Serra diz que Metrô e CPTM sofrem com sabotagens e greve teve motivação eleitoral; Haddad pede "nome aos bois" para acusações de tucanos

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

Dois dos principais pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo se manifestaram sobre a greve dos metroviários que provocou transtornos, trânsito recorde e até confrontos entre a população e a polícia.

Enquanto o tucano José Serra sugeriu que Metrô e CPTM sofrem com sabotagens e reafirmava a tese do governador Geraldo Alckmin, de que o movimento grevista teve motivação política e eleitoral, o petista Fernando Haddad disse que desconhecia um possível interesse eleitoreiro da greve a pediu que Alckmin "dê nome aos bois" quanto aos responsáveis por essa manobra.

As declarações foram feitas na noite desta quarta-feira (23) durante evento organizado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", e apesar de expressarem opiniões divergentes sobre o problema que atingiu a capital paulista, os dois pré-candidatos trocaram um abraço e chegaram a conversar por cerca de cinco minutos.

Serra declarou que concorda com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando este diz que a greve organizada pelo sindicato dos metroviários teve motivação eleitoral. O político tucano foi além e afirmou que parte dos problemas técnicos enfrentados pelo metrô e pela CPTM nos últimos meses foram sabotagem.


"É muito fácil hoje você paralisar o funcionamento de uma linha qualquer. Uma gravata, uma blusa na porta de uma vagão pode provocar [a paralisação]", disse o ex-governador e pré-candidato ao comando da capital paulista. "Não digo que todas [as ocorrências) foram sabotagem, mas que algumas delas, com certeza, têm a ver com isso".
 

Por sua vez, Haddad se disse aliviado pelo fim da paralisação, mas pediu que os tucanos comprovem as acusações de motivação eleitoral por trás da greve desta quarta.

"Se o governador tem essa informação de que o movimento grevista tem motivação política, seria interessante que ele desse nome aos bois. Se ele tem essa informação, isso deve ser investigado", disse o ex-ministro da Educação. "Eu não sei nada a respeito disso. O importante é que houve um acordo e os metroviários e a direção da empresa se entenderam para benefício da população".

Alckmin e Kassab

Além de Serra e Haddad, Alckmin e Gilberto Kassab (PSD), atual prefeito de São Paulo, também estiveram presentes no evento e falaram sobre a paralisação do Metrô e de algumas linhas da CPTM.

O governador de São Paulo reiterou suas suspeitas de que o movimento teve conotação eleitoral, e também relacionou a motivação política às ocorrências que esses serviços apresentaram em um passado recente. "É muito estranho que ano passado não tenha havido nenhuma greve e este ano, um ano de eleição, ter ocorrido não apenas a greve, como vários problemas técnicos nas linhas", afirmou Alckmin. "Existe uma investigação em curso e estamos apurando exatamente o que aconteceu. O importante é que o problema foi resolvido e a vida da população pode voltar ao normal".

Dagnaldo Gonçalves, integrante da executiva do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, afirmou que  para Alckmin, “tudo tem motivação política”. “Se ele se preocupasse menos com política, nada disso estaria acontecendo", disse o sindicalista.

Kassab evitou atrelar movimento grevista à disputa política, mas se solidarizou com as reclamações feitas por Alckmin sobre o sindicato que organizou o movimento. O prefeito, no entanto, disse que não está envolvido na disputa eleitoral em curso na capital paulista, e não saberia afirmar se houve motivação política para que a greve acontecesse.

"O importante é que o dia chegou ao final e a greve terminou. Voltamos à normalidade", disse o prefeito da capital. "Essa foi uma lição importante para a direção do sindicato grevista. Os trabalhadores do metrô têm o direito de fazer suas reivindicações e greve, mas metrô é um serviço essencial para a população de São Paulo e a lei tem que ser obedecida".

Soninha e Russomanno

Mais cedo, a greve provocou a reação de outros pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Os políticos aproveitaram o fato para atacar o governo do Estado, comandado pelo PSDB há 14 anos, e o sindicato responsável pela paralisação.

A pré-candidata do PPS, Soninha Francine, que na semana passada provocou polêmica ao postar em sua conta no Twitter comentários sobre a colisão entre dois trens na Linha 2-Vermelha do Metrô de São Paulo, criticou o protesto de usuários do metrô e sindicalistas, que fecharam vias próximas à Estação Corinthians-Itaquera do Metrô, e ação da Polícia Militar, que dispersou a confusão com bombas de gás.

"População louca da vida com a greve em São Paulo fecha avenida e fura pneu de ônibus. PM dispensa com bomba de fumaça. Tudo, todos os métodos, errados", afirmou a pré-candidata. Ela ainda reclamou da velocidade baixa nas Linhas 1-Azul e 2-Verde do Metrô.

Celso Russomanno (PRB) criticou o governo do Estado e a prefeitura pela falta de um plano de emergência. "O que ocorre hoje em São Paulo é uma falta de responsabilidade por parte dos governos estadual e municipal", afirmou o pré-candidato, que ainda tenta uma aliança com o pré-candidato do PCdoB, Netinho de Paula, nas eleições deste ano.

"As autoridades sabiam da possibilidade dessa greve e não tomaram nenhuma atitude imediata para aliviar os transtornos à população enquanto as negociações entre a Secretaria de Estado dos Transportes e o Sindicato dos Metroviários prosseguem. O governante tem obrigação de buscar alternativas como autorizar, por tempo determinado, ônibus fretados e vans, e liberar o compartilhamento de táxis durante a greve", disse Russomanno.

Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB, também partiu para o ataque em sua conta no Twitter. "O caos em São Paulo hoje mostra a falta de planejamento da nossa cidade. Precisamos de competência e ousadia para tratar a mobilidade", afirmou. "Quem mais sofre é quem mais precisa. Triste desorganização da maior e mais rica cidade da América Latina", disse instantes depois.

Kassab, Serra e Haddad falam sobre a greve no Metrô e CPTM em São Paulo nesta quarta-feira (23)

UOL Cursos Online

Todos os cursos