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Beijo que causou doping em velocista americano faz polêmica antiga renascer

Gil Roberts levou o ouro no revezamento 4x400m no Rio - Adrian Dennis/AFP Photo
Gil Roberts levou o ouro no revezamento 4x400m no Rio Imagem: Adrian Dennis/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

19/07/2017 04h00

Em uma espécie de mistura entre dúvida e ironia, os norte-americanos reviveram uma polêmica antiga no esporte: os “beijos salvadores” de atletas flagrados em exames antidoping. Meios de comunicação e jornalistas debatem mais uma absolvição baseada em beijos apaixonados, sem que especialistas concordem com tal possibilidade.

O caso que fez a polêmica renascer foi o de Gil Roberts, especialista nos 400m rasos e medalhista no 4x400m na Olimpíada do Rio. O exame antidoping apontou em sua urina a presença de probenecida, substância que mascara a presença de esteroides. Ele, no entanto, foi absolvido pelo juiz que entendeu que a contaminação se deu pelos beijos intensos em sua namorada, Alex Salazar.

Segundo a decisão completa do tribunal, isso ocorreu porque "sempre que estiveram juntos, eles se beijaram com frequência e apaixonadamente" logo depois que ela voltou de uma viagem à Índia, onde teve uma crise de sinusite e foi atendida por um curandeiro local que lhe receitou o remédio por 14 dias.

No julgamento, a defesa de Gil Roberts convocou um especialista em contaminação para dar sua opinião. Seu parecer foi favorável ao atleta, embora ele não soubesse dizer “a quantidade de saliva que foi transferida da boca de Alex Salazar para a de Roberts”.

Tal parecer foi um dos motivos de piada na mídia americana. "Mesmo ele sendo um especialista, seria assustador se ele tivesse acesso a esse tipo de informação", ironizou o portal "Let’s Run".

O "SBNation" foi ainda mais ácido. “Se você estiver consumindo esteroides, é importante ter a foto de uma pessoa muito musculosa em mãos. Então, quando o resultado positivo chegar, é só pegar a foto na carteira", provocou.

Tais questionamentos acontecem em boa parte porque a absolvição de Gil Roberts não é a primeira baseada em beijos. No ano passado, nas classificatórias para a Olimpíada, o canadense Shawn Barber foi pego no antidoping com cocaína, mas se livrou de punição.

Barber argumentou que a substância entrou em seu organismo porque havia se relacionado com uma prostituta que usara cocaína pouco antes de encontrá-lo.

No caso mais recente, o que pesou a favor de Gil Roberts foi seu histórico "limpo" em todos os testes antidoping anteriores e seu passaporte psicológico sem indícios de irregularidade. Mas nem todo mundo nos Estados Unidos engole facilmente o argumento dos "beijos dopantes".