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Amigas de escola usam as redes para engajar empresas em projeto contra fome

Ação pede doações e oferece isenções fiscais a empresas que fizerem aportes recorrentes - Arquivo pessoal
Ação pede doações e oferece isenções fiscais a empresas que fizerem aportes recorrentes Imagem: Arquivo pessoal

Tainara Rebelo

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

23/07/2022 06h00

Fazer o bem é mais que ajudar quem precisa, é despertar nos outros a vontade de ajudar também. Esse é o lema do projeto 'União Fome de Ajuda', que teve início num grupo de amigas, pouco depois do início da pandemia de covid-19. Desde então, a ação tem motivado jovens e empresas pela internet a fazer doações para a compra de alimentos, kits de higiene e cobertores para serem entregues na cidade de São Paulo.

A ideia surgiu com um grupo de sete amigas e as primas Luiza e Isabela Casa. Todas estudavam juntas e tinham em torno de 17 anos de idade. Inspiradas por outros projetos voluntários que participavam na escola, entenderam que o momento era de incerteza e criaram o projeto com o objetivo de conseguir ajudar as pessoas com alimentos e doações.

A primeira entrega foi de 40 cestas básicas para uma comunidade nos arredores da Ceagesp, onde a mãe de uma delas já fazia trabalho voluntário. "Assumimos as famílias que estavam na lista de espera e ainda não tinham previsão de serem contempladas", lembrou Isabela, que hoje tem 19 anos.

Choque de realidade

Foi um dia de muitas experiências e um choque de realidade: elas perceberam que as necessidades eram bem maiores do que a ajuda que chegava pelos projetos. "Ali nos motivamos em direcionar nossas campanhas para ir além das cestas básicas", lembrou Luiza.

A segunda entrega contou com uma ação relâmpago nas redes sociais para arrecadar fraldas para as crianças e bebês. Em três dias conseguiram juntar R$ 3 mil. Nos meses seguintes, o projeto foi ganhando confiança e força nas redes sociais, chegando a ter 90 voluntários e doadores ativos, com idades entre 16 e 30 anos, sendo estudantes e empresas parceiros.

Fome - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Colegas se inspiraram em projetos que participaram na escola para criar o 'União Fome de Ajuda’
Imagem: Arquivo pessoal

Cada cesta básica custa em torno de R$ 55 e alimenta uma família por 30 dias. A ação desenvolveu meios para comprar as cestas com base na pesquisa de preço, buscando sempre o mais barato, e também para garantir vantagens a empresas doadoras, por meio do "selo amigo". Em troca de um mínimo de seis doações recorrentes ao projeto, a empresa tem vantagens como incentivos fiscais.

Ajuda para mães solo

Depois de atuar em conjunto com outros projetos sociais por cerca de um ano, o 'União Fome de Ajuda' está se formalizando com a emissão de CNPJ e, a partir de agosto, vai direcionar seus esforços para ajudar 50 mães solo na comunidade Porto Seguros, na região de Paraisópolis, para que possam acompanhar a evolução dessas famílias.

Para isso, o projeto vai perguntar na comunidade sobre quais assuntos eles querem conversar e convidar um profissional parceiro para acompanhar a ação no dia da entrega das cestas. Já estão previstos os assuntos "direitos da família e da mulher" e "higiene bucal infantil".

As ações-relâmpago nas redes sociais são a principal fonte de doação do projeto, que aceita PIX e doações recorrentes. Outros oito pontos de coleta físicos estão disponíveis para receber donativos. As entregas de cestas são mensais na Porto Seguro e as refeições recorrentes para pessoas em situação de rua. No total 2.000 pessoas já foram ajudadas.

"Nós somos o futuro e estamos trabalhando para que ele seja bom. Então podemos dizer que a geração de hoje não está perdida, mas está buscando referências que conversem com elas nas redes sociais que elas usam, pois foi isso que fizemos e o retorno foi muito rápido", analisou Luiza.

Voluntários de todas as partes do Brasil podem ajudar com serviços online (como redes sociais, planejamento, financeiro, etc). Para participar das entregas, o projeto exige que o voluntário tenha mais de 18 anos. Para saber mais sobre a ação, conhecer as iniciativas, ver a prestação de contas ou se voluntariar, acesse as redes sociais do projeto.