Mesmo perdendo, Marina Silva ganhou 2 milhões de votos em relação a 2010
Do UOL, em São Paulo
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Fábio Braga/Folhapress
Marina Silva dá entrevista após derrota nas urnas neste domingo (5)
Fora do segundo turno das eleições, a candidata Marina Silva (PSB) teve um resultado nas urnas maior do que o obtido em 2010. Com 21% dos votos válidos agora, ante 19% há quatro anos, Marina ganhou mais de 2 milhões de votos neste ano.
Em 2010, ainda filiada ao PV, ela fechou a apuração com 19,6 milhões de votos. No segundo turno, manteve-se neutra, não apoiando nem Dilma Rousseff (PT) nem José Serra (PSDB).
Vice de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto, a candidata entrou tardiamente na disputa e causou mudanças no cenário eleitoral. As pesquisas chegaram a colocá-la empatada com Dilma no primeiro turno e vencedora na segunda etapa das eleições.
A possibilidade de eleição da pessebista fez a campanha do PT subir o tom contra a candidata. Contra ela, por exemplo, associou a proposta de autonomia do Banco Central a um empobrecimento da população e explorou contradições em seu programa de governo.
Encurralada pelos ataques, Marina demorou a reagir. Chegou, inclusive, a chorar na frente de uma repórter quando perguntada sobre o que achava das críticas de Lula. A candidata foi ministra do Meio Ambiente do governo do petista.
Aécio Neves também aproveitou a campanha eleitoral para atacar sua principal rival por uma vaga no segundo turno. Peças publicitárias associaram Marina ao PT e ao mensalão.
A estratégia deu certo. Nas duas últimas semanas antes das eleições, a curva das pesquisas eleitorais de Marina mostrou um acentuado declínio, culminando com sua derrota neste domingo.
A recusa de Marina em aceitar apoios costurados pelo PSB também diminuiu seus palanques estaduais. Em São Paulo, por exemplo, a candidata não quis subir no palanque de Geraldo Alckmin, reeleito hoje governador do Estado, e não autorizou a confecção de santinhos nos quais sua foto aparecia ao lado do governador. Depois acabou voltando atrás.
No Paraná, a candidata também foi contra a aliança com os tucanos, que emplacaram Beto Richa em primeiro turno como governador do Estado.
A campanha de Marina foi marcada por duas críticas à velha forma de fazer política, pregando renovação e a formação de um governo com "os melhores" de cada partido. No entanto, em Santa Catarina subiu no palanque de Paulo Bornhausen, filho do ex-governador Jorge Bornhausen, ex-presidente do PFL (hoje DEM) e inimigo histórico do PT.
Agora, o futuro eleitoral de Marina está condicionado ao TSE conceder registro ao seu partido, a Rede Sustentabilidade.