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PL retira ação que pedia fim de manifestações políticas no Lollapalooza

Pabllo Vittar faz "L" durante apresentação no Lollapalooza neste sábado (26) - Reprodução
Pabllo Vittar faz "L" durante apresentação no Lollapalooza neste sábado (26) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

28/03/2022 19h06

Partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL (Partido Liberal) decidiu retirar a ação que a própria legenda impetrou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo o fim de manifestações políticas realizadas no festival Lollapalooza, em São Paulo.

PARTIDO LIBERAL - 22, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente, requerer a desistência da ação com consequente arquivamento do feito. Trecho do documento

Segundo informação do jornal "Folha de S.Paulo", o pedido partiu de Bolsonaro ao presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.

Os advogados do Partido Liberal haviam entrado com uma representação no TSE, no fim de semana, contra os organizadores do festival de música. Na ação, eles alegavam que a cantora Pabllo Vittar entrou no palco com uma bandeira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possível adversário do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano.

Na representação enviada ao TSE, o partido também cita a cantora britânica Marina, que também ontem xingou tanto Bolsonaro quanto o presidente russo Vladimir Putin durante sua apresentação.

"O PL entrou com uma representação, no sentido de alertar os organizadores do evento sobre uma eventual 'campanha política antecipada', o que não é permitido pela Lei Eleitoral", informou inicialmente a assessoria do partido ao UOL. "A intenção do Partido é fazer um alerta aos organizadores do evento."

A legislação eleitoral proíbe campanha e comícios antes de 16 de agosto.

Ao acatar o pedido do PL, o ministro do TSE Raul Araújo Filho argumentou que as manifestações políticas de cantoras como Pabllo Vittar e Marina no Lollapalooza são propaganda eleitoral antecipada - portanto, irregular - por apresentarem o ex-presidente Lula como supostamente "mais apto" que Bolsonaro. Os dois são os principais candidatos ao Palácio do Planalto este ano e Lula é líder nas pesquisas de intenção de voto.

Procurado, o TSE não se manifestou.

Erro em CNPJ

Inicialmente, a legenda bolsonarista incluiu na representação as empresas Lollapalooza Brasil Serviços de Internet Ltda e Latin Investment Solutions Participações Ltda, que estão inaptas na Receita Federal desde 2018 e 2019, respectivamente. Após identificar o erro, o PL apresentou ao TSE uma correção do CNPJ da empresa responsável pelo festival, a T4F Entretenimento.

Apesar de não estar formalmente envolvida no processo - já que o CNPJ inicialmente informado foi outro -, a T4F se apresentou espontaneamente ao TSE.

"A T4F desconhece por completo as duas empresas representadas, que não têm qualquer relação com a atual organização do Festival. Contudo, de boa-fé, a T4F se apresenta como produtora do evento", diz a peça da empresa na Corte Eleitoral.

O erro fez com que a empresa não fosse notificada a tempo, antes do término do festival.

Artistas e manifestações políticas no Lolla

Na sexta-feira (25), no fim do show no Lollapalooza, Pablo gritou "Fora, Bolsonaro" e fez um espacate. Antes de deixar o palco, ergueu uma bandeira com a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em outros shows também houve protesto contra Bolsonaro. No sábado (26), na apresentação do cantor Silva, uma das atrações do palco Budweiser, a plateia presente xingou o presidente, puxando o coro: "Ei Bolsonaro, vai tomar no c*". Também houve manifestações da banda Detonautas.

Já o cantor Jão pediu para que adolescentes tirem o título de eleitor e participem da votação presidencial de 2022. Ele ainda incentivou o coro de "fora Bolsonaro" puxado pelo público.

O rapper Emicida entrou no palco chamando o show de "Lulapalooza" e também pediu que os adolescentes tirassem título de eleitor.