Questionado sobre mensalão em debate, João Paulo Cunha diz que "a Justiça fará justiça"
Do UOL, em São Paulo
Primeiro réu a ter o pedido de condenação formalizado pelo relator Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT), disse neste sábado (18) que "aguarda com absoluta tranquilidade" a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e espera que "a Justiça faça fustiça". A declaração foi feita durante o debate da TV Bandeirantes com os candidatos a prefeito de Osasco, na Grande São Paulo.
O debate reuniu os candidatos Alexandre Castilho (PSOL), Celso Giglio (PSDB), Delbio Teruel (PTB), Reinaldo Mota (PMN), Osvaldo Verginio (PSD), além do petista.
O jornalista da TV Bandeirantes Sandro Barbosa questionou Cunha sobre o voto pela condenação e perguntou como o candidato conseguirá convencer o eleitorado diante dessa situação.
Cunha disse que o eleitor sabe separar as questões de gestão dos assuntos políticos.
“Essa é a opinião do ministro relator. Não costumo julgar as pessoas de forma parcial, é preciso aguardar ao julgamento completo da ação que transcorre no Supremo Tribunal Federal. Aguardo com absoluta tranquilidade”, respondeu.
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O petista afirmou ainda que tem apoio de mais de 20 partidos, quase 300 candidatos a vereador e “orgulho de ter o apoio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula”.
O tema mensalão foi citado logo na primeira rodada de perguntas. Alexandre Castilho (PSOL) questionou a visão do petista sobre financiamento público de campanha, em contrapartida à acusação de membros do PT terem usado verba pública para comprar votos de parlamentares no Congresso - base da acusação do mensalão.
Cunha disse que “o mensalão é assunto para outro debate”.
"Minha campanha é feita absolutamente na legalidade. No ponto de vista político, fui um dos primeiros deputados a defender o financiamento público de campanha. Infelizmente o ordenamento jurídico permite [o financiamento privado]. E você tem que ter recursos para levar a sua mensagem para o cidadão. Por isso fazemos captação de recursos", disse Cunha.
O principal adversário do petista, o tucano Celso Giglio, não citou o mensalão, nem fez perguntas diretas a João Paulo. Ele já havia dito que não abordaria o tema, ao contrário das principais figuras do PSDB.
Entenda o caso
Na última quinta-feira (16), o relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, votou pela condenação de Cunha por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por dois crimes de peculato (desvio de recursos públicos), em razão dos contratos assinados pela Câmara dos Deputados com as empresas do publicitário Marcos Valério --operador do suposto esquema--, quando Cunha era presidente da Casa.
Barbosa considerou que os contratos eram fraudulentos e serviram para beneficiar mutuamente o deputado, o publicitário e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz --os três últimos foram acusados por corrupção ativa e peculato.
No entanto, mesmo que seja condenado, Cunha pode concorrer às eleições e não será enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ele também não perderá o mandato na Câmara dos Deputados.
Cunha foi eleito vereador em Osasco em 1982; deputado estadual em 1990; deputado federal por cinco mandatos e presidente da Câmara dos Deputados no governo Lula.
Na última pesquisa eleitoral realizada em Osasco pelo Ibope, Celso Giglio (PSDB) liderava as intenções de voto, com 35%, seguido de Osvaldo Vergínio (PSD), com 19%, e Cunha, com 15%. A pesquisa apontou ainda que o petista e o tucano possuíam os maiores índices de rejeição, com 27% e 22%, respectivamente.
Se for condenado pelo Supremo, Cunha perderá os direitos políticos e terá que abandonar a candidatura.
O réu, no entanto, pode apresentar recursos no próprio STF e, dessa maneira, adiar a perda dos direitos políticos, que só acontece quando o processo transita em julgado --quando não há mais possibilidade de recursos.
Caso seja eleito prefeito, o petista corre o risco de ter que deixar o mandato no meio.
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