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Boulos diz que ameaça golpista de Bolsonaro é medo da prisão: 'Criar caos'

Guilherme Boulos - Ana Paula Paiva/Valor
Guilherme Boulos Imagem: Ana Paula Paiva/Valor

Colaboração para o UOL, em Maceió

13/05/2022 18h26

Aposta do PSOL para alavancar sua bancada de deputados na Câmara, Guilherme Boulos disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) insistirá nas "ameaças golpistas" com o intuito de "criar caos", por temer que tanto ele quanto seus filhos sejam presos em uma eventual derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial de outubro.

Em coluna publicada no site da revista CartaCapital, Boulos destacou que os recorrentes ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral do país, aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), sobretudo Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, inclusive com a sugestão de uma auditoria paralela das urnas, "fizeram acender a luz amarela da ameaça golpista".

Para o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), essas investidas do presidente contra as instituições têm dois objetivos: o primeiro é o de criar uma "cortina de fumaça" para assuntos sensíveis ao Planalto, como as altas consecutivas nos preços dos combustíveis, suspeitas de corrupção em alas do governo, como a que levou à exoneração de Milton Ribeiro do comando do MEC (Ministério da Educação), após a divulgação de um áudio em que o ex-ministro afirma que o governo prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas a dois pastores sem cargos oficiais.

O outro motivo, segundo Boulos, tem a "intenção política real" de aplicar um golpe de estado, mesmo que Bolsonaro não tenha o apoio dos generais da ativa das Forças Armadas, que não respaldam a implantação de "um regime de exceção".

Isso não quer dizer que devamos estar tranquilos. Mesmo sem contar, provavelmente, com o apoio do Exército, Bolsonaro tem influência sobre setores das polícias militares em todo o País e conta com uma milícia privada de frequentadores de clubes de tiro, para os quais liberou licenças de armas. Guilherme Boulos, coordenador do MTST.

"Sua postura não deixa dúvidas de que ele vai buscar criar o caos, uma vez derrotado, e vai apelar justamente para esses setores. Hoje, ele tem o desespero como guia: o medo de ser preso e ter ainda os filhos como companheiros de cela. Por isso, vai dobrar a aposta e não deve recuar das iniciativas golpistas, mesmo sem apoio institucional", acrescenta.

Por fim, Guilherme Boulos diz que as eleições deste ano "não serão normais" e "exigirão mais do que nunca forte organização popular e mobilização da sociedade", pois "o destino do Brasil vai ser decidido nas urnas e nas ruas".

Apontado como candidato do PSOL ao governo de São Paulo, Guilherme Boulos abriu de sua candidatura ao Executivo estadual e vai apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad na disputa pelo governo do estado.

'Golpe é hipótese ridícula', diz Etchegoyen

Em entrevista à colunista Carla Araújo, do UOL, o general da reserva e ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante o governo de Michel Temer, Sergio Etchegoyen, disse não acreditar que haja crise entre as instituições e que a possibilidade de um golpe aplicado por Jair Bolsonaro é uma "hipótese ridícula".

"Lamentavelmente, o que assistimos hoje é o resultado de um triste choque de egos, no qual candidatos e juízes, num acesso descabido de vaidade, posicionam-se acima das instituições que representam, arrastando-as para o ringue do vale-tudo eleitoral", afirmou.

O general fez críticas indiretas ao presidente Bolsonaro e foi mais enfático ao reprovar a atitude do presidente do TSE, Edson Fachin, que ontem (12) afirmou que quem trata das eleições no Brasil são as "forças desarmadas".

"A ser verdadeira a afirmação, seria muito ruim, o papel de lacrador não cai bem a um juiz da Suprema Corte", disse.