Em debate tenso em Fortaleza, candidatos esquecem propostas e trocam acusações

Carlos Madeiro

Do UOL, em Fortaleza

O último debate entre os candidatos à Prefeitura de Fortaleza, realizado na noite desta sexta-feira (26), foi marcado por uma série de acusações  entre os candidatos Roberto Claudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT).

Os dois passaram quase uma hora trocando críticas entre as gestões do governo estadual e municipal, num encontro tenso. Elmano é apadrinhado da prefeita Luizianne Lins (PT), já Roberto Claudio é ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). As últimas pesquisas mostram os dois candidatos empatados.

Logo na primeira pergunta, Roberto Claudio questionou sobre os saúde pública e o que poderia ser feito para melhorar o atendimento. Na resposta, Elmano falou sobre o aumento no número de médicos feito pela gestão da prefeita Luizianne, mas criticou o governo do Estado no envio de recursos para ao pronto-socorro IJF (Instituto Doutor José Frota).

“O IJF custa R$ 20 milhões por mês, mas o Estado só repassa R$ 400 mil. E a maioria dos atendimentos é de pacientes do interior. Isso é errado”, disse.

Na réplica, Roberto retrucou. “Com o IJF, o Estado não tem obrigação, e mesmo assim transfere recursos. Os municípios também transferem recursos. O que falta é competência para administrar”, afirmou.

Na sua primeira pergunta, Elmano falou sobre os planos de cargos e carreiras (PCCs) para servidores, e Roberto Claudio aproveitou a resposta para acusar o petista de coação. “O que existe hoje são cargos comissionados sendo coagidos, obrigados a atuar como cabos eleitorais. Os professores também. Não é esse tratamento que vou dar a você, servidor de carreira. Você será bem tratado”.

Demonstrando irritação, Elmano respondeu que Roberto estava “faltando com a verdade.”

“Os professores conhecem vossa excelência, quando liderou a negociação, e lembram o que ocorreu com o governo do Estado [em referência à greve dos professores estaduais, que durou mais de 30 dias, em 2011]”, disse, afirmando ainda, na mesma réplica, que Roberto Claudio nomeou pessoas acusadas de corrupção na Assembleia Legislativa (onde é presidente).

Roberto criticou na tréplica. “O candidato Elmano está mostrando que veio com agressividade. Fui eu quem fiz o primeiro PCC da Assembleia. Essas nomeações que ele cita foram feitas pelos gabinetes dos deputados. Os deputados do PT também fizeram. Você não sabe qual e o alvo, Elmano. Não responde nada porque não fez nada em oito anos. Nós iremos fazer ”, disse.

Pedágio e rodízio

Em outro ponto quente do debate, Elmano leu um trecho do que seria o programa de governo de Roberto Claudio, onde ele diria que iria implantar pedágio e rodízio de veículos em Fortaleza.

Roberto Claudio negou a ideia. “Você tem criado boatos covardes para assustar o nosso povo. O nosso plano de governo mudou, foi adaptado. Você [da prefeitura] é quem cobra pedágio. Vocês deveriam acabar amanhã ou domingo, questionar na Justiça. Mas vocês não fazem, continuam cobrando o querem falar”, retrucou.

Elmano, na réplica, voltou a atacar o adversário: “Se ele não garante o que escreveu, dá para acreditar no que ele fala?”

Educação

Quando o assunto foi educação, a troca de farpas voltou a se repetir. Ao ser questionado por que o governo do Estado questionou no STF (Supremo Tribunal Federal) o piso dos professores, Roberto Claudio disse que, quando secretário de Educação de Fortaleza, Elmano deixou Fortaleza na 155ª posição no ranking da educação de municípios do Ceará.

“E você ainda apresenta que Fortaleza é a melhor do Nordeste? Essa é a hora da verdade.”

Na tréplica, Elmano revidou. “Perguntei sobre o piso, mas você não respondeu porque você concorda com o governador Cid Gomes, que quer para acabar com o piso do professor, construído pelo PT. A nota do Ideb de Fortaleza, no 9º ano, é melhor do que a nota das escolas estaduais”, disse.

Roberto claudio defendeu o governo do Estado. "No Estado, o Ceará passou a ser o primeiro do Norte/Nordeste. O plano de cargos e carreiras já foi implantado, e o governo paga o piso."

Mobilidade urbana

O tema mobilidade urbana também se transformou alvo de acusações mútuas. Roberto Cláudio perguntou por que o site do candidato dizia que 100% das linhas estavam integradas no sistema em Fortaleza, mas só 2% da população se beneficiaria da integração.

Elmano respondeu questionando os dados. “Nós dissemos que Fortaleza tem a passagem mais barata do sistema integrado. Nós temos responsabilidades com o seu bolso. Ele quer copiar de São Paulo o modelo, e lá a passagem que custa R$ 3. É melhor irmos fazendo aos poucos, mantendo o preço, do que um modelo mais caro”, afirmou.

Na réplica, Roberto Claudio, disse que a prefeitura não conseguiu implantar a integração porque os gestores “foram incompetentes.”

Saúde

O assuntou saúde voltou à tona no último bloco, quando Elmano acusou Roberto Cláudio de aprovar na Assembleia Legislativa uma lei que tiraria R$ 60 milhões da saúde de Fortaleza.

Roberto questionou: “O fundo foi aprovado para aumentar investimentos na saúde de Fortaleza. Por que a prefeitura só veio questionar isso agora? Foi uma coisa boa”, disse.

Elmano questionou a resposta de Roberto Claudio. “A prefeitura questionou, teve de ir ao STF evitar essa perda. É assim que o senhor cuidar da saúde de Fortaleza?”, questionou.

Tema recorrente durante a campanha, a segurança pública voltou a ser motivo de troca de acusações no debate desta sexta-feira. Elmano questionou sobre a atuação do governo do Estado, que não teria conseguido reduzir o índice de violência, e lembrou a greve dos policiais militares no início de 2011.

Roberto Claudio voltou a dizer que o petista estava tentando tirar o foco da discussão sobre o município. “Sou candidato a prefeito. Estou aqui para discutir os rumos da cidade. Vamos discutir nosso papel porque a Luizianne Lins não assumiu o papel da prefeitura em relação a isso. Agora, atacam o governo do Estado. Eu vou triplicar a guarda municipal, que hoje é mil homens. A guarda tem só seis viaturas rodando. Vou comprar mais, montar uma tropa de elite”, disse, tendo os números questionados pelo petista: “A guarda tem 1.500 homens e 32 viaturas.”

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