Escolha de Serra é "esperança de sobrevida ao PSDB", diz analista

Mário Rossit

Do UOL, São Paulo

O cientista político Valeriano Costa, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que a escolha do ex-governador é "a esperança de sobrevida" para o PSDB, em São Paulo. "Serra não queria ser o candidato. Esperava ser candidato à Presidência, em 2014, mas o PSDB não tinha escolha, pois poderia perder as eleições em São Paulo e correria risco de perder também, em 2014, para governador", afirma.

Segundo o cientista político, a estratégia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em indicar o ex-ministro Fernando Haddad como candidato do PT "pressionou" Serra e os tucanos para a escolha neste domingo. "Haddad entra na mesma seara de Serra, que é a classe média paulistana, que é muito forte.Isso praticamente obrigou que os tucanos escolhessem o ex-governador como candidato", diz.

De acordo com Costa, o PSDB aposta todas as suas fichas e seu futuro político em uma vitória de Serra em outubro. "Se perder para a prefeitura, onde a base de apoio é maior, a permanência, em 2014, no governo do Estado, está sob risco e o partido se esfacelaria no resto do país", afirma.

O cientista político comparou a escolha tucana a um jogo de xadrez. "A dama é a prefeitura e o rei o governo do Estado. A escolha de Serra é uma forma de o PSDB proteger suas duas principais peças no jogo nacional pelo poder", diz Costa.

As prévias

O ex-governador bateu o secretário do Estado de Energia, José Aníbal, 59, e o deputado federal Ricardo Tripoli, 59. No total, 6.229 filiados tucanos votaram. Serra teve 52% dos votos, contra 31,2% de Aníbal e 16,7% do Trípoli.

Em seu primeiro discurso após o anúncio da vitória nas prévias tucanas, José Serra, agora candidato a prefeito da capital paulista, subiu o tom contra o PT e convocou a militância do PSDB a enfrentar seus adversários.

“Eles [o PT] se especializam na gritaria, na conversa mole, na cooptação, no uso da máquina pública para interesses privados. Nós nos especializamos no entendimento e atendimento do interesse público”, afirmou Serra.

Entenda o processo

A entrada de Serra na disputa ocorreu de última hora, em 27 de fevereiro. O processo interno de escolha do candidato paulistano começou em outubro do ano passado, após pressão de Aníbal, Tripoli e dos secretários estaduais Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura) --que disputavam a indicação do partido.

A legenda organizou debates entre os quatro. O primeiro ocorreu em outubro de 2011, com abertura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).

Assim que Serra entrou nas prévias, Covas e Matarazzo deixaram a disputa e Serra herdou a maioria dos votos dos dois secretários. As prévias estavam marcadas para 4 de março, foram adiadas para este domingo (25), a pedido do grupo do ex-governador, que temia perder a indicação por ter entrado tarde na disputa interna.

Quando anunciou o ingresso na disputa interna do PSDB, Serra afirmou que sua intenção como candidato era conter o avanço do PT no país. Desde o começo, ele adotou a estratégia de discutir temas nacionais, em detremento dos assuntos diretamente relacionados à capital. Fez, inclusive, ataques, por meio de artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", ao candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad e à poítica educacional do governo federal.

Para cientista político Valeriano Costa, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a escolha do ex-governador é "a esperança de sobrevida" para o PSDB, em São Paulo. "Serra não queria ser o candidato. Esperava ser candidato à Presidência, em 2014, mas o PSDB não tinha escolha, pois poderia perder as eleições em São Paulo e correria risco de perder também, em 2014, para governador", afirma.

UOL Cursos Online

Todos os cursos