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Brasil elegerá presidente evangélico um dia, diz aliado de Bolsonaro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/03/2022 11h40Atualizada em 10/03/2022 12h32

O deputado federal e líder da bancada evangélica na Câmara, Sóstenes Cavalcante (União Brasil-RJ), afirmou hoje, ao UOL Entrevista, que acredita na eleição de um presidente evangélico no Brasil algum dia. Recém-chegado à presidência da Frente Evangélica, Sóstenes é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do pastor Silas Malafaia.

"Eu tenho convicção que isso [de elegermos um presidente evangélico no Brasil] um dia vai acontecer. Nós tivemos na história recente, apesar de ainda não sermos 30% [à época] como somos hoje, tivemos uma quase candidatura do ex-governador do Rio Garotinho que é um evangélico, e também da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que é evangélica e de esquerda."

O parlamentar afirmou que os evangélicos querem chegar no "máximo possível" porque uma ordenação da fé é "levar o que acreditamos a todas as pessoas". No entanto, ele explicou que o crescimento do grupo religioso e, consequentemente, a sua presença em vários setores não faz parte de um "projeto de poder".

Nós, evangélicos, não teremos limite para a nossa ação de fé evangelizadora, como não teremos limites para ocupar os espaços de poder dessa nação. (...) Vai ser natural que, em algum momento, até pelo crescimento, segundo os dados estatísticos, em 2030, 2035 no máximo, haverá no Brasil uma maioria evangélica pelo número e pela curva ascendente que temos de crescimento de segmento. Isso vai ser uma coisa natural, não é um projeto de poder. Naturalmente essa conquista de espaço vai acontecer pelo nosso crescimento, é sociológico.
Sóstenes Cavalcante (União Brasil-RJ), deputado federal e líder da bancada evangélica na Câmara

Questionado pela apresentadora do UOL Entrevista Fabíola Cidral, Cavalcante declarou que o Brasil não deixaria de ser um estado laico, mesmo se houver um governo claramente evangélico no poder. Ele ainda afirmou que vê com "bons olhos" e não acha que ter um presidente evangélico no país "possa assustar" a população.

"Temos origem no protestantismo, sempre temos autoridade moral e histórica para separar igreja de estado. Nós nunca vamos querer, jamais aceitaremos um estado religioso. Esta não é a história do protestantismo, ao contrário, nós nos revoltamos contra o Estado Romano, este sim, único estado com mistura entre Igreja e estado. Nós nunca praticaremos isso", comentou.

Cidral reforçou o questionamento ao perguntar se um governo evangélico não afetaria direitos civis daqueles grupos que não seguem essa religião e Cavalcante rebateu.

"Eu vejo na prática o que acontece em outros países com presidentes evangélicos. Nós temos inúmeros países com presidentes evangélicos que respeitam todas as garantias de direitos e a democracia não é ditadura."

"Eu estou defendendo que algum momento vai ser natural ter um presidente evangélico, mas ele não vai impor suas crenças e seus valores a todos. É um sistema democrático de direito na sua perfeição funcionando. Por que não pode ser um evangélico? Pode ser católico, ateu, espírita. Um evangélico não pode ser presidente?", questionou.

Assista à entrevista completa do deputado federal Sóstenes Cavalcante (União Brasil-RJ) ao UOL Entrevista: