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Queiroz aposta em apoio dos Bolsonaro na eleição: 'Quero ver dizer que não'

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

05/06/2022 17h05

Fabrício Queiroz (PTB), ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), manifestou confiança no apoio da família do presidente Jair Bolsonaro (PL) para a sua candidatura a deputado federal nas eleições de 2022.

Em entrevista ao podcast "Mais ou Menos" nesta quinta-feira (2), quando questionado se terá o apoio da família Bolsonaro, Queiroz citou indiretamente a investigação sobre a "rachadinha", o suposto esquema ilegal de desvio de salários de assessores na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) quando chefiava o gabinete de Flávio, então deputado estadual. Ele nega as acusações, mas cita "uma lambança", sem dar maiores detalhes.

"Em qualquer lugar que eu vou, [as pessoas perguntam]: 'E aí, eles [Jair e Flávio Bolsonaro] vão te apoiar'? Eu falei: 'cara, é um absurdo se não apoiarem'. Eu sou bandido? Eu sou o Queiroz, pô. Pai de família, trabalhador. Fiz uma lambança, que isso respingou neles? Sim. Mas não tem crime". Em seguida, completou: "Eu quero ver eles dizerem que não me apoiam".

No mês passado, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) aceitou o pedido do Ministério Público e rejeitou a denúncia por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro oferecida contra Flávio Bolsonaro, que se manifestou nas redes sociais. "Mais uma vitória", postou.

A proximidade do policial reformado com a família Bolsonaro também já levantou suspeitas, em especial no episódio em que Queiroz teria depositado cheques à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O ex-policial militar comparou o seu estilo ao do presidente Jair Bolsonaro (PL). "A minha política é tipo a do Jair, não prometo nada. Chegando lá, eu quero ser o melhor deputado", afirmou.

Elogios à chacina da Vila Cruzeiro

Após a ação policial do mês passado que matou 23 pessoas na Vila Cruzeiro, zona norte carioca, Queiroz se posicionou nas redes sociais para elogiar a chacina, a 2ª maior da história do Rio, atrás apenas do massacre do ano passado na favela do Jacarezinho, com 28 mortos.

Segundo ele, títulos de eleitores do PT haviam sido "cancelados", numa alusão de que bandidos apoiam o partido. Ele também disse que uma pesquisa realizada pelo "DataBope" (em alusão ao Batalhão de Operações Policiais Especiais) teria dado "100% Bolsonaro".

'Meu irmão', posta Queiroz sobre Bolsonaro

Fabrício Queiroz e Jair Bolsonaro posam juntos em vídeo publicado por ex-assessor - Reprodução - Reprodução
Fabrício Queiroz e Jair Bolsonaro posam juntos em vídeo publicado por ex-assessor
Imagem: Reprodução

Em janeiro deste ano, Queiroz fez uma postagem de apoio a Bolsonaro ao publicar um vídeo em tom de campanha, chamando o chefe do Executivo de "meu irmão". No início, a postagem mostra o ex-assessor praticando tiro em um estande, seguido por imagens de pessoas vestidas de verde e amarelo em uma manifestação.

Em outro momento, a imagem mostra Queiroz e Bolsonaro posando na praia com a frase: "Um exemplo de respeito, amizade, integridade e conduta; esse é o meu irmão, por isso estamos juntos nessa luta".

Em busca de apoio da família Bolsonaro

Após anunciar a pré-candidatura a deputado federal, em janeiro, Queiroz disse que será o candidato mais votado do Rio se tiver o apoio da família Bolsonaro.

Em entrevista à Revista Veja, em março deste ano, Queiroz negou que tenha sido abandonado pela família Bolsonaro. No mês seguinte, em entrevista ao jornal O Globo, revelou que Jair Bolsonaro só voltaria a falar com ele após o esclarecimento do caso das rachadinhas.

Flávio Bolsonaro admitiu ter se encontrado pessoalmente com Queiroz em dezembro de 2021. Em entrevista à revista Crusoé, o senador disse que o ex-assessor o procurou para pedir a sua bênção para se candidatar ao cargo de deputado federal.

"Eu disse 'a vida é sua, você que avalia'", contou o senador. A conversa teria acontecido na casa de um conhecido de Queiroz na capital federal.

Segundo o parlamentar, o encontro foi após as decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal) que o beneficiaram no caso que apura a prática de rachadinha no gabinete dele.

Em novembro do ano passado, o STJ anulou provas da investigação, deixando o caso em aberto, e o STF manteve o foro privilegiado do senador no caso.