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Tebet, Ciro e Janones criticam Bolsonaro por prisão de Ribeiro: 'desmando'

Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação  - Luis Fortes/MEC
Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação Imagem: Luis Fortes/MEC

Do UOL, em São Paulo

22/06/2022 14h56Atualizada em 22/06/2022 17h45

Presidenciáveis comentaram a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pela Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência no MEC (Ministério da Educação). Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e André Janones (Avante) citaram o governo federal e o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o caso.

A senadora e pré-candidata à Presidência da República pelo MDB disse que a situação revela "todo desmando que virou a Educação neste governo". Tebet ressaltou que a corrupção "é marca desse governo".

"O que deveria ser prioridade nacional e política de Estado, virou manchete policial", escreveu no Twitter.

Já Ciro Gomes relembrou uma afirmação feita em março, e ironizou o presidente. O vídeo compartilhado traz uma montagem da fala e depois da cabeça de Bolsonaro pegando fogo.

O candidato do PDT fez referência a um episódio em que o chefe do Executivo federal declarou que colocaria "a cara no fogo" pelo ex-ministro, considerado de confiança até então. Na ocasião, Bolsonaro ainda classificou como "covardia" a pressão para que Milton Ribeiro deixasse o cargo - o que aconteceu no dia 28 de março - e disse que a situação expressava, em sua visão, a falta de corrupção em seu governo.

Algumas horas depois, Ciro voltou a comentar o caso em seu perfil no Twitter. Novamente ele relembrou uma fala de Bolsonaro e desta vez insinuou que Milton Ribeiro poderia implicar o presidente nas denúncias de que é alvo.

O pré-candidato do Avante, André Janones, ironizou o fato de Bolsonaro sempre repetir que não há corrupção no governo federal. Em outra publicação, ele também citou a defesa do presidente a Milton Ribeiro.

"Ministro do governo 'sem corrupção' preso por corrupção. Taokey? Bom dia", escreveu.

Em outro tweet, Janones compartilhou um trecho de notícia na qual era citado um trecho de depoimento do ex-ministro à Polícia Federal. Na ocasião, Riberio disse que "apenas obedecia ordens do presidente".

Pablo Marçal (Pros) também abordou o tema e questionou Bolsonaro: "E agora, Presidente?".

Após prisão, Bolsonaro defende que Ribeiro responda 'pelos atos dele'

Hoje, após a notícia de prisão de Milton Ribeiro, Bolsonaro afirmou que o ex-ministro deve responder "pelos atos dele" caso haja algum problema. A declaração foi feita em entrevista à rádio Itatiaia, durante a manhã.

"Que ele responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas se tem problema, a PF tá agindo, tá investigando, é sinal que eu não interfiro na PF, porque isso vai respingar em mim, obviamente", afirmou.

Pelo que estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa informal demais com algumas pessoas de confiança dele. Houve denúncia de que ele teria buscado prefeito, gente dele, para negociar, para liberar recursos, isso e aquilo
Presidente Jair Bolsonaro

O presidente não citou o áudio de Milton Ribeiro, obtido pela Folha de S.Paulo, em que o ex-ministro diz que o envolvimento dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC foi um pedido de Bolsonaro. No dia seguinte, Ribeiro tentou isentar o presidente.

"Tenho 23 ministros, uma centena de secretários, mais de 20 mil cargos em comissão. Se alguém faz algo errado, vai botar culpa em mim? A minha responsabilidade é afastar e colaborar na investigação", acrescentou Bolsonaro.

Operação

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. A ação foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de "tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos" do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

A PF identificou indícios de crimes na liberação de verbas do fundo com base em documentos, depoimentos e um relatório do CGU (Controladoria-Geral da União) — há três semanas, um novo documento do CGU apontou sobrepreço em edital do FNDE.

Entenda a prisão de Milton Ribeiro

Um esquema para liberação de verba coordenado por dois pastores sem cargos públicos que envolveu até suspeita de propina em ouro está no centro das denúncias que, na manhã de hoje, culminaram em uma operação da Polícia Federal que prendeu Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com as primeiras denúncias, publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, prefeitos relataram a existência de um balcão de negócios no MEC (Ministério da Educação) tocado pelos pastores Gilmar Santos - também preso na operação de hoje - e Arilton Moura.

No esquema, a liberação de verba pública ganhava prioridade se os gestores fossem indicados pelos religiosos e pelo Centrão, conjunto de partidos que apoia o governo Bolsonaro e que administra o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Ribeiro nega as denúncias. (Leia mais)