A COP30 precisa ouvir a Amazônia, diz Fafá de Belém

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Na contagem regressiva para a COP30, que será realizada em Belém em 2025, a cantora Fafá de Belém quer garantir que o protagonismo da região não se perca entre discursos e negociações globais. Hoje, ela abre a terceira edição do Fórum Varanda da Amazônia, evento criado por ela em 2023, que reúne mais de 50 especialistas, pesquisadores, artistas, líderes comunitários e representantes de povos originários para debater o futuro da floresta e de quem vive nela.
Em entrevista a Ecoa, Fafá afirma que o evento é também uma preparação simbólica e prática para a COP30. "Tenho a grande honra de realizar o primeiro fórum com pensadores amazônicos. Eu via eventos fora de Belém, fora do Brasil, onde todo mundo opinava sobre a Amazônia, mas não havia ninguém daqui. Havia sempre alguém caracterizado, fazendo uma figuração. Sempre a gente como alegoria de festa de grã-fino. Eu ficava indignada", diz.
Para ela, o grande desafio da conferência do clima será justamente garantir que os amazônidas sejam ouvidos. "É importante criar linhas de conexão, porque precisamos de tecnologia, de apoio, de conhecimento científico, mas ninguém sabe mais do que o nativo, o pensador daqui. Ou seja, embaixo dessa floresta, há gente pensando e protegendo a mata e os rios. Eu acho que esse cruzamento de olhares é a única possibilidade de a gente ver um futuro para a Amazônia", defende.
Fafá de Belém diz não ter sido convidada para participar da COP30 em sua própria cidade. "Espero que tudo dê certo, mas não recebi convite oficial", afirma. No entanto, segundo ela, representantes da conferência a procuraram para entender como trabalhar em Belém. "Aqui é diferente, não dá para usar o calendário de São Paulo. Mesmo fora da programação, promete um "espetáculo antológico" no Theatro da Paz, em 14 de novembro, com participação do maestro João Carlos Martins.
50 anos de carreira e auge da liberdade artística
Fafá de Belém completou este ano 50 anos da carreira iniciada com a a gravação do samba de roda "Filho da Bahia", de Walter Queiroz. Ao olhar para trás, ela resume a trajetória em poucas palavras: "Felicidade, sucesso, credibilidade, reconhecimento e orgulho."
A celebração vem acompanhada de uma série de homenagens. Em janeiro, estreia no Rio o musical sobre sua vida, com Helga Nemeczyk e Lucinha Lins interpretando a cantora nas fases jovem e madura. "Elas são maravilhosas. Helga é um bicho de musical, fabulosa como atriz e cantora. Lucinha é minha contemporânea, uma mulher genial, com quem compartilhei tantas décadas. É uma honra", diz. O espetáculo é idealizado por Jô Santana, com texto e direção de Gustavo Gasparini.
A artista também se dedica a outros projetos. "Preciso terminar minha biografia, que escrevo há muito tempo. Também estão produzindo um documentário e um filme inspirado em mim, chamado 'Garota do Norte'."
Fafá afirma viver uma fase de plenitude e propósito. "Minha meta agora é falar da Amazônia em todos os lugares, como fiz em Portugal, e cantar com liberdade. Da mesma forma que dediquei um disco a Chico Buarque, dedico outro à guitarrada do Pará, com Manoel e Felipe Cordeiro. 'Humana', por exemplo, é um disco mais introspectivo."
Com a franqueza que marca sua trajetória, ela conclui:
Eu nunca me vendi, nunca tramei contra ninguém. Eu nunca quis o lugar de ninguém. Eu não faço nada em que eu não acredite. Eu não defendo nada que eu não respeito. Eu não estou preocupada se a crítica vai gostar ou não. Eu tenho uma verdade que eu divido com o meu público, aqui, em Portugal e aonde eu chego. Eu não me adequo porque toda adequação é para se submeter a um perfil que querem que você tenha. Eu não faço isso.



























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