Da fantasia à realidade

Por Por Alexandre Cossenza

Vinte anos atrás, Guga voltava a Roland Garros pela terceira vez após o sucesso inesperado de 1997. No ano 2000, o catarinense, aos 23 anos, buscava legitimação após derrotas doídas de 1998 e 1999. Conseguiu.
Para Guga, o título histórico de 1997 ainda podia ser visto como "fantasia" no mundo do tênis. "Podia ser saquele acaso único da minha carreira. Esse título mudou tudo. A partir dali, era voar", disse. E aí era hora de ele brigar pelo topo do mundo...
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Guga chegou a Paris como favorito, diga-se. Ele vinha de um vice no Masters de Roma e um título no Masters de Hamburgo, os torneios de saibro mais imporantes no pré-Roland Garros.
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Mas isso não quer dizer que o torneio parisiense seria fácil. Então Guga repetiu uma estratégia dos últimos anos: dar uma parada em Biarritz, no litoral francês, para respirar e, também retomar seu passatempo favorito: o surfe.
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Mais remava do que surfava. Pegava duas ondinhas, soltava o corpo dentro d'água, fazia alguma atividade física e relaxava a cabeça

Guga
Bob Edme/AP
A primeira semana de jogos de Guga foi um arraso em Paris. Ele perdeu apenas um set em dez disputados, para o veterano americano Michael Chang, ex-número 2 do mundo. O pior, porém, ainda estava por vir.
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Eu estava com a caixa de ferramentas toda montada e bem testadinha pela primeira semana. E passei com o físico sobrando, correndo pouquíssimo, deixando bastante lenha na fogueira porque precisava.

Guga,
sobre a caminhada até as quartas de final
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Duas pedreiras

Guga teve de encarar duas maratonas contra o russo Yevgeny Kafelnikov e o jovem espanhol Juan Carlos Ferrero. Em ambos os jogos ele chegou a ficar atrás no placar por 2 sets a 1. O brasileiro, porém, fez magia e encontrou uma maneira de sair vencedor. O drama maior foi contra Kafelnikov...
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O jogo estava perdido. Escapou das mãos dele. São acontecimentos que não têm explicação. Era 4/2, 40/15, já era. Ele ganhou de mim e depois entregou o jogo para mim.

Guga,
sobre o triunfo sobre Kafelnikov, nas quartas. O russo foi derrotado, aliás, nas três campanhas do título do catarinense em Paris
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Na final, Guga encontrou um Magnus Norman nervoso, mas que equilibrou o duelo no terceiro set e brigou até o fim. O sueco salvou até 10 (!) match points --um deles até rendeu uma reclamação do brasileiro com o árbitro. Mas aí ele errou um golpe e, finalmente, sucumbiu. Como eles dizem lá, "Jeu, set et match": Guga bicampeão!
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História de amor

Com três títulos, Gustavo Kuerten é o terceiro maior campeão de Roland Garros na "Era Aberta" (a partir de 1968). Ele encerrou a carreira jogando o torneio em 2008, acumulando 36 vitórias e 8 derrotas por lá. O aproveitamento de 81% lhe coloca entre os dez maiores no saibro parisiense.
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Publicado em 11 de junho de 2020.
Reportagem:Alexandre Cossenza
Edição: Giancarlo Giampietro