Governo busca acordo para evitar preços abusivos em hospedagens na COP

A 200 dias do início da COP30, as dúvidas sobre a disponibilidade de leitos para receber os 50 mil participantes previstos para a conferência da ONU continuam sem respostas definitivas. Hoje, o governo federal, por meio da Casa Civil, formalizou um contrato de R$ 263 milhões com a Embratur que garante a oferta de 6 mil leitos em navios.

Além disso, há uma negociação com representantes do setor hoteleiro, imobiliárias e plataformas de hospedagem para estabelecer um teto de preços durante o evento e evitar práticas abusivas que têm preocupado delegações estrangeiras e organismos internacionais, como a própria ONU, explicou Valter Correia, secretário extraordinário da COP30.

Segundo ele, a ideia não é impor valores baseados em cidades como Baku ou Glasgow, que já sediaram a conferência, mas sim encontrar uma referência local que seja considerada razoável por todos os envolvidos, como por exemplo o Círio de Nazaré. "Precisamos de um valor de referência, um parâmetro para evitar distorções", afirmou.

A expectativa é de que os termos da proposta sejam fechados até a primeira semana de maio, com a assinatura voluntária dos participantes. "Ninguém vai ser obrigado assinar, nós estamos procurando o entendimento para tornar mais razoável aquilo que às vezes extrapola", disse o secretário.

Do contrato de garantia firmado entre a Casa Civil e a Embratur, o governo desembolsará apenas R$ 30 milhões, correspondentes à garantia de vagas destinadas às equipes do Secretariado da ONU para Mundança do Clima, responsáveis pela realização do evento. O restante do valor será coberto pela venda de cabines pela operadora de navios contratada pela Embratur. Até o momento, manifestaram interesse a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros.

Para viabilizar a atração dos navios, o Porto de Outeiro, localizado a 25 quilômetros da capital paraense, foi escolhido como alternativa e está passando por obras de revitalização.

Obras em dia

Obras no Parque da Cidade em Belém
Obras no Parque da Cidade em Belém Imagem: Patrícia Junqueira/UOL

Mais de 30 frentes de trabalho seguem em execução em Belém com foco na preparação da COP30, que será realizada em novembro na cidade. As obras estão dentro do cronograma previsto e serão entregues antes do início da conferência, disse a vice-governadora e coordenadora do comitê estadual COP30, Hana Ghassan (MDB).

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Além de garantir a estrutura necessária para a conferência do clima da ONU, que deve reunir 50 mil participantes de todo o mundo na capital paraense, o conjunto de obras foi pensado de forma a deixar um legado para a população local. Com investimentos de R$ 4,5 bilhões que já geraram 5 mil empregos diretos, as obras vão beneficiar indiretamente 900 mil pessoas, de acordo com projeções do governo estadual.

O Parque da Cidade, onde será realizada a COP30, é um exemplo. Com 78% das obras concluídas, o espaço ocupa uma área total de 500 mil metros quadrados onde antes funcionava um aeroporto. É ali que ficarão a blue zone (espaço onde acontecem as negociações oficiais) e a green zone (espaço aberto para a sociedade civil).

Com lagos, quadras esportivas, centros de gastronomia e de economia criativa, o parque já conta com 2.180 árvores, número que deve ultrapassar 2.500 até a conclusão do projeto. Algumas delas, como samaúmas, seringueiras e palmeiras reais, foram transplantadas de outras regiões para que já estejam grandes na inauguração do parque.

Outros destaques incluem a revitalização do Porto Futuro II (83% concluída), os parques lineares com drenagem de canais Nova Doca (74%) e Tamandaré (71%), além da requalificação do centro de eventos Hangar, com 58% de avanço, que será integrado ao Parque da Cidade. A Vila COP30, que terá 405 leitos, está com 20% das obras executadas e será utilizada como centro administrativo do governo após o evento, em substituição a imóveis atualmente alugados.

Na área de saneamento, considerada o maior investimento da COP30, dois canais já foram totalmente revitalizados, o Canal da Timbó e o da Gentil, em áreas que sofriam com constantes alagamentos. "Se não fosse a COP, muitas das obras que estão sendo feitas não aconteceriam", disse o secretário executivo da COP30 em Belém, André Godinho.

*A jornalista viajou a convite do governo do Pará

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