Com força de Cid Gomes, Camilo (PT) e Eunício (PMDB) vão ao 2º turno no CE
Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió
-
Arte/UOL
Eunício Oliveira (PMDB) e Camilo Santana (PT) disputam segundo turno no Ceará
O deputado estadual Camilo Santana (PT), 46, e o senador Eunício Oliveira (PMDB), 62, vão disputar o segundo turno no Ceará, após uma mudança no cenário eleitoral nos dias anteriores à votação deste domingo (5).
Com 100% das urnas apuradas, o candidato petista terminou com 47,81% dos votos válidos, com uma vantagem apertada sobre o seu rival peemedebista, que obteve 46,41%. Na disputa pelo Senado, os eleitores cearenses deram a vitória a Tasso Jereissati (PSDB), que conquistou 57,91% dos votos válidos.
Eunício sempre liderou as pesquisas e era apontado como favorito a ganhar o governo ainda no primeiro turno. Porém, na reta final, foi decisivo o apoio do governador Cid Gomes (Pros) a Camilo. Cid chegou, inclusive, a pedir licença do cargo na última semana para se dedicar mais à campanha do petista.
Eunício era aliado de primeira linha dos Gomes até as eleições municipais de 2012, quando trabalharam juntos pela eleição de Roberto Cláudio (Pros) em Fortaleza. Porém romperam em abril deste ano, quando Eunício decidiu lançar candidatura ao governo à revelia da família.
Cid Gomes é governador desde 2007. Seu irmão Ciro foi governador entre 1991 e 1994. A família tem controle do grupo político que governa várias cidades, entre elas a capital Fortaleza.
Camilo tem uma carreira curta na política e se destacou nos últimos anos como secretário do governo Cid Gomes. Entre 2007 e 2010, foi secretário do Desenvolvimento Agrário. O cargo lhe deu o impulso necessário para, há quatro anos, ser eleito deputado estadual. No segundo governo de Cid, assumiu a Secretaria das Cidades.
Troca de farpas
Durante a campanha, Eunício criticou a posição do governo do Estado, que teria incentivado servidores a ingressarem na campanha de Camilo.
No final de agosto, conseguiu que a Justiça Eleitoral proibisse a participação de funcionários públicos em encontros com o candidato petista durante o horário de expediente. A decisão valeu para empregados das administrações municipais, estadual e federal.
Eunício foi alvo de duros ataques, especialmente do ex-ministro Ciro Gomes, que o chamou de "aventureiro", "mentiroso", "pinóquio" e "petralha".
Apesar das farpas, os dois candidatos alçados ao segundo turno se unem quando o assunto é a disputa presidencial. Ambos apoiam a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Mas o racha na base aliada fez Dilma vetar a presença dos dois candidatos em ato realizado por ela em setembro no Ceará, para evitar uma possível saia justa.
Desafios
O novo governador do Ceará vai enfrentar alguns dos piores indicadores sociais do país. Com 8,7 milhões de habitantes, o Estado tem o terceiro maior índice de homicídios do Brasil, com taxa de 44,6 mortes por 100 mil habitantes, segundo dados do Mapa da Violência 2014, do Instituto Sangari. A média nacional é de 29 mortes a cada 100 mil habitantes.
O trabalhador cearense é o que tem menor renda mensal, com R$ 1.019, ou 40% a menos do que a média nacional.
Eunício afirmou, em seu programa de governo registrado no TSE, que pretende aperfeiçoar o setor de inteligência da polícia, a fim de melhorar as investigações; dar prioridade ao combate contra o tráfico de drogas e reformar as unidades policiais.
Já para melhorar a renda dos cearenses, fala em atrair empresas e "aumentar a inserção internacional da economia, estimulando a vinda de investimentos externos, de maneira a fomentar a criação de emprego e o aumento da renda".