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Ciro defende diálogo com União Brasil e PSD e sobe o tom contra Lula

Allan Brito e Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/04/2022 10h17Atualizada em 20/04/2022 14h02

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) defendeu a união com uma parte da chamada terceira via e subiu o tom ao falar sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando o petista de mentiroso e criticando a movimentação que ele tem feito junto aos partidos de esquerda.

As declarações foram feitas durante sabatina UOL/Folha apresentada por Fabíola Cidral e conduzida pelo colunista do UOL Josias de Souza e pela jornalista da Folha de S.Paulo Catia Seabra.

Ciro confirmou que está conversando com membros do União Brasil e do PSD e negou que irá se impor para ser o cabeça da chapa. "Eu sento para dialogar. Nem eu exijo que ninguém retire candidatura, nem posso chegar admitindo me retirar como candidato", disse.

Ele já criticou esses mesmos partidos, chamando políticos do PSL, que se fundiu com o DEM para criar o União Brasil, de "viúvas do bolsonarismo". Diz que fez essas declarações "olhando para a eleição passada". "Se as pessoas rompem com esse passado de forma honesta, inclusive fazendo autocrítica, quem sou eu para julgar essas pessoas", afirmou, citando que "70% do povo em São Paulo também é ex-bolsonarista, porque foi enganado".

"O [Luciano] Bivar [presidente do União Brasil] me convidou para um jantar há um mês e perguntou se eu aceitaria sentar em uma mesa de diálogo com tantas forças que representam antagonismo à polarização que também censuro. Considero que dialogar é fundamental. Mas minha condição é não ter inimigo da República no diálogo", disse, se referindo ao ex-ministro Sergio Moro, que se filiou recentemente ao União Brasil.

'Destruindo quem possa fazer sombra'

Ex-ministro de Lula, o pedetista criticou a movimentação que o ex-presidente tem feito junto aos partidos de esquerda. "Tenho me movimentado respeitando as organizações. Diferentemente do Lula, que está destruindo organizações partidárias que podem fazer sombra a um pensamento mais crítico e progressista, como está fazendo com PSOL e PCdoB e PSB, que é uma tragédia", criticou.

Ciro afirmou que nenhuma aliança é possível com o petista. "Lula é parte central do problema. A despolitização, a falta de pudor, a falta de humildade, o não aprendizado. Uma companheira nossa perdeu olho em 2016 e, no ano seguinte, Lula estava com promotores do golpe. O Lula acabou de fazer acordo com Geddel Vieira Lima na Bahia. Lula não aprendeu nada. Ele está dizendo que vai manter presidente do Banco Central do Bolsonaro. Não é possível conciliar com isso, isso está destruindo o Brasil. Não há nenhuma chance de voltar a se aliar com Lula".

Questionado sobre a viagem que fez a Paris, durante o segundo turno das eleições de 2018, o ex-governador do Ceará disse que essa "é outra mentira do Lula". "Não viajei para não votar. Votei no Haddad."

O pré-candidato lembrou que foi convidado para ser vice de Lula em 2018, enquanto o petista estava preso, tendo negado o papel que foi assumido na sequência por Fernando Haddad (PT).

Ciro disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, é pior do que Lula.

Pior é Bolsonaro, porque é grande corrupto, incompetente e é fascista. Lula é uma pessoa que não tem escrúpulos, é arquiconservador, está destruindo a política do campo progressista, mas é do campo da democracia. Isso faz uma diferença."
Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT

Ele desafiou o atual presidente a participar de um debate. "Ele não vai no debate comigo, ele tem pavor, porque comigo não tem como ele fazer essas jogadas bobocas de costume. Só faz com Lula, porque Lula é o prato perfeito dele. Como o Lula vai discutir corrupção com Bolsonaro?", afirmou Ciro.

Sobre os planos para o futuro, o pedetista disse que não tem intenção de se candidatar novamente caso seja eleito e que seu principal objetivo será fazer uma grande reforma no país.

"Eu vou entregar minha reeleição em troca da reforma que o país precisa. Portanto será a minha última eleição, eu não quero disputar mais a reeleição. Vou ganhar essas eleições, se for a vontade de Deus e do povo brasileiro, e vou me entregar 100% para a reforma do país. Não tenho interesse em me reeleger", declarou.

A primeira entrevista foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 24 de março, Ciro Gomes aparece com 6% das intenções de voto, atrás de Sergio Moro (União Brasil), com 8%, Jair Bolsonaro (PL), com 26%, e Lula (PT), com 43%.

Próximas sabatinas

  • Vera Lúcia (PSTU) - 26/4 - 10h
  • Luiz Felipe D'Avila (Novo) - 27/4 - 10h
  • João Doria (PSDB) - 28/4 - 10h
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