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"Ter fé não é fácil": Iza vira 'rainha da representatividade' em Angola

Iza foi atração principal do maior festival de Angola em 2022, o Unitel - Carol Caminha/Divulgação
Iza foi atração principal do maior festival de Angola em 2022, o Unitel
Imagem: Carol Caminha/Divulgação

De Ecoa, em São Paulo

11/08/2022 06h00

"Rainha da representatividade" foi como Iza foi chamada ao palco do Unitel Festa da Música, maior festival de Angola, no qual foi uma das principais atrações em junho de 2022. Foram 20 mil pessoas cantando hits como "Pesadão" e seu lançamento mais recente, "Fé".

"Foi a primeira vez que eu fui à África e foi muito emocionante cantar em Angola. Para mim é um lugar de reencontro, de volta para casa e senti a energia muito forte. Voltei para o Brasil muito grata", disse a cantora para Ecoa.

Iza - Anne Karr - Anne Karr
Iza em show
Imagem: Anne Karr

Iza deixou a carreira na publicidade para se dedicar à música e fez sua estreia artística em 2016. Em 2019, um ano depois do seu primeiro álbum "Dona de mim", já era um dos nomes de maior destaque no pop nacional e um símbolo do empoderamento feminino, principalmente para as mulheres negras.

"Quero que minha música encontre sempre as pessoas certas. Quero fortalecer a todos que se sentem tocados com a mensagem que eu passo"
Iza, cantora

Na música "Fé", a cantora reforça essa imagem ao cantar sobre ter fé e resiliência para chegar onde se quer. O clipe, impactante, a mostra sendo insultada e atacada por uma horda — um dos atores chega a cuspir nela —, mas Iza segue em frente. "Eu quis ilustrar o quanto a opinião das pessoas é um peso na nossa vida."

"A gente recebe mensagens negativas de muitas formas e a ideia da música veio disso. A gente está tendo um ano complicado, violento e não tem como não falar [disso]. Eu sei que está foda e às vezes ter fé não é fácil. Ter fé não depende só da gente", explicou.

Para ela, que é engajada em ações sociais e não deixa de se posicionar politicamente, "educação, cultura e respeito" são elementos centrais para transformar o Brasil. "Acredito muito que a música comunica, [que] a arte comunica. Estamos aqui para fazer parte da história", afirmou a Ecoa.

De Beyoncé a 'rainha Ginga'

Em meio aos tempos difíceis, são principalmente outras mulheres negras que fortalecem a popstar carioca. Em primeiro lugar sua mãe, que a ensinou "a ser quem quisesse ser". Na música, Iza cita Beyoncé, Donna Summer, Nina Simone e Elza Soares como suas maiores inspirações.

Essa lista passou a contar com uma figura histórica quando a artista foi apresentada à rainha Nzinga Mbandi por Carlinhos Brown, que faz parte do time de jurados do The Voice Brasil junto com ela. O nome da soberana também é grafado como Ginga, o que fez Brown associá-la à música de Iza.

Iza e Nzinga - @carolcaminha-Instagram/Reprodução - @carolcaminha-Instagram/Reprodução
Iza e a estátua da rainha Nzinga
Imagem: @carolcaminha-Instagram/Reprodução


Símbolo de resistência ao colonialismo português, Nzinga comandou os reinos de Dongo e Matamba, parte do território atual de Angola, no século 17. Esteve à frente de muitas negociações e batalhas contra os portugueses.

Em sua viagem ao país, Iza teve um encontro com a poderosa rainha africana, homenageada na capital Luanda com uma estátua de dez metros de altura.

"Foi surreal. Estar perto da estátua, gigante, encostar nela, foi algo inexplicável e muito emocionante", disse a cantora de versos fortes como "Vou reerguer o meu castelo/Ferro e martelo/Reconquistar o que eu perdi/Eu sei que vão tentar me destruir/ Mas vou me reconstruir/Voltar mais forte que antes".