aos jogadores.

UOL Esporte - O estilo de basquete dos adversários do Pré-Olímpico é diferente do encontrado no Mundial? Muda alguma coisa?
Rubén Magnano -
Muda a forma de preparar o time para enfrentar este tipo de adversário. Não é a mesma coisa enfrentar a Venezuela ou time da América Central e uma Lituânia, Eslovênia. São diferentes. A forma de preparar o time, de forma individual, através de estudos, é diferente.

UOL Esporte - O Brasil chega para o Pré-Olímpico como um dos favoritos, ao lado da Argentina. O que isto muda na conversa com os jogadores?
Rubén Magnano -
Existe este plus, a história do Brasil dentro da América. Agora temos que ser inteligentes e capitalizar isto, que seja uma coisa positiva em nossa cabeça. Que não seja algo que nos endureça na hora de atuar. Temos que pegar isto como algo positivo para fazer melhor ainda as coisas. Sabemos que somos uma equipe que tem a possibilidade de conquistar esta vaga.

UOL Esporte - Quais são os principais adversários do Brasil no Pré-Olímpico?
Rubén Magnano -
Sempre que joguei algum torneio na América tive muita dúvida. Primeiro com o Canadá, pois tem um número instável de jogadores, está sempre mudando. Você não conhece qual é o verdadeiro potencial de cada um. Sei que estão fazendo um trabalho legal com o manager do Toronto Raptors, que trabalhou muito tempo na Itália. Você fala da Argentina e sabe mais ou menos como virão. O Canadá não.

O mesmo ocorre com a República Dominicana. Se levarem a equipe que foi a Porto Rico [na Copa América], é um time muito forte. Mas desconhecemos, assim como o México. Se todas as equipes vierem com seu poderio máximo, será um torneio muito parelho.

Reuters
Ficou uma impressão de que aquela equipe poderia ter dado um passo a mais para a frente. Faltou darmos o que intitulo de ‘golpe de nocaute’ em todos os jogos.

Sobre o desempenho do Brasil no Mundial

UOL Esporte - Os alas que defenderam a seleção no Mundial são mais velhos que os jogadores das demais posições. Existem jovens para esta posição?
Rubén Magnano -
Eu tenho alguns. Acredito que podem virar jogadores importantes no futuro, mas vamos devagar. Assisto todos os jogos, me informo. Mas depois tenho que vê-los pessoalmente no treinamento, como se comporta. Quando se fala de um ala, falamos de nível internacional, de pelo menos 1,98 m ou 2,0m. Um caso como o Marquinhos, que tem 2,07 m, é muito bem vindo.

Devemos tentar trabalhar nisso, inclusive neste projeto de desenvolvimento temos esta intenção, buscar a futura posição do menino. Aí está um dos grandes temas. Você tem 10 meninos e precisa escolher. Agora, se você tem 100 meninos, suas possibilidades de escolha são muito maiores. Temos uma grande quantidade de clubes que conheço, que tem uma importância histórica, e que deixaram de fazer basquete. Temos que tentar que novamente peguem o basquete. Existem muitas comunidades do Brasil que gostam de basquete.

UOL Esporte - A mudança de técnico da Argentina, com a saída do Sergio Hernandez, muda a forma como jogarão o Pré-Olímpico?
Rubén Magnano -
Julio Lamas, que deve ser o treinador, tem uma consciência um pouco mais tática, por sua experiência no Caja Laboral, Real Madrid. Os dois são treinadores com uma disciplina muito séria, mas a concepção geral seguirá sendo a mesma.

UOL Esporte - O senhor disse que foi especial enfrentar a Argentina no Mundial. Qual o sentimento para o confronto do Pré-Olímpico, que será na Argentina?
Rubén Magnano -
Será outra coisa especial. Já vivi algo especial na Turquia, e agora na Argentina. Mas acredito que o choque de enfrentar a Argentina já passou ao ter que disputar um jogo tão importante como foi no Mundial.

UOL Esporte - Falando sobre o futuro, até quando vai seu contrato com a CBB? Pretende ficar até 2016?
Rubén Magnano -
O contrato vai até 2012. Vamos devagar. Não é que 2016 esteja longe, mas vamos pensar um pouco nesta vaga no Pré-Olímpico, depois em Londres. Aí a CBB analisará a situação, eu também analisarei. Se todos estiverem confortáveis, veremos.

UOL Esporte - Pretende voltar a comandar a Argentina algum dia?
Rubén Magnano -
Creio que não. Se continuar ou não até 2016, acredito que vou começar a me afastar tranquilamente. Já são muitos anos, muita correria. Devo pensar um pouco em ficar em minha cidade. Vamos ver. Aconteceram coisas incríveis na minha vida. Nunca diga nunca.

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