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Restaurante fechado na pandemia vira projeto social de combate à fome em BH

Projeto tem como objetivo transformar a vida das pessoas por meio do resgate da dignidade - Arquivo pessoal
Projeto tem como objetivo transformar a vida das pessoas por meio do resgate da dignidade Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, no Recife

16/06/2022 06h00

O isolamento imposto pela pandemia da covid-19 prejudicou as atividades de muitos comércios. Em Belo Horizonte, após ter seu restaurante fechado, uma cozinheira resolveu aproveitar a estrutura e oferecê-la à solidariedade. Nasceu, assim, o projeto Comida que Abraça, que, em dois anos de atuação, já distribuiu mais de 110 mil refeições a pessoas em situação de rua da cidade.

O que inicialmente seria uma ação de três meses ganhou corpo e vem ajudando a aliviar a fome da população vulnerável até hoje. Cozinheira e idealizadora do projeto, Renata Camargo explica a Ecoa que as ações têm foco no bairro Renascença, mas também ocorrem em diversas regiões da cidade.

"Quando a pandemia levou ao fechamento do meu restaurante, o Hortelã, tínhamos duas opções: entrar em desespero e lamentar ou aproveitar nossa estrutura e estoque para ajudar quem precisa. Foi assim que surgiu a ideia de atuar em um projeto social para minimizar os efeitos devastadores do isolamento social na população de rua."

O Comida que Abraça, ressalta a cozinheira, tem como objetivo transformar a vida das pessoas por meio do resgate da dignidade, reconquista da esperança e estímulo do sonho como combustível para correr atrás por um mundo mais justo.

comida que abraça - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Todos os sete dias da semana são entregues 150 marmitas em pontos diferentes da cidade de Belo Horizonte
Imagem: Arquivo pessoal

O projeto foi desenvolvido para durar três meses, produzindo 7,2 mil refeições, correspondente ao período mais severo do isolamento social. No entanto, vendo o número crescente de pessoas que vão para as ruas, surgiu a necessidade de manter o projeto e expandir as áreas de atuação. "Trabalhamos para a mudança, com espontaneidade e criatividade, através da alimentação como campo fértil onde podemos transformar pensamentos em ações e hoje, dois anos depois, já colocamos nas ruas mais de 110 mil refeições, fora todas as outras atuações do projeto", disse.

Distribuição de marmitas e cestas

A distribuição é diária. Todos os sete dias da semana são entregues 150 marmitas em pontos diferentes da cidade. O projeto também entrega cestas básicas para famílias cadastradas em algumas comunidades. As cestas têm itens de sacolão, como legumes, verduras, frutas, leite e ovos, laticínios e carne.

"Nosso público-alvo é complexo. Queremos realizar ações que tenham grande impacto em ambas as pontas. Quando você recorre ao trabalho voluntário, busca algo transformador, seja um contato maior com o mundo, uma transformação pessoal, ou uma jornada particular de autoconhecimento, algo dentro de você é combustível de transformação."

Além da oferta de alimentos, o Comida que Abraça realiza treinamento de capacitação na prática básica da gastronomia para pessoas que estão no processo de deixar as ruas. O trabalho ocorre a partir de práticas coletivas em parceria com o Inaper (Instituto de Apoio e Orientação a Pessoas em Situação de Rua). É dado treinamento para 15 pessoas por turma, maiores de 18 anos, em situação de acolhimento institucional.

Para conhecer mais o trabalho, acesse o perfil do projeto no Instagram. Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX: 43.043.804/0001-80 (chave-CNPJ)