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30 dias para a Copa do Mundo: Por que os jogos começarão em novembro?

Troféu da Copa do Mundo e bola oficial da edição de 2022 no Qatar - Divulgação/Fifa
Troféu da Copa do Mundo e bola oficial da edição de 2022 no Qatar Imagem: Divulgação/Fifa

Camilla Freitas, Rafael Burgos e Rafael Monteiro

De Ecoa e em colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP) .

21/10/2022 06h00

Faltam apenas 30 dias para o juiz apitar e dar início a Copa do Mundo que, pela primeira vez na história, será realizada no Oriente Médio. E o ineditismo não para por aí. Essa também será a primeira vez que a Copa será realizada entre novembro e dezembro e não entre junho e julho como é o convencional. A resposta para essa mudança está no clima.

De junho a agosto, o Qatar costuma sofrer com temperaturas altíssimas. Para se ter uma ideia, no dia 21 de junho deste ano, que inaugurou o verão na região, os termômetros do país marcaram 44 graus no aeroporto da capital Doha. Já imaginou jogar futebol nesse calor todo? Além do solzão, nessa época do ano, a população do Qatar também sofre com tempestades de areia e baixa umidade do ar.

Para preservar a saúde dos atletas, a Fifa decidiu, portanto, postergar a data do Mundial. "O clima em novembro e dezembro no Qatar vai estar bem tranquilo, algo parecido com o do Brasil, na verdade, já que a temperatura deve ficar entre 15 e 30 graus. Até mesmo a umidade relativa do ar deve ficar entre 50% e 60%, índices bem apropriados para o torneio", explica Demerval Soares Moreira, pesquisador na área de meteorologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

O desempenho dos atletas no calor

Essa não é a primeira vez, contudo, que as altas temperaturas viram pauta no mundial organizado pela FIFA. As Copas de 1970 e 1986, realizadas no México, e sobretudo a de 1994, realizada nos Estados Unidos, foram marcadas pelo calor. A última, inclusive, que selou o tetracampeonato do Brasil ficou marcada como a "mais quente da história".

Naquele ano, ainda na fase de grupos, Irlanda e México chegaram a jogar com 44 graus de temperatura no Camping World Stadium, em Orlando, na Flórida. Mas que mal pode se ter jogando nesse calor todo?

Estádio de Lusail, um dos oito estádios da Copa do Mundo do Qatar - Divulgação/@roadto2022es - Divulgação/@roadto2022es
Estádio de Lusail, um dos oito estádios da Copa do Mundo do Qatar
Imagem: Divulgação/@roadto2022es

Como explica o relatório "Mais Longe do Pódio - Como as Mudanças Climáticas Afetarão o Esporte no Brasil", lançado pelo Observatório do Clima, ao enfrentar calor excessivo, o esportista pode se desidratar, o que o expõe a efeitos que vão desde a tontura até o risco de morte.

"No calor, o gasto enérgico é muito maior. O músculo se contrai, o corpo manda mais sangue para as áreas periféricas. Em casos mais extremos de desidratação, você tem problemas cognitivos momentâneos e pode ver a sua pressão cair, causando desmaios", complementa Paulo Roberto Santiago, professor de educação física da USP de Ribeirão Preto.

Se tratando do futuro, tendo em vista o aquecimento do planeta e as práticas esportivas, os especialistas ouvidos pela reportagem são unânimes: mesmo com os efeitos nocivos ao meio ambiente, o aquecimento global não deve afetar a prática do futebol. "Você só precisa ter os recursos financeiros para contornar os problemas gerados pelo clima", diz Demerval Soares.