Recifes de corais atingem ponto de não retorno, alertam cientistas

Ler resumo da notícia
O aquecimento global está ultrapassando limites perigosos mais rápido do que o previsto, com os recifes de corais entrando em um processo quase irreversível de colapso, o que cientistas classificam como o primeiro ponto de não retorno. O alerta, divulgado por 160 pesquisadores no relatório Global Tipping Points, antecede a COP30, que acontece de 10 a 22 de novembro em Belém.
O que aconteceu
Primeiro ponto de inflexão climático confirmado. O aquecimento global atingiu um marco alarmante: o colapso quase irreversível dos recifes de corais. O fenômeno, descrito como o primeiro tipping point (ponto de não retorno) de um ecossistema natural, marca o início de um colapso climático em curso, segundo o Global Tipping Points Report, elaborado por 160 cientistas de diversos países.
Relatório global serve de alerta antes da COP30. O relatório foi divulgado semanas antes da COP30, que ocorrerá na Amazônia brasileira, e reúne evidências científicas de que o planeta está cruzando limites críticos mais rapidamente do que se previa.
Amazônia próxima do colapso. Os pesquisadores reduziram a estimativa do ponto de inflexão da floresta amazônica. Se a temperatura média global ultrapassar 1,5°C, a combinação entre aquecimento e desmatamento pode levar o bioma ao colapso, com consequências irreversíveis para o clima global.
Risco também no Atlântico Norte. Outro sistema em risco é a circulação oceânica do Atlântico Norte, responsável por regular o clima e suavizar os invernos na Europa. O enfraquecimento dessa corrente pode alterar padrões de temperatura e precipitação em todo o hemisfério norte.
Mudanças estão cada vez mais rápidas. "A mudança está acontecendo rápido demais, tragicamente, em partes do clima e da biosfera", afirmou Tim Lenton, cientista ambiental da Universidade de Exeter e principal autor do estudo. Segundo dados da ONU e da União Europeia, o planeta já aqueceu entre 1,3°C e 1,4°C em relação à era pré-industrial.
Dois anos mais quentes da história. Os últimos dois anos foram os mais quentes já registrados. Ondas de calor marinhas afetaram 84% dos recifes de corais do planeta, provocando branqueamento e morte em massa. Esses ecossistemas abrigam cerca de um quarto de toda a vida marinha e são fundamentais para a biodiversidade oceânica.
Corais em colapso. O relatório destaca que o branqueamento global iniciado em janeiro de 2023 transformou a Grande Barreira de Corais, na Austrália, e outros sistemas tropicais. A perda das algas simbióticas que nutrem e dão cor aos corais comprometeu sua sobrevivência, configurando um colapso em escala planetária.
O risco futuro já é realidade. Para Steve Smith, também da Universidade de Exeter e coautor do estudo, não se trata mais de risco iminente: "Não podemos mais falar de pontos de inflexão como algo do futuro. Esta é a nossa nova realidade."
Ainda há tempo para agir. Apesar do cenário crítico, Lenton aponta sinais positivos. Pela primeira vez, a geração global de energia renovável superou a do carvão, segundo dados da ONG Ember. Ele reforça que "ninguém quer se sentir impotente — ainda temos poder de ação".
Cientistas pedem reação urgente. O grupo cobra que os países usem a COP30 como um ponto de virada para cortar drasticamente as emissões de carbono e conter o aquecimento.
Sem ações rápidas, o mundo caminha para 3,1 °C de aquecimento até o fim do século -- cenário que multiplicaria os impactos já sentidos hoje.
Para reverter danos. A recuperação dos recifes exigiria reduzir o aquecimento global a 1 °C acima dos níveis pré-industriais — um desafio que, segundo os pesquisadores, só seria possível com uma transformação profunda nos sistemas de energia, produção e consumo.


























Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.