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Papo Preto #84: As origens pouco valorizadas do forró

De Ecoa, em São Paulo

25/06/2022 06h00

No ano passado, o forró foi declarado Patrimônio Imaterial brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas quem estuda esse ritmo jenuinamente brasileiro e vive dele não o vê valorizado como deveria e não sente nenhum retorno vindo do título recebido. Neste episódio de Papo Preto, Yago Rodrigues conversa sobre o assunto com a pesquisadora de forró tradicional, DJ Preta Barros, que também é fundadora do Forró Sound System.

Preta conta que o forró deriva de inspirações negras, principalmente na percussão, mas alguns ritmos, como o xote, deriva do toré, que é uma dança indígena. Além disso, a forma de se dançar a dois veio da Europa, com os colonizadores. "O forró é essa salada, mas ele é preto porque quando a gente olha para a cara das pessoas que fizeram o forró acontecer, como Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, todos eles eram homens pretos", diz a partir de 7:38 doa arquivo acima.

"A criação do forró nos seus primórdios tem nomes pretos muito fortes, mas vivemos em uma sociedade estruturalmente racista e sabemos que, embora tenhamos a origem preta, com o tempo a cor da pele e o dinheiro acabam dando mais visibilidade a quem não é preto e a quem não é indígena. É um movimento natural dentro da estrutura racista de embranquecimento."

Para a pesquisadora, o título de patrimônio imaterial é importante, mas não trouxe ainda qualquer retorno para quem vive do forró. "Acabou sendo só mais um título, ainda não se converteu em nada. O forró é patrimônio, mas as maiores festas de São João do mundo, que são as de Caruaru e Campina Grande, colocaram menos de 30% de forró em suas grades. Se vamos para os nomes da terra, esse número se reduz mais ainda. Não temos muito o que comemorar ainda" (a partir de 12:28 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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