17/06/2010 - 07h00

Marina precisa de "condicionamento" para falar na TV, admite coordenador de campanha

Diego Salmen
Do UOL Eleições
De São Paulo

Para o coordenador da campanha de Marina Silva (PV) à Presidência da República, João Paulo Capobianco, a presidenciável precisa de um "condicionamento" para discursar frente às câmeras de TV. "A Marina nunca quis fazer media training [treinamento para lidar com a imprensa], ela nunca gostou", afirmou, em entrevista concedida ao UOL Eleições nesta quarta-feira (16), logo após uma sabatina com a acriana realizada pelo UOL em parceria com a Folha de S. Paulo na capital paulista. "O que ela precisa fazer, e não é um treinamento, é um condicionamento para falar mais curto, ser mais objetiva na TV", disse.

Ex-secretário executivo do ministério do Meio Ambiente durante a gestão de Marina, Capobianco substituiu o verde Alfredo Sirkis, que irá se candidatar a deputado federal pelo Rio de Janeiro, na coordenação da campanha. Agora, tem como maior desafio, segundo suas próprias palavras, superar a "falta de visibilidade" da candidata do PV ao Palácio do Planalto. 

"Nós estamos agora no esforço total para dar visibilidade para a Marina. Esse é o nosso grande problema. Os eleitores não a conhecem, e se não a conhecem é óbvio que não podem votar nela. Ela não tem rejeição, ao contrário do Serra da Dilma, e nós temos que explorar isso", avaliou.

Confira a entrevista:

UOL Eleições - Houve alguma mudança na campanha de Marina depois que o senhor assumiu a coordenação?
João Paulo Capobianco - Era uma mudança programada. Ele vai ser candidato a deputado federal, nós já trabalhamos juntos. E agora ele vai cuidar do Rio de Janeiro. Não há nenhuma mudança; o que muda é o fato de que agora já estamos em campanha.

UOL Eleições - A campanha trabalha com algum tipo de meta de crescimento eleitoral?
Capobianco - Não. Nós estamos agora no esforço total para dar visibilidade para a Marina. Esse é o nosso grande problema. Os eleitores não a conhecem, e se não a conhecem é óbvio que não podem votar nela. Ela não tem rejeição, ao contrário do Serra da Dilma, e nós temos que explorar isso.

UOL Eleições - E como atingir um eleitorado mais massivo, levando em conta as limitações no uso de redes sociais e o pouco tempo de TV que o partido terá no horário eleitoral?
Capobianco - São basicamente três frentes. Uma é a presença na mídia, apresentando ideias, debatendo, mostrando resultados. A outra frente são as viagens, onde temos um crescimento potencial ainda não desenvolvido. A terceira é a internet com as redes sociais, que também têm um papel fundamental. É claro que o programa político de rádio e TV vai ser muito bem utilizado, mas nós teremos um tempo limitado em relação ao tempo dos demais candidatos.

UOL Eleições - Ao defender o legado do Lula, cuja candidata é Dilma, Marina não dificulta o processo de obtenção de votos para si mesma?
Capobianco - Não, não. Ela não quer dar continuidade ao governo do presidente Lula, ela quer uma mudança. Agora, ela não vai buscar um inimigo durante a eleição. Não é (uma mudança antagônica). Ela e a torcida do Corinthians sabem que o governo Lula melhorou o país, e essas reformas têm que ser reafirmadas. Ela tem que deixar claro que reconhece esses avanços, que vai manter esses avanços e que irá avançar para que o Brasil alcance o que ainda não alcançou. Ela se coloca em oposição, mas não ao governo, e sim ao projeto de futuro dele.

UOL Eleições - A questão social está presente, mas o meio ambiente ainda é preponderante no discurso de Marina. O senhor não teme que a temática ambiental seja secundária para os brasileiros? Isso talvez não explique porque Marina ainda não saiu da faixa dos 10% de intenções de voto?
Capobianco - Eu acho que não. É um problema de visão de futuro. O papel do líder é discutir o futuro, e não o passado. Marina tem insistido nisso. Como ela diz, ela quer ser eleita para fazer, e não ser eleita, ponto. Todas as nossas alianças são programáticas, e não pragmáticas. É evidente que é mais difícil trabalhar com essa proposta. Nosso desafio não é ganhar a eleição, é ganhar votos para um projeto. Se nós ganharmos votos para esse projeto, seremos capazes de engedrá-lo.

UOL Eleições - A campanha de Marina não tem marqueteiro; como é trabalhar sem esse tipo de profissional?
Capobianco - Nós temos um dos melhores especialistas em marketing político do Brasil, que é o Paulo de Tarso. Agora, ele não é o dono da campanha. Ele não proíbe discurso A ou B, ele não manda ela fazer isso ou aquilo.

UOL Eleições - Ela está treinando para os debates?
Capobianco - Ela não tem treinado, não precisa disso. A Marina nunca quis fazer media training, ela nunca gostou. O que ela precisa fazer, e não é um treinamento, é um condicionamento para falar mais curto, ser mais objetiva na TV.

UOL Eleições - Guilherme Leal [empresário, vice de Marina e um dos sócios da Natura] irá arrecadar recursos para a campanha ou angariar algum tipo de apoio junto ao empresariado? Ele terá alguma função que vá além da exibição política de sua própria imagem como empresário?
Capobianco - O nosso responsável pela arrecadação não é o Guilherme, mas sim o Alvaro de Sousa, que é outro grande empresário, já foi presidente do Citibank. Ele está conosco, e já tem várias pessoas conosco com esse mesmo perfil.

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