China transforma deserto do 'mar da morte' em fonte de energia limpa

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Em um plano que une o desenvolvimento de energia renovável e o combate à desertificação, a China está construindo um complexo com milhares de quilômetros de extensão para captação da energia solar. A previsão é que a instalação seja capaz de abastecer a área de Pequim, que tem cerca de 22 milhões de habitantes.
Como é o projeto chinês
Antes considerado um "mar da morte", o deserto Kubuqi foi o escolhido para receber a "Grande Muralha Solar". Localizado na Mongólia Interior, foi transformado com a instalação de painéis solares.
As características climáticas e a localização foram os principais motivos que levaram a construção ao deserto Kubuqi. O terreno plano, o clima ensolarado e a proximidade de centros industriais formam um conjunto favorável à instalação dos painéis na região. Segundo a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, os painéis estão sendo instalados em uma faixa de dunas ao sul do Rio Amarelo, entre as cidades de Baotou e Bayannur.
O projeto chinês prevê uma grande geração de energia a partir da instalação. Conforme previsão da Nasa, a Agência Aeroespacial dos Estados Unidos, o montante de energia gerado na muralha seria suficiente para abastecer, pelo menos, a capital do país, Pequim. Segundo o censo do governo chinês, no final de 2023, quase 22 milhões de pessoas moravam na cidade, população que exige quantidades enormes de energia elétrica diariamente.
Projeto também prevê o combate à desertificação
Além da geração de energia, as autoridades chinesas planejam reduzir os impactos do processo conhecido como desertificação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a desertificação é a "degradação ambiental e socioambiental, particularmente nas zonas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores e vetores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas".
No caso do complexo construído no deserto Kubuqi, a instalação atuaria para impedir o movimento das dunas e diminuir a velocidade dos ventos que atingem o local. Assim, a sombra criada pelos painéis retardaria a evaporação da água e poderia facilitar o cultivo, por exemplo, de pastagens embaixo das placas. "A análise dos dados do [Programa] Landsat [série de missões de satélite de observação da Terra gerenciadas conjuntamente pela Nasa e pelo Serviço Geológico dos EUA] indica que projetos solares contribuíram para a ecologização dos desertos em outras partes da China nos últimos anos", relata a agência norte-americana.
As mudanças realizadas pelo projeto já podem ser observadas por imagens via satélite. Abaixo, o local em dezembro de 2017 e em dezembro de 2024, segundo fotos divulgadas pela Nasa:
Dezembro/2017:

Dezembro/2024:

O projeto tem conclusão prevista para 2030. Após a finalização da construção, a "Grande Muralha Solar" terá 400 quilômetros de comprimento e cinco quilômetros de largura.
Até o momento, segundo a Nasa, já foram instalados cerca de 5,4 gigawatts (potência de um sistema). Ao final, a capacidade máxima de geração da "Grande Muralha Solar" será de 100 gigawatts de energia.
Uma das fazendas solares do complexo, conhecida como Central Solar de Junma, foi concluída em 2019 e entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes. A usina estabeleceu a marca de 2 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano, o suficiente para abastecer entre 300 mil e 400 mil pessoas neste período, e foi reconhecida como a maior imagem criada com painéis solares.
Em junho de 2024, a China aparecia como líder em capacidade operacional de parques solares, com 386.875 megawatts gerados nestes complexos. O valor representa cerca de 51% do total global, de acordo com o Global Solar Power Tracker do Global Energy Monitor, organização que estuda o cenário energético internacional. Entre 2017 e 2023, a capacidade solar operacional do país aumentou em média 39.994 megawatts por ano, segundo a Nasa. Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar da lista, com 79.364 megawatts (11%) gerados em parques solares; enquanto a Índia figura como terceiro, com 53.114 megawatts (7%).
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