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Empresário e skatista, medalhista olímpico investe em cerveja e moda

Pedro Barros na Red Bull Skate Generation em Florianopolis, Brasil, 2021 - Marcelo Maragni/Divulgação
Pedro Barros na Red Bull Skate Generation em Florianopolis, Brasil, 2021 Imagem: Marcelo Maragni/Divulgação

Guilherme Dearo

Colaboração para Ecoa, de São Paulo.

04/08/2022 06h00

O skatista Pedro Barros, 27, fez história em 2021 ao conquistar uma inédita medalha de prata para o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. Mas o atleta seis vezes campeão dos X-Games na modalidade Park também exerce seu lado empreendedor. Criou em 2022 a Privê, marca de roupas e shapes. Antes disso, já havia deixado sua marca em várias cidades brasileiras, com a LayBack.

Fundada por ele e pelo pai, André Barros, a LayBack começou em 2013, como um rótulo de cerveja. Depois, veio o desejo de ampliar a marca para apoiar o esporte e o lazer em Florianópolis e em outras cidades. Assim, eles criaram os LayBack Parks, locais que misturam pistas de skate gratuitas para a população com bar, gastronomia, música, festas e competições esportivas.

"O skate sempre sofreu para ter apoio no Brasil, por ser considerado um esporte underground. Então, para nós, foi essencial transformar a marca para além da cerveja, pensando no lado social e esportivo. A gente repassa parte da renda para apoiar atletas iniciantes e dar espaço para eles praticarem o skate. Pagamos inscrições em campeonatos e viagens internacionais, organizamos eventos para amadores e iniciantes. Já conseguimos revelar muitos jovens talentos, que começaram nas nossas pistas. Temos o maior circuito de Park do Brasil", conta Pedro Barros.

Layback - Divulgação - Divulgação
Cerveja Layback, marca do skatista Pedro Barros
Imagem: Divulgação


Hoje, são dezenove unidades da marca em locais como Santa Catarina, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Santos. Até o fim do ano, ela pretende inaugurar mais seis unidades, como em Porto Alegre, Fortaleza e Guaratinguetá.

Skate sustentável

Recentemente, Pedro, seu pai, e o CEO da LayBack, Rafael Alcici, decidiram abraçar de vez a causa da sustentabilidade, promovendo mudanças profundas no funcionamento das sedes. Antes, a marca já promovia limpeza de praias e reciclagem de lixo nos locais em que atuava em parceria com a empresa ROUTE Brasil. Agora, nos últimos seis meses, a empresa decidiu focar em energia limpa.

Na sede de Belo Horizonte, a empresa instalou um painel solar no teto, tornando o local 100% movido a energia limpa. Como nem toda sede tem área livre para a instalação de painéis solares e muitas delas têm alto consumo, eles fecharam uma parceria com a Metha Energia, que tem usinas de energia solar próprias. A empresa repassa a energia elétrica às unidades da LayBack, ajudando na busca de zerar as emissões de CO2. A parceria reduz custos e sai mais barato que a energia elétrica "comum", que ainda tem alta carga tributária.

Na Prainha, no Rio, o quiosque da LayBack se tornou o primeiro da cidade a funcionar somente com energia elétrica. O local conta com um sistema off grid de dez painéis fotovoltaicos e duas baterias. Já os estabelecimentos da Praia Mole, em Santa Catarina, têm contrato com uma empresa visando zerar o lixo produzido ali. Ao todo, já foram mais de dez toneladas de lixo reciclado.

"A gente não costumava divulgar essas ações entre nossos frequentadores, a gente pensava que só estava fazendo uma obrigação. Mas agora vimos que precisamos falar das coisas boas e que é importante mostrar essas ações ao público. Eles vão para beber, comer e andar de skate, mas podem ser influenciados por essas ideias, levar as causas ambientais adiante", conta Rafael Alcici.

Além do skate, Pedro sempre praticou surfe. Crescendo em Florianópolis, o contato com a natureza foi essencial na sua formação e no interesse pelas causas ambientais. As ideias de Alcici para diminuir a pegada ambiental da empresa foram rapidamente acolhidas.

"Surfe é uma prática diretamente conectada com a natureza. Isso é mais complicado com o skate. Ele precisa da rua, do concreto, da cidade grande: o skatista precisa saber olhar para o cenário urbano, muito pouco sustentável, e interpretar as coisas, questionar. Precisa sair do automático e ter um olhar crítico e sensível para pensar em questões sociais e ambientais. Eu vejo os problemas ao meu redor e quero ajudar. Desde criança eu via que meus pais tinham essas preocupações. Espero que em vinte anos a gente possa viver em um mundo menos desequilibrado", conta Pedro.