Somos cúmplices de compromissos ambientais, diz presidente da CNI sobre COP
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, defendeu que o setor tem de estar engajado no debate sustentável e se envolver nas pautas da COP30, marcada para novembro, em Belém.
O que aconteceu
A confederação lidera a SB COP, uma organização internacional que busca articular iniciativas de empresas junto à conferência do clima. Semelhante ao que já ocorre nas cúpulas do G20 e do Brics, o objetivo é trazer as demandas do setor produtivo para o debate sustentável, reunindo as organizações de indústria e comércio do mundo inteiro.
Relacionadas
"Nós nos tornamos efetivamente cúmplices desses compromissos [sustentáveis] —e não queremos deixar de ser cúmplices", afirmou Alban. Durante evento pré-COP promovido pela CNI em Brasília hoje, ele voltou a defender que as pautas sustentáveis não são antagônicas à indústria, mas complementares, e disse avaliar que, pela primeira vez, o setor será ouvido na cúpula.
"Nós temos sinais do clima, e óbvio que nós nos preocupamos", afirmou o industrial, à imprensa. "A realidade é que nós vivemos numa sociedade totalmente interligada e complementar. Então nós temos que nos complementar. Políticas públicas no seu papel, atividade econômica no seu papel, a força de trabalho no seu papel e tendo a responsabilidade de que nós podemos transformar isso em algo permanente."
A SB COP pretende entregar três propostas unificadas do setor para os chefes de Estado. Presidida pelo brasileiro Ricardo Mussa, ex-CEO da Raízen, a organização tem ouvido as confederações de todo o globo para chegar a um tipo de consenso a ser entregue aos líderes como sugestões de pautas para negociação.
Entrar no debate é uma forma de a indústria tratar suas pautas em uma conferência que, até então, nunca lhe deu representação. "Todo compromisso que nós temos que gerar com clima, com descarbonização, com sustentabilidade, com desenvolvimento econômico, ele tem que ser necessariamente obrigado para que permita que o ser humano tenha crescimento econômico e social", disse o presidente.
Na indústria, o interesse de industriais pela COP30 não está tão alto assim. Uma pesquisa divulgada pela CNI em agosto mostrou que quase metade do setor (46%) tem pouco ou nenhum interesse nos assuntos da conferência global e em políticas públicas ligadas a ela, embora 75% dos empresários vejam a oportunidade de melhorar sua imagem no exterior com a cúpula.