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Conversa de Portão #12: Privilégio da branquitude também existe na periferia

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Colaboração para Ecoa, de São Paulo

01/12/2020 04h00

Você, pessoa branca, já parou para pensar sobre seus privilégios hoje? Para pensar que, pelo simples fato de ter nascido com essa cor de pele, mesmo sendo pobre, já está em vantagem nesta sociedade racista? É para pensar sobre isso que no 12º episódio do Conversa de Portão, a jornalista Bianca Pedrina, mulher branca, entrevista a também a colunista de Ecoa e jornalista branca Mari Belmont para falarem sobre branquitude.

"Pensando que o racismo só existe porque as pessoas brancas ainda praticam e em muitos casos se beneficiam dele, a gente vai falar sobre isso sobre isso - o que é a branquitude e suas complexidades quando a gente fala dessa postura na periferia", explica Bianca (a partir de 3:00 do arquivo acima).

Nessa troca de ideias, Mari aponta formas de como as pessoas brancas podem avançar desse lugar de conforto para uma postura mais propositiva e de real efetividade para a agenda antirracista. A partir do básico: o que é branquitude?

"Nós, brancos, não crescemos enxergando a nossa própria raça", diz Mari (a partir de 3:41 do arquivo acima). Diferentemente dos negros, que são obrigados a lidar com questões de raça desde a infância por conta do racismo que está colocado no mundo, "a branquitude é naturalizada, percebida como um padrão perfeito da sociedade. É como se fosse algo universal. Os brancos não se reconhecem como pessoas brancas, não enxergam seus privilégios e daí que vem esse termo branquitude. Parece que a gente leva um susto quando descobre que é branco".

Mari usa um exemplo cotidiano de sua própria vida para ilustrar como, mesmo nas periferias, a branquitude é uma situação de privilégio. Criada em Colônia, bairro rural do extremo sul paulistano, ela conta que seus colegas de escola eram sempre, em sua maioria negros. Na saída da escola, era rotineiro que a Ronda Escolar abordasse "jovens suspeitos", estudantes saindo da escola que a guarda considerasse que deviam ser submetidos a esse constrangimento. Seu irmão, um homem branco, nunca foi abordado. "Meus amigos eram sempre abordados, mesmo que a polícia visse esses meninos todos os dias", diz (a partir de 10:50 do arquivo acima).

"Por mais que você seja uma pessoa periférica branca, você numa seleção de trabalho por óbvio vai ter mais um privilégio na hora da entrevista do que uma pessoa negra. Se eu tiver com concorrendo ali uma vaga em algum trabalho específico em geral o que acontece é que as mulheres brancas vão ser escolhidas com mais facilidade do que as mulheres negras", diz (a partir de 11:20 do arquivo acima).

Mas o maior dos exemplos é a quantidade de jovens negros que morrem nas periferias. "A gente só vê jovens negros morrendo todos os dias", afirma (a partir de 12:40 do arquivo acima).

"Tem um papel nosso que é muito importante. O papel das pessoas brancas periféricas que entendem seu lugar como sujeito branco de passar essa informação, pressionar, falar. O combate ao racismo não é responsabilidade das pessoas negras. É responsabilidade das pessoas brancas", diz (a partir de 16:40 do arquivo acima).

O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural. Novos episódios são publicados todas as terças-feiras. Este episódio teve produção de Carol Moreno, direção musical de Sabrina Teixeira Novaes, trilha sonora e edição de som por Sabrina e Camila Borges.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Conversa de Portão, por exemplo, no Youtube, no Spotify, no Google Podcasts e no Deezer.

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