Projeto doa 3 mil pães por dia e dá treinamento técnico à população de rua

O pãozinho de cada dia foi comprometido com a crise econômica enfrentada pelo país, que teve um agravamento com a chegada da pandemia da covid-19. Em São Paulo, um projeto de combate à fome recebeu de presente equipamentos de panificação e transformou a doação em uma produção diária de três mil pães, que são distribuídos para pessoas em situação de rua. Somente em 2021, o trabalho produziu e doou mais de um milhão de pães a cerca de 50 mil pessoas.

O 'Pão do Povo da Rua' é um projeto realizado pelo IPCB (Instituto de Pesquisa da Cozinha Brasileira) e produz pães e bolos conceituais, com foco na nutrição e sabor. Segundo seus idealizadores, a ideia surgiu depois da realização de outro projeto, que ofereceu marmitas durante o auge da pandemia e que, quando acabou, um professor de gastronomia doou os equipamentos de panificação.

"Iríamos guardar as máquinas para a montagem de uma cozinha-escola, mas diante da crise humanitária que já vínhamos acompanhando nas ruas, achamos por bem colocar os equipamentos em uso, fazendo pães e continuando com a ação para minimizar a fome nas ruas", explicou o professor Ricardo Frugoli, CEO do IPCB e do 'Pão do Povo da Rua'.

O projeto atua principalmente na região central de São Paulo, junto à população de rua. Mas também trabalha com outras populações em vulnerabilidade social, por meio de parceria com outras ONGs que atuam em comunidades periféricas.

Pão, bolo e chocolate

A definição sobre a oferta de pães veio da percepção do agravamento da situação de rua, principalmente durante a pandemia, quando comércios fecharam e a circulação de pessoas cessou, reduzindo exponencialmente a mínima ajuda que moradores de rua recebiam.

"Logo no início da pandemia, quando íamos colocar o lixo para fora, víamos revirar o lixo para buscar comida. Foi essa percepção da fome que abriu o olhar do IPCB para a população de rua e para agir. A ação acontece todos os dias, no café da manhã, distribuímos a cada pessoa pelo menos dois pães, um bolo doce e um copo de chocolate quente", detalhou Frugoli.

Os recursos vêm de doações espontâneas da sociedade civil, por meio de campanhas de mobilização nas redes sociais e por contatos interpessoais. A organização busca patrocínio fixo que possa garantir a manutenção do projeto. "Também estamos articulando ações para promover a sua sustentabilidade da ação, como, por exemplo, vender sonhos doces produzidos pela equipe", disse.

De acordo com Wesley Vidal, diretor executivo do Pão do Povo da Rua, além de fazer e distribuir os pães, o projeto realiza acolhimentos noturnos, chamados de "Pão & Sopa", com distribuição três vezes na semana, garantindo uma sopa junto com os pães produzidos.

Capacitação técnica

"Além das ações assistenciais, ofertamos oportunidades de emprego, moradia e capacitação em panificação, com um acompanhamento multiprofissional para os casos de dependentes químicos. Para esses casos, contamos com a ajuda de um psiquiatra, assistente social, psicólogo e educador físico, bem como também da empresa Emulzint, que garante uma formação continuada, teórica e prática, em produtos de panificação", explicou Wesley Vidal.

Atualmente, a formação conta com 16 aprendizes que, antes, estavam em situação de rua. Alguns deles voltaram a estudar para concluir o ensino fundamental e médio, enquanto outros já ingressaram na universidade, cursando Gastronomia e Engenharia da Computação. Dessa forma, para além da ação assistencial na chamada fila da fome nas ruas, o projeto oferece oportunidade de transformação de vida.

"Nós nos sentimos agradecidos por auxiliar um pouco a grave crise humanitária que a cidade de São Paulo vivencia. E profundamente gratos por poder auxiliar outros seres humanos, seja por meio de uma refeição mais digna - que leva conforto e dignidade alimentares a quem sofre tanto nas ruas -, seja pela promoção de oportunidades de ressignificação da vida e saída da situação de rua", disse.

Para conhecer mais o projeto, acesse o perfil no Instagram. Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX: 31721081000142 (chave CNPJ) e para se cadastrar como voluntário, entre em contato por WhatsApp: 11 99999.4090