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Lula diz que universidades têm 'a cara do Brasil' e promete volta dos Brics

Lula em aula magna na Unicamp - Reprodução/YouTube
Lula em aula magna na Unicamp Imagem: Reprodução/YouTube

Mariana Durães

Do UOL, em São Paulo

05/05/2022 22h27

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (5) a inclusão nas universidades, e apontou o papel dos governos do Partido dos Trabalhadores na mudança de perfil dos estudantes do ensino superior, bem como no aumento de faculdades no interior do país. Segundo o petista, as pessoas "precisavam de oportunidade" e atualmente os centros de ensino têm "a cara do Brasil".

"Com FIES e Prouni, passamos de 3,5 milhões de alunos para 8 milhões. Pela primeira vez com 51% de estudantes negros. Hoje você entra numa universidade, você vê a cara do Brasil. Antes você não via a cara do Brasil, você via a cara da elite brasileira. Por isso eu sou um homem feliz e por isso nós precisamos voltar a governar esse país", disse.

Lula esteve hoje no Teatro de Arena da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde apresentou uma aula magna durante a noite. Ao fim do evento, o ex-presidente pediu desculpas pelo atraso para iniciar o evento - que estava marcado para 19 horas, mas começou cerca de uma hora depois.

"Nós queremos é que o filho do pobre possa fazer o vestibular junto com o filho do rico, com a mesma qualidade de ensino, para a gente ver quem está mais qualificado. É isso que nós queremos. E isso, só quem pode garantir, é o Estado", afirmou.

Lula também defendeu que os valores depositados em educação são investimentos e não gastos. O ex-presidente ressaltou a necessidade de fomentar o ensino: "Nós vamos ter que compreender, que não existe na história da humanidade, nenhum país que se desenvolveu sem que antes tivesse investido em educação, em ciência e tecnologia, na formação qualificada do seu povo. E é o investimento mais barato que um país pode fazer", disse.

Lula e Haddad durante aula magna na Unicamp - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Lula e Haddad durante aula magna na Unicamp
Imagem: Reprodução/YouTube

O ex-ministro da Educação do governo Lula e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) reforçou os argumentos de Lula sobre a elitização do ensino universitário antes das gestões petistas.

"As universidades brasileiras foram fundadas agora, com vocês dentro. Por que enquanto vocês estavam fora, não era universidade", disse. E completou: "a universidade brasileira, até outro dia, até esse homem [aponta para Lula] chegar, era o povo pobre pagando imposto, para o rico estudar de graça. Essa era a história da universidade brasileira."

Volta dos Brics

O ex-presidente Lula também prometeu a volta dos Brics - grupo de países de mercado emergente, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O petista defendeu que o Brasil fortaleça a sua relação com estes países porque este é um "bloco poderoso".

Segundo Lula, o grupo "avançou até quando a Dilma estava no governo", e se fragilizou com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Para ele, o bloco é a "possibilidade da gente mudar um pouco a ordem econômica mundial".

Se voltarmos [ao governo federal], vamos recriar os Brics, para que a gente possa não ficar dependendo apenas de uma moeda [em referência ao dólar]
Lula, durante 'aula magna' na Unicamp

Ao defender a necessidade resgatar o multilateralismo nas relações internacionais, Lula ressaltou que o Brasil tem uma "dívida histórica com o continente africano" e que é preciso investir na África.

Unicamp pede autonomia e financiamento para pesquisa

A Unicamp apresentou hoje um documento ao ex-presidente Lula com demandas que a instituição julga importantes para comunidade acadêmica e científica, como autonomia e financiamento (veja abaixo na íntegra). Entre os pedidos, a universidade pede a ampliação dos mecanismos de inclusão social, criando programas eficazes de permanência estudantil, entre as quais a expansão da quantidade de bolsas de ensino e pesquisa e a atualização constante de seus valores.

A Unicamp também pede o incentivo às instituições públicas e privadas a se orientarem pela Agenda 2030 e pelos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - iniciativas da ONU (Organização das Nações Unidas), de forma a possibilitar para nosso país um futuro com sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Confira os pontos abordados na carta assinada pela reitoria da Unicamp:

  • 1. elaborar uma política de Estado para o financiamento do ensino superior que garanta sua autonomia acadêmica e administrativa, assim como o financiamento da ciência, tecnologia e inovação;
  • 2. promover uma discussão permanente com a sociedade a respeito de políticas públicas adequadas para o desenvolvimento do ensino superior, da ciência, tecnologia e inovação;
  • 3. estabelecer programas que estimulem a formação e a pesquisa em áreas aplicadas e básicas, incluindo as humanidades e as artes;
  • 4. construir uma política de saúde pública condizente com a realidade dos hospitais universitários, dado seu papel fundamental na formação dos futuros profissionais de saúde e na assistência à população;
  • 5. ampliar os mecanismos de inclusão social, criando programas eficazes de permanência estudantil, entre as quais a expansão da quantidade de bolsas de ensino e pesquisa e a atualização constante de seus valores;
  • 6. promover atividades e projetos de extensão e cultura que possibilitem uma interface efetiva entre a universidade e a sociedade;
  • 7. cultivar práticas interdisciplinares para enfrentar os desafios, cada vez mais complexos e diversificados, da sociedade contemporânea;
  • 8. valorizar as atividades científicas e de ensino na universidade, principalmente por meio de programas institucionais nos âmbitos nacional e internacional;
  • 9. fomentar, no ensino fundamental e médio, o apreço pelas ciências em todas as suas vertentes, apresentando-as como necessárias para a formação cidadã;
  • 10. incentivar as instituições públicas e privadas a se orientarem pela Agenda 2030 e pelos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, de forma a possibilitar para nosso país um futuro com sustentabilidade ambiental, social e econômica ;Por fim, uma cidadania verdadeira depende da redução drástica da desigualdade social, o que, por sua vez, exige vontade política alicerçada no espírito fraterno. A comunidade universitária cumpre papel fundamental para a realização desse propósito e se coloca à disposição para cooperar na construção da nação brasileira.