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Bolsonaro diz que já escolheu vice e dá 'dicas' que levam a Braga Netto

Do UOL, em São Paulo*

21/03/2022 10h20Atualizada em 21/03/2022 16h41

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou hoje que já escolheu o vice de sua chapa para disputar a reeleição ao Palácio do Planalto. Ele não revelou o nome do escolhido, mas disse que se trata de alguém que ocupa um dos ministérios de seu governo, é natural do estado de Minas Gerais e também fez colégio militar. As "dicas" indicam para o general Walter Braga Netto.

O militar comanda o Ministério da Defesa. Além disso, Braga Netto é natural de Belo Horizonte e formado pela Academia Militar de Agulhas Negras, na turma de 1978.

  • Veja essa notícia e análises de Marco Antonio Villa no UOL News com Fabíola Cidral:

"Vocês vão adivinhar quem vai ser o meu vice pelas possíveis saídas de ministros. Não é um vice para ajudar a ganhar a eleição, é um vice para ajudar a governar o Brasil. Eu tenho que ter um vice que não tenha ambições de sentar na minha cadeira. O vice vai ser de Minas Gerais. [...] E vou dar mais dica, é de Belo Horizonte e fez colégio militar também", disse Bolsonaro em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

Durante a entrevista, o presidente afirmou ainda que o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que participava da conversa, conseguiria adivinhar o vice escolhido.

"Um homem leal, competente e sério, e acima de tudo, muito discreto e eficiente. Então eu espero que seja ele o mineiro que o senhor está se referindo. Para termos novamente um bloco do presidente Bolsonaro, agora, se Deus quiser, com Braga Netto", comentou o ex-chefe da pasta ao falar sobre seu "palpite e desejo".

A possível escolha de Braga Netto passou a ser cogitada após o general Hamilton Mourão, que hoje ocupa o cargo de vice, decidir concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

Bolsonaro diz ser perseguido pelo TSE

Bolsonaro também afirmou que é perseguido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), citando o nome do ministro Alexandre de Moraes, que hoje é vice-presidente da Corte Eleitoral. "Nós sabemos a posição do Alexandre de Moraes. Foi uma perseguição implacável para cima de mim. Tivemos momentos difíceis no ano passado quando o TSE julgou a possibilidade de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por fake news. Eu até respondi processo por abuso de poder econômico", disse.

O presidente ainda sugeriu que alguns ministros querem "Lula eleito". "Nós sabemos o que eles querem, o que alguns querem para o Brasil. Não são todos, nem uma instituição. Querem eu fora de combate e o Lula eleito", acrescentou.

Na última quinta-feira (17), Moraes pediu o bloqueio do Telegram em todo o Brasil, mas revogou ontem a própria decisão de bloquear o aplicativo de mensagens russo após a plataforma cumprir decisões judiciais para combater a disseminação de desinformação.

O Telegram é a principal ferramenta que Bolsonaro usa para entrar em contato com seus seguidores. A plataforma, ao contrário do WhatsApp, é mais flexível para manter um canal de comunicação com um número maior de usuários.

Em uma entrevista ao Palácio da Alvorada, o presidente ainda manteve sua artilharia contra o STF e chamou a proibição do Telegram de "crime". "Um crime, um ato lamentável que, em tempo, ele resolveu recuar", declarou o presidente sobre a decisão. "São milhões de pessoas que usam Telegram, você não pode prejudicar. Usam para fazer negócios".

Bolsonaro ainda voltou a dizer que as Forças Armadas vão participar do processo eleitoral, o que garantiria lisura ao pleito. "Voto impresso não se discute mais", declarou. "Pelo que eu estou sabendo, o Braga Netto teria apresentado sugestões ao TSE para que se dissipasse a possibilidade de fraude", acrescentou. "A gente espera que não tenhamos surpresa por parte do TSE".

O presidente afirmou, ainda, que aguarda resposta a uma consulta feita ao TSE para saber se pode reduzir o imposto sobre o combustível em ano eleitoral. "Pode ser crime", considerou o presidente, na entrevista coletiva.

O governo estuda a possibilidade de desonerar a gasolina de PIS/Cofins para conter a alta do produto nos postos. Os tributos sobre o diesel e o gás de cozinha já foram zerados por um projeto aprovado no Congresso. "Salto do combustível está no mundo todo e espero que seja temporário", acrescentou o presidente.

As declarações foram feitas durante cerimônia de uma mostra de veículos a biometano na residência oficial. "O Brasil é exemplo para o mundo, em especial na geração de energia limpa. Eu tenho habilitação para pilotar caminhão", esclareceu Bolsonaro, que dirigiu um veículo movido a biometano na companhia do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Irritação

Em meio às tensões entre Bolsonaro e o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, por conta do reajuste dos combustíveis, o chefe do Executivo abandonou a coletiva de imprensa improvisada em frente ao Palácio da Alvorada ao ser questionado se pretende trocar o comando da empresa.

Em um primeiro momento, Bolsonaro disse que não entraria em detalhes sobre o tema. Com a insistência de jornalistas na pergunta, Bolsonaro encerrou as declarações. "Obrigado", limitou-se a dizer, deixando o local em seguida.

Aniversário

O presidente ganhou uma festa de aniversário organizada por apoiadores no "cercadinho" do Palácio da Alvorada. Bolsonaro completa 67 anos nesta segunda-feira. "Eu sou a tia do zap. As tias do zap vão reeleger o presidente Bolsonaro", afirmou uma senhora na chegada ao local.

Os simpatizantes usavam verde e amarelo, traziam balões e um bolo de ameixa com abacaxi com a foto do presidente. Eles também cantaram "Parabéns a você". "Parabéns, presidente Bolsonaro 22", dizia um cartaz. Bolsonaro conversou rapidamente com os apoiadores.

* Com informações do Estadão Conteúdo