Topo

'Gabinete do ódio de Bolsonaro é uma cópia do de Lula', diz Ciro Gomes

Ciro Gomes, ex-ministro e presidenciável do PDT - Divulgação
Ciro Gomes, ex-ministro e presidenciável do PDT Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em Maceió

13/05/2022 19h32

Pré-candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes voltou a fazer ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusou o petista de liderar um "gabinete de ódio", que seria o precursor do grupo similar ao implantado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto.

Em entrevista à CNN Brasil, Ciro disse que o gabinete do ódio de Bolsonaro, que veio à tona durante depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news no Congresso Nacional em 2020, é uma "cópia mal feita" do gabinete petista, que age de forma coordenada com ataques aos seus adversários nas redes sociais, tendo ele como principal alvo.

"O gabinete do ódio do Bolsonaro é uma cópia mal feita do gabinete do ódio do Lula. Esse, sim, é profissional e irrigado com milhões de reais, inclusive estranhamente porque ninguém sabe a origem disso. Ele faz tudo igual. Então, veja, eles definem uma coisa e partem para cima de forma organizada e algumas pessoas de boa-fé, ingênuas, acreditam nisso", declarou.

Para Ciro, esse suposto "gabinete do ódio" petista age de forma "tão imbecil" que a única coisa que conseguiu foi "enfurecer quase 14 milhões de eleitores" que votaram nele nas eleições de 2018, e "que estão aí firmes comigo".

Ainda, o pedetista correlacionou a ação de "gabinete" às tentativas de agressão contra ele na Avenida Paulista, em São Paulo, em outubro do ano passado, durante um ato em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro. Para o ex-ministro, foi Lula o responsável por mandar que o atacassem.

"Você precisa ver na internet a raiva com que a militância que defende o projeto nacional de desenvolvimento está reagindo a essa impostura corrupta, fisiológica e antidemocrática do Lula, mas ele se sente autorizado a tudo", falou. "Nós estávamos nas ruas pedindo o impeachment do Bolsonaro, e o Lula mandou os jagunços dele me agredir fisicamente na Paulista", completou.

Lula respeita candidatura de Ciro, diz Lupi

Na semana passada, o presidente do PDT, Carlos Lupi, confirmou que o partido tem dialogado com o PT, mas negou qualquer chance de desistir de lançar Ciro Gomes à presidência em outubro. Ainda, ele afirmou que Lula respeita a candidatura de Ciro.

Recentemente, Gomes reagiu à sugestão de que ele desista do pleito para que o petista vença Bolsonaro no primeiro turno, e afirmou que o petista não tem a menor chance de vencer o pleito antes do segundo turno. Segundo ponderou, essa hipótese não passa de "puro terrorismo eleitoral".

Levantamento de uma pesquisa feita pela Genial/Quest mostrou que, sem a presença do ex-governador cearense, Lula venceria as eleições sem haver necessidade de levar a disputa para o segundo turno.

O que é o gabinete do ódio?

"Gabinete do ódio" é o nome dado a um grupo de assessores que trabalham no Palácio do Planalto com foco nas redes sociais, inclusive na gestão de páginas de apoio à família Bolsonaro que difundem desinformação e atacam adversários políticos do presidente.

Conforme o UOL mostrou em 2020, uma das páginas utilizadas pelo "gabinete do ódio" para atacar adversários do governo Bolsonaro, a "Bolsofeios", foi criada a partir de um computador do gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O perfil foi registrado a partir de um telefone utilizado pelo secretário parlamentar do filho 03 do presidente, Eduardo Guimarães. O e-mail utilizado foi "eduardo,gabinetesp@gmail.com", endereço utilizado pela assessoria do parlamentar para a compra de passagens e reservas de hotéis.

Em depoimento à Comissão, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) já havia dito que a "Bolsofeios" pertencia a Eduardo Guimarães e apontou o 03 como um dos "líderes dos ataques virtuais". Foi a parlamentar que tornou público o "gabinete do ódio".

A página apócrifa tinha como alvos jornalistas, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PSDB-RJ), e adversários políticos da família Bolsonaro.

A CPMI das fake news foi instaurada em 2019 mas está paralisada desde 2020 devido à pandemia de covid-19. A expectativa é de que a Comissão não seja retomada e deve ser encerrada sem que seja realizada a leitura do relatório final.

Para o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-MG), a CPMI não teve prosseguimento porque as investigações chegaram até os filhos de Bolsonaro — sem especificar quais dos herdeiros do mandatário estariam envolvidos, o tucano citou nominalmente Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de operar o esquema de dentro da Câmara.

Em janeiro, o UOL mostrou que membros do "gabinete do ódio" bolsonarista têm interesse em adquirir uma nova ferramenta espiã intitulada DarkMatter (matéria escura em português), com o intuito de operar durante as eleições deste ano.