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D'Avila iguala Lula e Bolsonaro e fala em ameaça à democracia com populismo

Henrique Sales Barros e Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/04/2022 10h39Atualizada em 27/04/2022 14h07

O pré-candidato à Presidência da República pelo partido Novo, Luiz Felipe D'Avila, criticou o corporativismo político e a terceira via, que considerou ter sido "capturada pelos caciques partidários". "Eles [caciques] estão preocupados com quantos deputados vão eleger. O bom negócio da política é eleger deputado federal, e não discutir candidatura majoritária."

Também prometeu fazer uma campanha ao custo de R$ 4 milhões e ter uma vice mulher, vinda dos quadros de seu próprio partido.

O cientista político ainda defendeu ampliar as parcerias público-privadas para melhorar a eficiência do país e afirmou que o valor do auxílio emergencial, de R$ 400, tem que ser revisto, sendo focado em dar mais a quem precisa mais.

D'Avila participou da sabatina do UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, feita pelo colunista do UOL Josias de Souza e pela repórter da Folha Catia Seabra, com mediação da apresentadora Fabíola Cidral.

O pré-candidato, que defendia a unificação da terceira via, afirmou que a união entre os candidatos foi prejudicada pelos interesses dos presidentes de partidos. "A democracia brasileira está em risco e precisamos discutir propostas. Mas, infelizmente, as conversas da terceira via foram sequestradas por esse caciquismo", disse D'Avila.

Com um discurso contra o populismo, o político diz que a polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), coloca a democracia brasileira em risco. D'Avila chegou a comparar o cenário atual com o vivido pelo país em 1963, antes da ditadura.

"Estamos à beira de ver a democracia entrar em crise, como em 1963, mas desta vez não será golpe. O golpe será o do populismo, esgarçando a credibilidade das instituições", declarou o presidenciável do Novo.

"Teremos que ir para a trincheira para lutar pelo Brasil e pela democracia", afirmou. "É uma vergonha. É o fim da democracia se Lula ou Bolsonaro vencerem a eleição."

Ao falar sobre economia, o presidenciável disse que o problema do Brasil está no desperdício de dinheiro e defendeu uma maior presença da iniciativa privada na gestão pública. "O que o Brasil precisa é de um estado eficiente, que funciona, e o estado funciona com parceria público-privada, com concessão", afirmou.

D'Avila defendeu ainda que existam parcerias público-privadas em áreas como educação, segurança pública e saúde, e disse que os novos controladores de setores privatizados vão "separar o joio do trigo" entre os servidores. "Tem muita gente boa que vai ser mantida, vai ganhar até mais, e outras vão ser demitidas", declarou.

O político disse ainda que "é uma decepção" a aliança do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) com Lula. "Alckmin defendeu as reformas do Estado, a reabertura da economia. E o que Lula é? Representa o oposto", afirmou. Em 2018, D'Avila, que também se declarava tucano, fez parte da equipe que elaborou as propostas de governo de Alckmin.

Sabatinas UOL/Folha

D'Avila apresenta 1% de intenção de voto na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 24 de março. Ele registra o mesmo percentual de Simone Tebet (MDB) e Vera Lúcia (PSTU). Lula (PT) lidera, com 43%; Jair Bolsonaro (PL) vem em seguida, com 26%; Sergio Moro (União Brasil) tem 8%; Ciro Gomes (PDT), 6%; e João Doria (PSDB) e André Janones (Avante), 2% cada um.

A estreia foi com a senadora Simone Tebet, do MDB, seguida de Ciro Gomes, do PDT, e Vera Lúcia, do PSTU.

Próximas sabatinas

  • João Doria (PSDB) - 28/4 - 10h
  • André Janones (Avante) - 29/4 - 10h

O ex-presidente Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro, não confirmaram participação nas sabatinas. A campanha de Lula disse que vai esperar a oficialização da pré-candidatura. Já a equipe de Bolsonaro não respondeu.