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Maierovitch: Bolsonaro achincalha STF e passa a pregar terrorismo de Estado

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/07/2022 08h57

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a convenção do partido que oficializou a sua candidatura à reeleição para pregar o terrorismo de Estado, disse o colunista do UOL Wálter Maierovitch.

No discurso durante o evento de ontem, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Bolsonaro atacou diversas vezes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas eleitorais, e também o STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente ainda convocou os apoiadores para um ato no dia 7 de setembro, feriado de Independência, dizendo que os "surdos de capa preta" precisam entender o que é a voz do povo.

"Vendo a convenção à luz do direito internacional, posso concluir que Bolsonaro partiu ontem para um terrorismo de Estado", afirmou Maierovitch, durante participação no UOL News.

"O direito internacional diz que, no terrorismo de Estado, o alvo direto da violência não é o alvo principal — esse é a destruição do Estado democrático de direito", acrescentou.

Segundo o jurista, o alvo direto do presidente é o STF, ao qual, mais uma vez, ele se referiu com termos violentos.

"Bolsonaro achincalhou o STF, postou-se com violência com relação ao Supremo, esse foi o seu o alvo. É o que ele mostra ao convocar as pessoas [quando diz] os 'surdos de capas pretas'. O objetivo? Ele fala 'será a última vez', [logo], evidentemente é a destruição do Estado de direito", afirmou o colunista do UOL.

"Concluindo: à luz do direito internacional e à luz da nossa experiência, temos Bolsonaro partindo para o terrorismo de Estado", finalizou.

Ataques ao STF

Na convenção do Partido Liberal, Bolsonaro começou o discurso falando que reza o Pai Nosso e pedindo ao público que "não experimente as dores do comunismo", regime político que nunca foi implantado no país. Ele destacou sua trajetória até a Presidência e fez menção ao atentado sofrido em 2018, em Juiz de Fora.

O presidente conclamou os apoiadores a protestarem contra o STF, na escalada de tensão envolvendo seus questionamentos ao sistema eleitoral. Sem especificar por que, Bolsonaro disse que a manifestação em 7 de setembro será "a última vez" que os apoiadores irão às ruas.

Ao citar Lula, o presidente procurou associar o concorrente a regimes como Cuba e Venezuela. "Alguém acha que o povo cubano ou venezuelano não quer a liberdade? Querem a liberdade, mas por que chegaram a esse ponto? Escolhas erradas, somos escravos de nossas decisões", afirmou em um dos ataques.

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