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Leandrinho e Varejão deixam quadra após derrota para a Turquia no Mundial-2006

27/08/2010 - 08h42

Brasil aposta em reforço psicológico para superar série de fiascos

Murilo Garavello
Em Istambul (Turquia)

O Brasil reúne um grupo de jogadores talentosos e badalados. Que deixam boa impressão em amistosos. Que assumem, em suas declarações, a missão de recuperar o prestígio do basquete brasileiro. Na hora "H", falta algo, e as derrotas se somam. A partir deste sábado, no Mundial da Turquia, a seleção masculina tentará mudar o triste roteiro dos últimos sete anos.

Vencendo rivais fracos e sucumbindo diante de oponentes de nível igual ou superior (a única exceção foi a desfalcada França), o Brasil vem colecionando maus resultados. Não obteve vaga para as últimas três Olimpíadas. No Mundial de 2006, venceu um jogo e perdeu quatro, suficiente para a 19ª posição, a pior da história da única seleção, ao lado dos EUA, a ter participado de todas as edições do torneio.

SELEÇÃO PRINCIPAL NOS ÚLTIMOS ANOS: DERROTAS CONTRA TIMES FORTES

Competição Vitórias (16) Derrotas (10) Resultado final
Mundial-2006 Qatar Austrália, Turquia, Grécia e Lituânia 19º lugar (pior da história)
Pré-Olímpico-2007 (Américas) Canadá, Venezuela, Ilhas Virgens, México, Uruguai EUA, Porto Rico (2), Argentina (2) Sem vaga em Pequim-2008
Pré-Olímpico-2008 (Mundial) Líbano Alemanha e Grécia Sem vaga em Pequim-2008
Copa América-2009 Rep. Dominicana, Venezuela, Panamá, México, Canadá (2), Uruguai, Argentina (desfalcada), Porto Rico Porto Rico Campeão

A grande novidade de uma seleção que repetirá em Istambul a base de jogadores das últimas competições é o argentino Rubén Magnano. E o técnico que conduziu a Argentina ao ouro olímpico em Atenas-2004 crê que a atenção a aspectos psicológicos dos jogadores pode ser a chave para modificar o panorama.

DERROTAS NO FIM DO JOGO

2006 - Austrália (77 a 83) - Australianos fizeram 16 pontos a mais do que o Brasil nos seis primeiros minutos do 4º período. Depois, só administraram.
2006 - Turquia (71 a 73) - Leandrinho errou três lances livres no último minuto. Dois deles quando o Brasil perdia por um ponto, a 6 s do fim.
2007 - Porto Rico (75 a 97) - Começou último quarto perdendo por 11 pontos. Viu o rival abrir outros 11 no último período.
2007 - Argentina (79 a 86) - Foi para o intervalo com vantagem de 14 pontos. Começou o último quarto 8 pontos à frente. Deixou rival empatar. Na prorrogação, perdeu por 7.

Questionado em Nova York, há duas semanas, sobre o retrospecto negativo, Magnano logo retrucou. "Eles estão vindo de uma medalha de ouro na Copa América", disse, com um sorriso que introduziu a explicação. "Temos que pensar dessa maneira. Não podemos sobressaltar o negativo. Tá, vencemos de um lado do mundo. Agora, enfrentaremos o outro. Esta competição é mais difícil, todos nós sabemos disso. Mas é o momento de enfatizarmos o que é positivo. O pouco que falta para conseguirmos um resultado importante pode ser a confiança".

Seguindo esse raciocínio, Magnano provavelmente procurará enfatizar a atuação brasileira nos amistosos contra a fraca Costa do Marfim e contra a França, nesta semana. Com duas vitórias, o Brasil interrompeu a série de quatro derrotas (para Argentina, Espanha, França e Austrália) nos jogos preparatórios, criando um fator positivo para fortalecer a auto-estima do time. "Gostei muito da nossa postura no jogo contra a França. Fizemos um segundo tempo muito bom. Espero que possamos continuar melhorando", disse Magnano nesta sexta-feira.

Derrotas no fim, lances livres errados

Em uma análise rápida do desempenho da seleção nos últimos anos, dois pontos sobressaem: a dificuldade para vencer jogos parelhos (veja quadro ao lado) e o baixo aproveitamento de lances livres (veja quadro abaixo). "Acertar ou errar lances livres, para jogadores deste nível, passa por situações psicológicas, de como se lida com a pressão", diz o argentino. "Isso se corrige com treinos de lance livre em situações reais de competição".

Magnano ressalta que, por ter assumido a seleção neste ano, obviamente não viu a reação dos jogadores após as derrotas e, por isso, tem dificuldade para analisá-las. Mas enxerga a necessidade de implementar uma nova mentalidade na seleção. "Devemos desenvolver a fome de glórias. Que não seja a mesma coisa ganhar e perder", afirmou, em entrevista ao Olé.

LANCES LIVRES

Mundial-2006 – 61,9%
Copa América-2007 – 71,8%
Pré-Olímpico-2008 – 66,7%
Copa América-2009 – 68,1%

Como os treinos da seleção são fechados, não é possível saber, além do reforço psicológico, o que Magnano está tramando para que o Brasil consiga vencer partidas decididas no minuto final. Suas declarações não desfazem o mistério. "Tenho alguma coisa guardada. Todo técnico tem uma... como se diz?", fala, colocando o braço sob a manga da camiseta. "Isso, carta na manga. Todo técnico tem uma ideia de quem vai pegar a bola no fim, mas isso não posso dizer".

Leandrinho, um dos candidatos a definir o jogo para o Brasil, promete ser efetivo. "A seleção tem de estar preparada como um todo, para jogar coletivamente bem nesse finalzinho. Se sobrar a bola na minha mão, tenho que estar preparado para fazer a cesta. E vou estar".

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