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Garcia defende Doria na 3ª via e bala em bandido e rejeita volta da máscara

Allan Brito e Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/05/2022 10h20Atualizada em 04/05/2022 12h57

O atual governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), defendeu o nome de João Doria para representar os partidos de centro na disputa pela Presidência, mas disse que não será "candidato de A ou de B" em São Paulo. Ele defendeu ainda que policiais atirem em suspeitos e rejeitou obrigar a volta do uso de máscaras no estado se houver piora nos índices da pandemia.

As declarações foram feitas durante a sabatina UOL/Folha, conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha de S. Paulo Carolina Linhares.

Ao falar sobre as discussões para a escolha de um único nome pela chamada "terceira via" para as eleições nacionais, Garcia disse que é preciso "dialogar muito com o centro" para que o país tenha chances de uma alternativa à polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e negou que esteja contra João Doria (PSDB).

"Vou lutar enquanto agente político para manter centro político unido para ter único nome e esse nome passe a ter chances reais para quebrar a polarização. Defendo que o nome do PSDB seja escolhido, mas vamos submeter o nome do João a decisões desse grupo, que são avaliadas por pesquisas quantitativas e qualitativas", declarou o tucano.

Nos bastidores, alguns políticos dizem que a escolha de Doria para representar o grupo formado por PSDB, MDB, Cidadania e União Brasil pode atrapalhar as eleições de Garcia em São Paulo. Segundo o Datafolha, 66% dos paulistas não votariam num candidato indicado pelo ex-governador.

"Não comecei a vida política em 2018. Comecei em 1995, ao lado do [governador] Mario Covas. Há 27 anos sou servidor público de São Paulo. Tenho uma história transparente, aberta, fui vice-governador, hoje sou governador e levo essa história, com acertos e eventuais equívocos, para ser escrutinado pela população", afirmou.

Não sou candidato de A ou B. Sou candidato da minha história e por tudo que penso. São Paulo não vai andar na garupa de ninguém nas eleições nacionais. Tem o debate nacional, mas não se trata de discutir o Brasil aqui."
Rodrigo Garcia (PSDB), governador de SP e pré-candidato à reeleição

Bala em bandido

O pré-candidato também aproveitou a entrevista para explicar a frase "bandido que levantar arma vai levar bala", que havia falado mais cedo ao anunciar uma série de ações para combater o avanço da criminalidade no estado. Mais uma vez, Garcia defendeu que policiais militares atirem em suspeitos que reagirem às abordagens.

"Eu disse que bandido que cometer crime vai ser preso e quem levantar arma vai tomar bala. Acredito que a polícia deve e vai reagir contra o crime. Bandido que não quer ser morto, que não reaja quando for abordado. Isso é defender a vida do policial e fazer com que, dentro dos limites da lei, ele possa reagir", declarou o governador.

O tucano afirmou que trocou os comandos da polícia nos últimos dias porque não poderia "continuar fazendo mais do mesmo", mas elogiou os trabalhos das equipes anteriores.

Garcia disse que não pretende rever o programa Olho Vivo, que mantém câmeras nos uniformes de policiais durante o turno de trabalho, e afirmou desconhecer o que acontece com as gravações quando agentes entram em banheiros. Durante sabatina na última segunda-feira, o pré-candidato Márcio França (PSB) disse que policiais mulheres ficam constrangidas ao usar o banheiro por causa do equipamento.

Questionado sobre a situação atual da "cracolândia", o atual governador do estado disse que este é "um problema crônico", mas que o número de pessoas no fluxo de dependentes químicos diminuiu nos últimos meses. Ele também cutucou França, que prometeu acabar com o problema em dois anos.

"Não vou desistir [da 'cracolândia']. O que couber ao governo, estou fazendo. Não só com mais vagas aos dependentes em comunidades terapêuticas, mas também com ação policial. Na [praça] Princesa Isabel, eles têm visibilidade maior do que tinham na [alameda] Dino Bueno, mas, se medir o número do fluxo, é menor do que há seis meses", afirmou.

Não é uma tarefa simples. Já vi gente prometendo que vai acabar com a 'cracolândia' em dois ou três anos, mas é uma luta permanente. Se você não criar alternativas de nova vida ao dependente, ele não vai sair das drogas. Você faz tratamento, mas na saída não tem ninguém da família aguardando, então ele volta para ruas e para a dependência."
Rodrigo Garcia, governador de SP e pré-candidato à reeleição

Ao falar sobre pandemia, o tucano negou que possa retomar a obrigatoriedade do uso de máscaras: "[Essa decisão] está descartada". Ele também disse que não há previsão de novas restrições. "No horizonte não tem nenhuma expectativa de novas medidas restritivas", afirmou.

Próximas sabatinas em SP

  • Vinicius Poit (Novo) - 04/05 - 16h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - 05/05 - 10h
  • Gabriel Colombo (PCB) - 05/05 - 16h
  • Altino de Melo (PSTU) - 06/05 - 10h
  • Fernando Haddad (PT) - 06/05 - 16h

O que diz a pesquisa Datafolha

O ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) lidera a intenção de votos, com 29%. Em segundo lugar, está o ex-governador Márcio França (PSB), com 20%.

O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), têm um empate técnico, com 10% e 6%, respectivamente.