Topo

Em sabatina, Doria defende orçamento nas mãos do presidente e privatizações

Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/04/2022 12h37Atualizada em 28/04/2022 15h02

Pré-candidato à Presidência pelo PSDB, João Doria se definiu como um "liberal social" durante a sabatina UOL/Folha de hoje, conduzida pelo colunista do UOL Josias de Souza, pela repórter da Folha Catia Seabra e pela apresentadora Fabíola Cidral. "Hoje eu compreendo a dimensão do papel que cabe a um governo em atender os mais pobres e agir em prol daqueles que são vulneráveis."

Ele também se posicionou a favor das privatizações e disse que sua primeira medida se for eleito vai ser "retomar o controle do orçamento".

Atualmente, o governo Bolsonaro tem ficado sob o controle do centrão, que define para onde vão as verbas das emendas parlamentares.

"Jamais transferir isso para o Legislativo. Foi um erro do atual governo. A responsabilidade é do Executivo. Você, eleito presidente da República, tem que governar, tem que ter coragem para liderar o país."

Ele disse se considerar enganado pelas promessas de Bolsonaro, "assim como milhões de brasileiros foram enganados também".

"Bolsonaro falava em política liberal, desestatizante, falava de manter a Lava Jato, a investigação, o combate ao crime, prometia defesa ambiental... Promessas que não foram cumpridas logo nos primeiros meses de governo", criticou Doria, concluindo que, por isso, "hoje Bolsonaro tem metade do capital político que tinha em 2018".

Doria foi perguntado se cogitaria votar em Bolsonaro novamente, mesmo se ele fizesse mudanças em suas propostas de governo. Mas o tucano descartou essa possibilidade e só se dispôs a conversar com o presidente.

"Não daria voto. Mas o diálogo não depende do voto. Para dialogar não precisa votar. Seja para eleições ou para garantir governabilidade, romper o diálogo é só para quem advoga pela ditadura", disse Doria.

Doria 'paz e amor'

O ex-governador de São Paulo adotou uma atitude "paz e amor" e defendeu diálogo até com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e partidos de esquerda: "Não há razão para não manter o diálogo aberto com o Lula, com o PT, com os partidos de esquerda".

De acordo com as pesquisas eleitorais atuais, Lula disputaria o segundo turno com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Sobre uma possível aliança com o petista, Doria respondeu: "Só nos regimes autoritários é que não há diálogo, há imposição. O Brasil precisa preservar a sua democracia".

Sobre apoio ainda no primeiro turno com o Lula, o ex-governador afirmou: "No ponto de vista eleitoral, não. No ponto de vista partidário, de respeito à democracia, sim".

Também disse que a construção da chamada terceira via ainda está em aberto.

"É um trabalho em progressão, mas não invalida o bom entendimento entre os quatro partidos. É natural que haja situações convergentes ou não, mas o diálogo é contínuo. É um diálogo no melhor sentido para encontrar uma alternativa que possa romper polarização entre Lula e Bolsonaro", afirmou.

Entretanto, ele opinou que, por ora, o União Brasil aparenta sair dessa aliança, apresentando uma candidatura própria, com Luciano Bivar, presidente do partido, na cabeça de chapa, o que tiraria desse grupo mais da metade da verba dos fundos eleitoral e partidário.

"O Luciano Bivar me disse ao telefone que na quarta-feira da semana que vem (4) vai apresentar a decisão do União Brasil. A tendência é caminhar sozinho. Se assim for, vamos respeitar. Mas não há ruptura. Não há conflito. Há entendimento", declarou o tucano.

Cada dia com sua agonia. Temos que fazer um exercício diário. Na política, é difícil fazer futurologia. E cada dia é uma eternidade. Precisamos seguir no exercício do diálogo.
João Doria, pré-candidato do PSDB à Presidência

Com a federação feita com o Cidadania, ele chamou esse apoio de "inseparável". Ainda negocia com o MDB, que teve o nome da senadora Simone Tebet lançado como pré-candidata. Ele disse que não se prioriza como cabeça de chapa, diferentemente do que afirmou a senadora em sabatina UOL/Folha.

"Temos que ter o bom entendimento de que a prioridade é o Brasil, não nós. Eu não me priorizo e nem excluo nenhuma alternativa. Não estou fazendo críticas contra a Simone Tebet, mas a prioridade é o Brasil e os brasileiros", disse o tucano.

Sabatina UOL/Folha

A sabatina UOL/Folha já foi realizada com a senadora Simone Tebet, pré-candidata presidencial pelo MDB, com Ciro Gomes, do PDT, com Vera Lúcia, do PSTU, e com Luiz Felipe d'Avila, do Novo.

Doria tem 2% de intenção de voto na mais recente pesquisa Datafolha, assim como André Janones (Avante). Luiz Felipe d'Avila (Novo) apresenta 1%, mesmo percentual de Simone Tebet (MDB) e Vera Lúcia (PSTU). Lula (PT) lidera, com 43%; Jair Bolsonaro (PL) vem em seguida, com 26%; Sergio Moro (União Brasil) tem 8%; e Ciro Gomes (PDT), 6%.

O deputado federal André Janones, que seria sabatinado na sexta, desistiu em cima da hora. Lula e Bolsonaro (PL) não confirmaram participação.