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Morre Jane Goodall, pioneira no estudo de chimpanzés, aos 91 anos

Jane Goodall Imagem: Joel Saget - 18.out.2024/AFP

Do UOL, em São Paulo

01/10/2025 16h37

A cientista e ativista global Jane Goodall, que transformou sua paixão de infância pelos primatas em uma missão pela proteção do meio ambiente, morreu hoje aos 91 anos, informou o instituto que ela fundou. "Suas descobertas como primatologista revolucionaram a ciência", disse o instituto em comunicado. Ela morreu de causas naturais durante uma turnê de palestras na Califórnia.

Quem era Jane Goodall

Ao longo de sua vida, Goodall acumulou prêmios e reconhecimentos internacionais. Foi nomeada Mensageira da Paz das Nações Unidas, recebeu o título de Dama do Império Britânico em 2003 e, em 2025, foi condecorada com a Medalha Presidencial da Liberdade dos Estados Unidos, a mais alta honraria civil do país.

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Goodall foi pioneira em seu campo, tanto como mulher cientista nos anos 1960 quanto pelos estudos sobre o comportamento dos primatas. Ela abriu caminho para outras pesquisadoras, incluindo a falecida Dian Fossey, e revolucionou a ciência ao ser a primeira a identificar que os chimpanzés usam ferramentas e demonstram emoções complexas. Também foi pioneira ao dar nomes aos animais, em vez de números, reconhecendo suas personalidades individuais e laços familiares. Suas descobertas ajudaram a derrubar a ideia de que os humanos estariam rigidamente separados do restante do reino animal. "Descobrimos que, afinal, não existe uma linha rígida dividindo os humanos do resto do reino animal", disse em uma palestra TED em 2002.

Criou um método de pesquisa inovador. Na Tanzânia, Jane Goodall rompeu com os padrões científicos de sua época. Ela se aproximava dos chimpanzés, imitava seus sons, subia em árvores ao lado deles e até compartilhava bananas. Em 1960, fundou o Gombe Stream Research Centre, que se tornaria referência mundial no estudo dos primatas e um marco na etologia moderna.

Goodall tornou-se uma das vozes mais influentes do mundo na defesa da vida selvagem e do meio ambiente Imagem: CBS via Getty Images

Cientista levou chimpanzés ao público. Ela também aproximou o público da vida selvagem, em parceria com a National Geographic, levando seus amados chimpanzés ao grande público por meio de filmes, TV e revistas.

Com o tempo, Goodall deixou o trabalho de campo para assumir uma missão global como defensora da conservação ambiental. Criou o Instituto Jane Goodall, em 1977, que hoje atua em diversos países com projetos de educação, saúde e preservação. Também lançou o programa Roots & Shoots, voltado para engajar crianças e jovens em ações de sustentabilidade. Nos últimos anos, tornou-se uma das vozes mais influentes no combate à crise climática.

Infância marcada por animais levou Jane Goodall à África. Nascida em Londres em 3 de abril de 1934 e criada em Bournemouth, no sul da Inglaterra, Jane Goodall desenvolveu ainda na infância um amor pelos animais. Esse interesse foi alimentado por livros como "Tarzan" e "Dr. Dolittle" e por um gorila de pelúcia presenteado pelo pai. Na década de 1950, viajou pela primeira vez à África, onde conheceu o antropólogo Louis Leakey e sua mulher, a arqueóloga Mary Leakey, que a incentivaram a se dedicar aos primatas.

Revelou que chimpanzés criam ferramentas. Sob orientação de Leakey, fundou a Reserva de Chimpanzés de Gombe Stream, atual Centro de Pesquisa de Gombe Stream, na Tanzânia. Ali descobriu que os chimpanzés comem carne, travam guerras e, principalmente, fabricam ferramentas para se alimentar de cupins. "Agora precisamos redefinir ferramenta, redefinir homem, ou aceitar os chimpanzés como humanos", afirmou Leakey sobre a descoberta.

Jane Goodall Imagem: Jens Schlueter - 06.jun.2004/DDP/AFP

Uniu preservação ambiental à proteção dos animais. Quase três décadas após chegar à África, Goodall percebeu que não poderia proteger os chimpanzés sem enfrentar a destruição de seus habitats. Assim, deixou a pesquisa isolada para assumir uma missão global como conservacionista.

Goodall tornou-se uma das principais vozes globais pela vida selvagem e pelo meio ambiente. Autora de mais de 30 livros, incluindo "O livro da esperança: Um guia de sobrevivência para tempos difíceis", Goodall manteve até o fim da vida uma rotina intensa de viagens e palestras — na semana anterior à sua morte, participou da Climate Week, em Nova York. Sua mensagem final sempre ressaltava a esperança: "Está em nossas mãos, nas suas e nas minhas, e nas de nossos filhos. Cabe a nós deixar a menor pegada possível no planeta." Goodall teve um filho, apelidado de Grub, com Hugo van Lawick, de quem se divorciou em 1974. Ele morreu em 2002. Em 1975, casou-se com Derek Bryceson, falecido em 1980.

Com informações de Reuters e AFP

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