Candidato do PSOL vê 'choque de maquiagem' em visita a hospital no Rio
Felipe Martins
Do UOL, do Rio
O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, afirmou que o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, passou por um “choque de maquiagem” antes de sua visita ao local nesta quarta-feira (11). Ele disse que funcionários da unidade afirmaram que houve transferência de pacientes. A informação foi confirmada pelo sindicato dos médicos do Rio de Janeiro.
Segundo Freixo, uma neta de uma paciente que passou pela unidade de saúde entregou a ele vídeos feitos há uma semana que mostram a emergência do hospital lotada.
De acordo com Freixo, em imagens gravadas dia 4 de julho mostram uma emergência superlotada, com pacientes agonizando em macas muitas vezes no chão. Em imagens feitas nesta quarta-feira, apontou o candidato, o local estava praticamente vazio.
Pacientes 'somem' dos corredores
“É um absurdo. É notório que houve uma maquiagem. Esses vídeos são a prova contundente, incontestável. Enquanto caminhávamos dentro do hospital, ouvimos relatos de funcionários de que vários pacientes foram retirados daqui em função de nossa chegada”, afirmou o candidato ao sair da unidade de saúde.
De acordo com Freixo, mesmo com a “maquiagem” as condições do local continuam ruins. “Há 17 macas no corredor, imagina como estava antes”, disse Freixo.
O candidato percorreu as alas do Lourenço Jorge acompanhado de diretores do hospital.
Freixo disse, no entanto, não ter a certeza de quem seriam os responsáveis pela “maquiagem”.
“Seria leviano, eu não poderia afirmar quem fez essas mudanças, se foi a direção do hospital ou a prefeitura. Mas o que está claro é que houve essa maquiagem ants de nossa chegada”, disse Freixo.
O presidente do SinMed-RJ (Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro), Jorge Darze, confirmou a transferência de 15 pacientes do Lourenço Jorge para outras unidades.
“É uma vergonha o que aconteceu. A prefeitura tentando mascarar a realidade que a gente vem denunciando. Havia 15 pacientes fora de leitos, em macas. Claro que a visita de um candidato de oposição iria trazer um desgaste ao governo”, disse.
Vídeos
Os vídeos foram feitos pela cozinheira Jane Pereira Rezende, 34. As imagens são do dia 4 de julho e desta quarta-feira.
A avó de Jane, Rita da Silva,84, deu entrada no Lourenço Jorge. Nas imagens deste dia é possível ver pacientes agonizando no corredor do hospital, um homem pedindo socorro.
“Minha avó deu entrada no dia 4 com pneumonia no Lourenço Jorge. O primeiro atendimento médico foi às 19h, mas o primeiro antibiótico só foi dado às 00h54. Os pacientes são tratados como animais. Cheguei a ouvir de um funcionário que aqui os pacientes são o bagaço. Minha avó não é nenhum bagaço, minha avó é gente”, disse.
A cozinheira fez um novo vídeo nesta quarta-feira. As imagens mostram os corredores vazios, sem pacientes, com médicos circulando pelo ambiente.
Jane pretendia tirar sua avó do hospital nesta quarta-feira mesmo à revelia da unidade de saúde.
“Eu vou tirar minha avó daqui. Porque aqui as pessoas entram, mas não saem vivas. Ela não está tendo o tratamento adequado desde o momento que entrou”, declarou.
Outro lado
A Secretaria Municipal de Saúde informou que o Hospital Municipal Lourenço Jorge trabalha “com política de portas abertas”, atendendo a todos os pacientes que o procuram. Com isso, segundo a secretaria, a variação diária de demanda é comum.
A nota segue informando que os pacientes são acolhidos, estabilizados e recebem o devido atendimento, e, quando necessário, são transferidos para outros hospitais via Central de Regulação, como funciona em todos os hospitais da rede.
Sobre a paciente Rita da Silva, a secretaria informou que a idosa deu entrada na emergência na unidade dia 4 de julho, com arritmia. Foi prontamente atendida e agora está internada na enfermaria clínica e está recebendo todos os cuidados necessários.