Após ataques a Dilma, Aécio "paz e amor" encerra campanha de Lacerda em reduto petista

Carlos Eduardo Cherem e Guilherme Balza

Em Belo Horizonte

“Hoje é paz e amor”. Assim o senador Aécio Neves (PSDB) definiu seu estado de espírito neste sábado (6), último dia de campanha antes do primeiro turno, depois de vários ataques à presidente Dilma Rousseff nos últimos dias.

O tucano acompanhou o prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), que escolheu a região do Barreiro, bairro operário de Belo Horizonte, para finalizar sua campanha. O local, berço do surgimento do PT na capital mineira, foi palco dos últimos atos de campanha de Patrus Ananias, inclusive os comícios de Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva.

Aécio foi questionado por uma jornalista que usou a declaração do petista Luiz Dulci, dizendo que o tucano havia sido de uma grosseria “ímpar” com a presidente, ao dizer ontem (5) que ela “precisava descansar” e que estava ficando agressiva como Lula.

“Hoje é um dia só de agradecimentos”, afirmou. “Tenho um respeito pessoal pela presidente. Apenas respondi aquilo que achei impróprio num comício aqui mesmo no Barreiro”, respondeu o senador.

Entretanto, Aécio voltou a cutucar a presidente na sequência, do dizer que a campanha de Lacerda “foi coerente do início ao fim”. “Não tivemos que desdizer aquilo que se dizia há 60 dias atrás, que Marcio era um extraordinário prefeito. Nossos adversários diziam isso, e agora tem de dizer o contrário.”

O senador refere-se a um evento oficial do governo federal no qual Dilma afirma que Lacerda “é um dos melhores prefeitos do Brasil”. A declaração foi dada antes do rompimento entre PT e PSB em Belo Horizonte, que resultou na candidatura de Patrus.

Após dizer nas últimas semanas que Dilma era uma estrangeira e Minas Gerais, Aécio voltou a se qualificar hoje como um belo-horizontino legítimo. “Como filho de Belo Horizonte, cidadão de Belo Horizonte, que vota em Belo Horizonte, eu tenho um orgulho muito grande de ter podido acompanhar o Marcio e o Délio [Malheiros, vice de Lacerda] na campanha.”

Lacerda nega provocação a PT

O candidato socialista negou que o encerramento da campanha no Barreiro tenha algum simbolismo relativo ao PT. “Temos aqui uma boa aprovação pelo trabalho que fazemos”, disse Lacerda. “Então o adversário esteve muito presente aqui nos últimos dias porque está sentindo uma tendência de vitória nossa aqui no Barreiro.”

O prefeito qualificou de “desonesta” a campanha de Patrus, que nos últimos dias circulou um panfleto com as declarações de Délio Malheiros (PV) contra Lacerda. Em entrevista coletiva a cinco dias de aceitar ser vice do socialista, antes de PSB e PT romperem, Malheiros afirmou que Lacerda fazia uso da máquina com fins eleitorais, queria cooptar todos os partidos e, partir dali, seria seu adversário.

“Isso é de uma baixaria completa. É uma campanha desonesta, mentirosa, desleal e desrespeitosa ao eleitor.  Estávamos em uma outra situação. Délio Malheiros estava disputando a possibilidade de ser prefeito. Ele sempre foi um adversário feroz do PT. Ele nos ajudou no meu programa de governo e sabe que tudo aquilo que disse não se aplica ao meu governo”, afirmou.

Lacerda crê em sua vitória ainda no primeiro turno –de acordo com o Datafolha, ele tem 54% das intenções de votos válidos--, mas diz estar disputa a enfrentar o segundo.  “Certeza de alguma coisa na vida é sinal de perturbação mental. Sou uma pessoa tranquila, muito pé no chão. A soberania é do eleitor. A tendência é ganharmos amanhã, mas, se o eleitor decidir o contrário, vamos para a nova disputa”, disse.

Reduto petista

A região do Barreiro, divida em Barreiro de Cima e Barreiro de Baixo, abriga cerca de 80 bairros e tem uma população estimada em 282 mil pessoas. Segundo o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, presidente do Diretório Municipal do PT na capital mineira e coordenador da campanha de Patrus, a legenda foi criada na cidade nos anos 1980, a partir de reuniões e encontro de militantes na região. “O Barreiro é o berço histórico do PT de Belo Horizonte. A legenda nasceu aqui”, afirmou Carvalho, durante o comício de Patrus com Dilma, na última quarta-feira (3).

No comício, a presidente lembrou dos tempos de militância durante a ditadura. “Pegava o ônibus na (praça) Raul Soares e vinha até o Barreiro entregar panfletos na porta da (fábrica) da Mannesmann. Foi em 1968. Já se passaram 44 anos”, afirmou a presidente.

No discurso, a presidente ainda alfinetou o tucano afirmando que ela havia saído de Belo Horizonte para lutar contra a ditadura e não para ir à praia, numa alusão ao fato do senador mineiro manter residência no Rio de Janeiro.

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