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SP: Em reunião com Lula, França volta a sugerir pesquisa para definir chapa

Márcio França (PSB) se encontrou com Lula (PT) hoje - SUAMY BEYDOUN/AGIF /ESTADÃO CONTEÚDO
Márcio França (PSB) se encontrou com Lula (PT) hoje Imagem: SUAMY BEYDOUN/AGIF /ESTADÃO CONTEÚDO

Leonardo Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 18h09Atualizada em 22/02/2022 20h18

O encontro entre o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde de hoje terminou sem definição sobre a possível federação envolvendo os dois partidos na disputa para o governo de São Paulo.

França contou ter levado ao ex-presidente a sugestão de contratar uma pesquisa eleitoral para simular um pleito com Fernando Haddad (PT), que disputa liderar a chapa com França —não foi a primeira vez que o pessebista falou sobre isso.

O presidente compreendeu meus argumentos. PSB e PT têm tendência de caminhar juntos no Brasil. Em São Paulo, ele [Lula] irá conversar com Haddad e Gleisi."
Márcio França (PSB), em conversa com jornalistas ao final do encontro

Para o ex-governador, Lula está "receptivo à ideia". Quando essa pesquisa seria feita e quais critérios seriam analisados também não foi definido.

França não descarta a possibilidade de lançar uma segunda candidatura, caso Haddad não abra mão da disputa —mas reconhece que isso afastaria os dois partidos. "Lula deu até a entender que poderia ser (duas candidaturas). Acho que duas candidaturas, na prática, é difícil sem fazer que haja divergência. Ninguém vai pra disputa pra não ganhar", disse.

Para ele, a conversa de hoje caminha para um acordo. "Na prática, como você tem dois quadros mais relevantes e experientes, quem sabe a gente consegue formatar. Eu saí convicto que vai formatar [a chapa]."

Análise da candidatura

França já havia manifestado a vontade de realizar uma pesquisa para definir quem seria o candidato mais bem colocado e disse ter conversado com dirigentes pesquisas sobre a ideia.

PT, PSB, PV e PCdoB negociam uma federação partidária para as próximas eleições. Se a costura der certo, os partidos deverão permanecer unidos pelos próximos quatro anos e só poderão indicar um candidato às eleições que irão disputar —o acordo valerá nos pleitos federal e estaduais.

Segundo o ex-governador, Lula, agora, irá analisar a proposta e conversar com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Não há previsão para essa reunião, por enquanto.

Lula e França se encontraram no Instituto Lula, na capital paulista, e conversaram durante duas horas.

Lula acredita que precisa de Haddad em SP para aumentar suas chances

O PT considera fundamental para a campanha de Lula ao Planalto que Haddad seja candidato ao governo de São Paulo, dando palanque ao ex-presidente no estado mais populoso do país.

Além disso, o PT não terá candidaturas para governador nos outros três estados do Sudeste, região considerada estratégica para as pretensões de Lula voltar ao Planalto.

  • No Rio de Janeiro, apoiará o deputado federal Marcelo Freixo (PSB).
  • Em Minas Gerais, deverá estar com Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte.
  • No Espírito Santo, mesmo com alguns ruídos, caminha para estar na campanha de Renato Casagrande (PSB) à reeleição.

A situação envolvendo França é o último ponto que precisa ser acertado em São Paulo. E, para resolver a questão, Lula trouxe o problema para seu colo, segundo aliados.

Antes dele, o partido, com o apoio de França, tirou da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes o ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB, sem partido), que, agora, deverá ser vice na chapa ao Planalto encabeçada por Lula.

Outro entrave era a possível candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) ao governo paulista. Hoje, o PSOL já admite, internamente, abrir mão de ter Boulos na disputa majoritária em prol de um protagonismo na eleição estadual, seja ocupando a vaga de vice de Haddad ou uma candidatura ao Senado. A expectativa é que Boulos dispute uma vaga para deputado federal.

Em contrapartida, o PSOL receberia o apoio do PT na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024. Fontes do UOL dizem que os petistas já decidiram que não terão candidato daqui a dois anos para o comando da capital paulista. Oficialmente, o PSOL, porém, mantém o discurso de que nada mudou e Boulos disputa o governo.

A Prefeitura de São Paulo é um problema também para o PSB, que quer ter a deputada federal Tabata Amaral como candidata em 2024.

Para França, uma das ideias que têm sido ventiladas é de que ele dispute uma vaga para deputado federal e, caso Lula seja eleito, tenha a possibilidade de integrar o governo do petista, ocupando um ministério.

Também se fala em uma candidatura para o Senado, mas, com apenas uma vaga em disputa, o cenário é visto como arriscado. Ser vice de Haddad é uma hipótese remota, praticamente descartada.

Hoje, França disse que Lula não fez propostas para outros cargos, mas não descartou a possibilidade. "Nós vamos discutir uma eventual situação nova se ela surgir", disse.

Na equipe de França, o discurso ainda é de defesa pela candidatura dele ao governo, sustentando a necessidade de um critério —seja pesquisa, prévias, ou outra forma— para a escolha do candidato.