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Weintraub critica Bolsonaro: 'Hoje ou é com Lula, ou continua piorando'

Do UOL, em São Paulo

07/04/2022 15h34Atualizada em 08/04/2022 08h18

Em um áudio compartilhado por internautas nas redes sociais, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub critica as alianças que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez durante seu governo. Weintraub declara que "ou é com Lula, ou a gente continua piorando", em referência à tentativa de reeleição de Bolsonaro.

Após a repercussão do áudio, o ex-ministro afirmou, em seu Twitter, que "jamais apoiaria" o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O presidente Bolsonaro, ao se aliar ao centrão, transformou um sonho que a gente tinha, de mudança no país, em um pesadelo. Porque hoje, ou é com Lula, ou a gente continua piorando, porque com ele [Bolsonaro] vai continuar piorando", declarou.

"Historicamente, o segundo mandato de um presidente costuma ser pior do que o primeiro, não é no Brasil, é no mundo inteiro. Um segundo mandato do presidente Bolsonaro, mais fraco do que o atual, vai ser um horror. Então hoje, eu vejo isso, o melhor cenário é ruim, e a gente tem que se preparar para a resistência", acrescentou no áudio.

Nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro interpretaram o trecho como um anúncio de apoio a Lula. Alguns chegaram a chamar o ex-ministro de "traíra".

Depois da repercussão, Weintraub disse que "jamais apoiaria o Lula". "Eu falo claramente que a melhor alternativa é a reeleição do Bolsonaro. Porém, não será bom!".

Inicialmente, o áudio circulou nas redes sociais como se tivesse sido vazado, mas uma internauta chamada Nia Weintraub disse que os comentários do ex-ministro aconteceram no Spaces, que é uma sala virtual pública criada por usuários do Twitter. A roda de conversa entre apoiadores do presidente Bolsonaro teria durado sete horas.

"Colocaram cabresto no Bolsonaro"

Durante a conversa no Twitter, Weintraub fez mais críticas a Jair Bolsonaro, seu ex-chefe.

"No Bolsonaro, colocaram o cabresto nele, essa é a verdade. O mecanismo o dominou, o governo calou o presidente. [...] O presidente hoje já não manda mais", explicou.

"Eu e meu irmão [Arthur Weintraub], eles tentaram nos encabrestar, mas nós não deixamos. Você pode ver isso na diferença entre o Ministro da Educação antes e depois do mim", acrescentou.

"Lula se fantasiou de Evo Morales"

O ex-ministro também comentou as recentes falas de Lula, que sugeriu a apoiadores que mapeiem o endereço dos parlamentares para "incomodar a tranquilidade deles".

Na opinião de Weintraub, o discurso de Lula foi uma tentativa de reconquistar "a militância esquerdista", após a aliança com Geraldo Alckmin (PSB).

"O que me chamou a atenção é que, para aumentar o leque dele, ele teve que trazer para dentro o Alckmin, e isso tirou muita energia da militância. É muito difícil para a militância esquerdista engolir o Alckmin, e aí ele fez um contraponto, ele se fantasiou de Evo Morales e acredita que daqui a dois meses já esqueceram disso", pontuou, citando o ex-presidente da Bolívia.

O ex-ministro de Bolsonaro disse ainda que Lula conhece bem Brasília, pois os membros do Congresso "têm medo" dele.

"O Lula chegando ao poder, ele conhece tudo, ele sabe de tudo, ele sabe onde é a tomada 110V e 220V, ele sabe o que precisa ser feito para ele tomar o poder de fato na mão", afirmou.

'ZV' e sentimento contra centrão

Nas redes sociais, o ex-ministro da Educação se expressou contrário ao centrão, chamando parte dos políticos desse grupo de ZV. Essa não é a primeira vez que Weintraub mostra descontentamento com essa ala política. Em janeiro, ele disse que Bolsonaro precisou se aliar ao grupo para não sofrer impeachment.

O grupo do centrão denominado 'ZV' se refere a "olhos verdes", diz o ex-ministro em outras postagens, e teria sido "criado para destruir os conservadores". O logo, uma abelha com "ZV" ao lado, aparece na gravação do trecho postado por 'Allan Opressor', perfil que inicialmente compartilhou o áudio de Weintraub.