Com 52% dos votos, Serra vence prévias e será o candidato tucano na capital paulista

Leandro Rodriguez e Mário Rossit

Do UOL, em São Paulo

O ex-governador José Serra, 70, foi o vencedor das prévias do PSDB e será o candidato tucano à Prefeitura de São Paulo. A eleição interna, inédita na capital desde a fundação do partido, em 1988, foi realizada neste domingo (25). O tucano bateu o secretário do Estado de Energia, José Aníbal, 59, e o deputado federal Ricardo Tripoli, 59. No total, 6.229 filiados tucanos votaram. Serra teve 52% dos votos, contra 31,2% de Aníbal e 16,7% do Trípoli.

"O partido atingiu um grau de mobilização qualitativo e muito alto para empreender uma campanha vitoriosa. Uma campanha que não será fácil e não se resolve com pesquisas", afirmou Serra, durante discurso após o anúncio do resultado.

Antes do anúncio, o presidente nacional tucano, o deputado federal Sérgio Guerra (PE), disse que o partido "sai fortalecido" das prévias. "A prévia tucana em São Paulo é exemplo para o resto do país", afirmou o parlamentar.

José Aníbal, que foi o pré-candidato mais crítico à entrada de Serra nas prévias, prometeu unidade. “As prévias criaram uma unidade no partido como nunca houve antes. Agora, o PSDB vai trabalhar unido para eleger José Serra para ser prefeito de São Paulo”, declarou.

Tripoli, que ao votar hoje disse que apoiaria o candidato escolhido, afirmou, após a divulgação do resultado, que irá cumprir a promessa. “Agora vamos apoiar o Serra."
 

As prévias foram oficialmente abertas no colégio Saint Exupery, no Butantã, zona oeste da capital, antes das 9h, horário previsto para o início da votação. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, chegou ao local por volta das 10h e declarou seu voto em Serra.

"Estamos otimistas que o PSDB ganhará as eleições em São Paulo. Começamos bem, porque a democracia começou em casa, ouvindo a militância", disse Alckmin. Para ele, Andrea Matarazzo e Bruno Covas foram "generosos" em sua desistência em disputar as prévias.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também declarou seu voto em Serra, mas defendeu as prévias internas. Para FHC, ter o ex-governador como candidato "é meio caminho andado" para o PSDB na eleição municipal.

Entenda o processo

A entrada de Serra na disputa ocorreu de última hora, em 27 de fevereiro. O processo interno de escolha do candidato paulistano começou em outubro do ano passado, após pressão de Aníbal, Tripoli e dos secretários estaduais Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura) --que disputavam a indicação do partido.

A legenda organizou debates entre os quatro. O primeiro ocorreu em outubro de 2011, com abertura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).

Assim que Serra entrou nas prévias, Covas e Matarazzo deixaram a disputa e Serra herdou a maioria dos votos dos dois secretários. As prévias estavam marcadas para 4 de março, foram adiadas para este domingo (25), a pedido do grupo do ex-governador, que temia perder a indicação por ter entrado tarde na disputa interna.

Quando anunciou o ingresso na disputa interna do PSDB, Serra afirmou que sua intenção como candidato era conter o avanço do PT no país. Desde o começo, ele adotou a estratégia de discutir temas nacionais, em detremento dos assuntos diretamente relacionados à capital. Fez, inclusive, ataques, por meio de artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", ao candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad e à poítica educacional do governo federal.

Para cientista político Valeriano Costa, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a escolha do ex-governador é "a esperança de sobrevida" para o PSDB, em São Paulo. "Serra não queria ser o candidato. Esperava ser candidato à Presidência, em 2014, mas o PSDB não tinha escolha, pois poderia perder as eleições em São Paulo e correria risco de perder também, em 2014, para governador", afirma.

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